Desde 2005, o direito à presença de um acompanhante durante o trabalho de parto, parto e pós-parto – seja na rede pública ou privada – é garantido pela lei 11.108, conhecida como “Lei do Acompanhante”. Mais de 10 anos em vigor, no entanto, ela ainda não é cumprida por diversas instituições de saúde. Prova disso é o vídeo publicado no Facebook pelo pai Gabriel Alves. Na madrugada desta terça-feira, 23, ele tentou assistir ao nascimento da filha, Safira, mas foi impedido pelo hospital Sociedade Portuguesa de Beneficência de Campos, no interior do Rio de Janeiro, de estar ao lado da namorada, Amanda, enquanto a pequena chegava ao mundo.
“Com a lei embaixo do braço fui barrado de ver o parto da minha filha e não queriam deixar eu ficar como acompanhante”, contou o pai na rede social. Gravado por um conhecido de Gabriel, o vídeo mostra uma médica afirmando que ele não poderia entrar na sala de parto, pois não há a permissão do diretor do local. Segundo ela, o hospital não possui estrutura com box individual para cada mulher que acabou de dar à luz, deixando-as expostas no alojamento coletivo. “Todas as mulheres estão amamentando, sem roupa, só por isso, por respeito às outras mulheres”, tentou justificar a médica.
Com o intuito de fazer valer o seu direito, Gabriel chegou a ligar duas vezes para a polícia, comunicando o descumprimento da norma, porém as autoridades disseram que não poderiam fazer nada a respeito. Diante das circunstâncias, ele pediu ajuda para um amigo e só assim uma viatura foi enviada ao hospital. A médica, então, tentou argumentar com o policial: “Foi explicado a esse senhor, a esposa dele inclusive já teve o bebê e está quieta lá no canto dela, fazendo o papel lindamente dela de mãe, e o senhor (referindo-se a Gabriel) está aporrinhando desde a hora que chegou aqui”. Depois de tanta discussão, ela acabou cedendo: “O senhor quer entrar? Pode entrar, porque pra mim é indiferente o senhor assistir o parto, não assistir o parto”.
Vale lembrar que proibir a entrada de um acompanhante é considerado um ato de violência obstétrica. “Se a mulher pode amamentar em qualquer lugar, por que eu não poderia ficar lá dentro junto a outros pais?”, defendeu Gabriel nos comentários da postagem no Facebook, que relatou ainda: “Perdi o parto da minha filha e ainda passei por esse constrangimento com essa médica que, depois, dentro da maternidade, me humilhou diante das outras mães, só por eu estar com a lei”. Por fim, ele fez um apelo para que os pais corram atrás dos seus direitos e tenham participação ativa desde o nascimento dos filhos.
Assista ao vídeo na íntegra: