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Foto de parto pélvico na água chama atenção nas redes sociais

Obstetra explica quais são os riscos e os cuidados que devem ser tomados em um parto vaginal quando o bebê está sentado.

Por Luísa Massa
Atualizado em 15 fev 2018, 09h07 - Publicado em 14 fev 2018, 19h22

Embora os questionamentos sobre o nascimento do bebê apareçam ao longo dos nove meses, é no último trimestre da gravidez que eles ficam ainda mais frequentes. A posição que a criança se encontra dentro do útero é uma das principais dúvidas entre as gestantes, afinal, isso implica condutas específicas. E na última segunda-feira, 12, uma imagem compartilhada no perfil Birth Without Fear (em tradução livre, Parto Sem Medo) envolvendo esse assunto chamou a atenção das pessoas no Instagram.

O clique feito pela fotógrafa Kate Kennedy mostra um parto pélvico – quando o bebê está “sentado” e não com a cabeça virada para baixo – realizado em uma banheira. Em apenas dois dias, a postagem já recebeu mais de 10 mil curtidas e centenas de comentários. “Absolutamente lindo”, escreveu uma seguidora. “E com o espelho ela pode vê-lo! Meu Deus, ganhei o meu dia”, celebrou outra usuária da rede social.

Em seu blog, a profissional contou a história da foto. Ela disse que a mãe da criança, Skye, perdeu o pai no mesmo dia em que deu à luz e que escolheu ter o filho em casa. “Ela sabia que o seu pequeno estava chegando em poucos minutos, mas estava na próxima contração quando as coisas ficaram interessantes. Skye colocou a mão na expectativa de sentir a cabeça dele, mas ao invés disso sentiu dois pés pequenos”, afirmou.

Parto pélvico

Felizmente, no caso dessa mãe australiana tudo correu bem e o nascimento durou cerca de 40 minutos, mas vale lembrar que essa é uma questão controversa entre os especialistas. “Hoje discute-se muito o parto pélvico dentro do hospital, inclusive tem um grande estudo canadense que mostrou que a cesárea é mais segura nessa situação. Mas quando falamos de realizá-lo em casa e dentro da banheira, há muitos riscos”, explica Wagner Hernandez, ginecologista e obstetra de São Paulo.

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E o principal contratempo que esse tipo de parto pode trazer é o corpinho do bebê sair pelo canal vaginal, mas a cabeça acabar ficando presa. Se movimentos não forem realizados rapidamente pelos médicos, a criança pode vir a óbito. No contexto da imagem feita por Kate Kennedy, um fator de risco adicional é a mãe dar à luz na água – segundo o especialista, isso pode, sim, ser prejudicial. “Quando a paciente está dentro da banheira, é mais difícil realizar determinadas manobras se houver imprevistos. Seria necessário tirá-la de lá e colocá-la em outra posição”, afirma Hernandez.

Isso não quer dizer que o parto pélvico seja completamente contraindicado, mas sim que a decisão de levá-lo adiante depende de uma série de aspectos, como a saúde da gestante e até mesmo a conduta seguida pelo obstetra – por isso, tudo deve ser avaliado caso a caso! “Às vezes, optamos por fazer esse tipo de parto em quem já teve outros filhos, pois sabemos que a bacia da mulher já foi testada por um bebê de 4 quilos e se ela está grávida de uma criança de 3 quilos e meio, por exemplo, essa passagem pode ser mais fácil”, acrescenta o médico.

No entanto, há circunstâncias que merecem uma atenção especial – como o nascimento de gêmeos. “Não consideramos realizar o parto gemelar na água porque às vezes o primeiro bebê sai facilmente, mas o segundo precisa de manobras pelo fato de estar sentado. Se a paciente estiver sem anestesia também dificulta, porque esses movimentos podem ser bem dolorosos”, ressalta o mestre em obstetrícia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).

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Uma alternativa que alguns profissionais têm utilizado quando o bebê está sentado é a versão cefálica externa (VCE) – técnica realizada externamente para girar o bebê ainda dentro do útero e deixá-lo de cabeça para baixo. Geralmente, a VCE é feita entre a 36 e 38ª semanas de gestação e pode oferecer a algumas gestantes a chance de ter um parto normal. Mas, assim como o parto pélvico, essa manobra também pode ser contraindicada em alguns casos – como em quadros hipertensivos ou com pouco líquido amniótico. Por isso, mais uma vez, é sempre importante consultar o obstetra, que irá analisar o melhor a ser feito para cada paciente.

 

 

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