Gestantes com suspeita ou confirmação de Covid-19 não precisam ser separadas dos filhos logo após o nascimento, desde que medidas de segurança e higiene sejam reforçadas. É o que reforça a Associação Americana de Pediatria (AAP) em comunicado divulgado recentemente.
Logo no início da pandemia, havia muita dúvida sobre o assunto, e os especialistas norte-americanos chegaram a recomendar que os recém-nascidos de mulheres infectadas pelo novo coronavírus ficassem 14 dias longe das mães para diminuir o risco de contágio, baseados em estudos chineses.
Depois de meses de novas evidências que reforçam que a transmissão vertical (a que ocorre durante a gestação) ou logo depois do parto é baixa, a entidade reviu seu posicionamento. “O risco é baixo quando os bebês estão protegidos do contato com secreções respiratórias das mães”, diz o texto.
Mãe e bebê podem ficar no mesmo quarto
O ideal é que mãe e filho permaneçam internados em alojamentos conjuntos sempre que possível, mas mantendo o distanciamento social. Isto é, com alguma distância entre berço e cama. A AAP diz ainda que o melhor é manter a criança numa incubadora, com proteção de acrílico para diminuir ainda mais a possibilidade de contágio.
Quando for necessário o contato para amamentação ou outros cuidados, a mãe deve lavar as mãos e usar máscaras para pegar o bebê. Por aqui, a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) é de que cada maternidade decida pelo alojamento conjunto ou separado dependendo de suas condições e infra-estrutura disponíveis.
Na prática, como noticiamos em maio, o alojamento conjunto no país também tem sido mantido quando o estado de saúde da mãe permite, com regras semelhantes de distanciamento.
Contato pele a pele e coronavírus
O contato pele a pele nas primeiras horas de vida é muito importante para a saúde do bebê e para o sucesso da amamentação.
Com a mãe com suspeita de Covid-19 ou com a doença confirmada, ele ainda é permitido, desde que algumas precauções sejam tomadas. Entre as elencadas pela entidade norte-americana, o uso de máscaras cirúrgicas e a higiene das mãos antes do contato físico, que deve ser imediato.
A posição da SBP no Brasil é levemente diferente. Em maio, a entidade divulgou uma diretriz orientando que, antes do contato pele a pele, o recém-nascido seja levado a um ambiente separado (ou ao menos distante do leito) para os procedimentos de rotina e exames, e que o momento do contato pele a pele deve ser adiado para depois de cuidados de higiene na mãe.
“O contato pode ocorrer, mas somente após banho no leito, troca de máscara, touca, camisola e lençóis da parturiente”, explica o texto. A amamentação é recomendada pelas duas entidades, tomando as devidas medidas de prevenção de disseminação do vírus.