Chupar o dedo: como se livrar dessa mania?

Muitos pais acham uma graça ver o bebê com o dedo na boca. Mas o hábito não é nada saudável e, pior, difícil de ser interrompido. Veja quais as principais consequências.

Por Fernanda de Almeida e Margarida de Almeida (colaboradoras)
Atualizado em 22 out 2016, 22h00 - Publicado em 22 Maio 2015, 13h34
Hemera Technologies/Thinkstock/Getty Images
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1. Possíveis causas
Desde o útero, a criança desenvolve o hábito da sucção, que é fundamental para a amamentação e para o amadurecimento psíquico. E isso perdura por todo o primeiro ano de vida como uma necessidade fisiológica. É nesse período que algumas crianças acabam com a mania de chupar o dedo, que pode perdurar por toda a infância. A questão é que esse hábito costuma trazer uma série de consequências para o pequeno. “São implicações odontológicas, problemas na mastigação, atrasos na fala e problemas emocionais”, enumera Leda Amar de Aquino, odontopediatra da Sociedade Brasileira de Pediatria.
 
Muitos especialistas acreditam, inclusive, que a necessidade e a persistência em chupar o dedo infância afora estejam relacionadas a algum tipo de carência afetiva ou ansiedade. O ato pode até mesmo ser uma maneira de a criança sinalizar que deseja mais atenção. “Normalmente, o vício está associado a problemas alimentares ou emocionais e, por isso, o bebê passa a experimentar o estímulo da língua, dos lábios e da mucosa, associando-os a sensações agradáveis de carinho e aconchego”, afirma Flávio Luposeli, dentista especialista em estética do sorriso. Crianças que passam longos períodos do dia sem a mãe ou não foram amamentadas por muito tempo correm mais risco de desenvolver esse hábito.
 
2. Espere até 1 ano e meio
Até mais ou menos 1 ano e meio de vida, é normal o bebê chupar o dedo por questões tanto fisiológicas (desenvolvimento da musculatura para sucção e alívio por causa do aparecimento dos dentes) como psicológicas. “Nessa idade, o pequeno usa a boca como uma ponte entre ele e o mundo. É por meio dela que ele vai reconhecendo o que está ao redor e formando sua identidade. Depois dessa fase, o hábito já não condiz mais com o esperado, porque a criança entra em outra etapa do desenvolvimento. Na maioria dos casos, o pequeno deixa de chupar o dedo naturalmente”, explica a psicóloga Lívia Rocha.
 
3. Interrompa o hábito durante o sono
Muitos recém-nascidos já nascem com o hábito desde o útero materno. “Procure observar seu filho durante o sono e, toda vez que ele levar a mão à boca, retire-a dali com cuidado”, sugere Raquel Caruso, fonoaudióloga e psicopedagoga da Universidade São Marcos, em São Paulo.
 
4. Descubra os momentos do vício
Se você conseguir perceber em que momentos seu filho geralmente coloca o dedo na boca, ficará mais fácil impedi-lo de fazer isso. Se for durante alguma atividade, tire o dedo da boca enquanto diz que isso não deve ser feito e procure entretê-lo com outras coisas.
 
5. Substitua pela chupeta
O dedo está sempre próximo à criança e, por isso, a chance de colocá-lo na boca tem intensidade e frequência maiores do que o uso da chupeta. “A maioria das chupetas tem formato anatômico e não exerce uma pressão excessiva nas estruturas bucais. Ou seja, elas são menos prejudiciais do que o dedo”, afirma Flávio Luposeli. Além disso, fazer a criança abandonar o uso da chupeta é mais fácil do que convencê-la a não levar o dedo à boca. 
 
6. Ocupe as mãos
Mãos desocupadas tendem a ir para a boca. “O hábito de chupar o dedo traz para o bebê uma sensação de alívio e prazer. Pode ajudá-lo, por exemplo, a lidar com a fome – e a ausência do carinho materno – enquanto isso não chega. É uma alternativa e uma tentativa de se acalmar enquanto passa por uma dificuldade”, afirma a psicóloga Lívia Rocha. Por isso, procure substituir atividades em que as mãos da criança ficam vazias, como assistir televisão, por atividades criativas, como desenhar e montar objetos.
 
7. Fique mais tempo amamentando
Quando for dar o peito para o bebê, deixe que ele sugue por mais tempo. “A necessidade de levar o dedo à boca pode significar a carência afetiva e essa proximidade durante a amamentação costuma ajudar a resolver o mau hábito”, explica Raquel Caruso.
 
8. Converse com a professora
Se o seu filho já está na escolinha, converse com a professora e peça para que ela repare e interceda, caso a criança mantenha o hábito também fora de casa. “Chupar o dedo pode trazer consequências no âmbito social. O pequeno pode ser ridicularizado pelos amiguinhos”, alerta Lívia Rocha.
 
9. Dê recompensas
O dentista Flávio Luposeli sugere que você converse com seu filho e estipule um período para que ele fique sem chupar o dedo. Vendo televisão, por exemplo. Se ele conseguir, incentive dando recompensas e pequenos prêmios.
 
10. Use mordedores ou alimentos
Existem no mercado mordedores com tamanhos, texturas e até temperaturas diferentes. Veja qual o mais adequado para a idade do bebê. “Se for uma criança um pouco mais velha, vale dar pedaços de alimentos como cenoura”, sugere Raquel Caruso. Isso o distrai e evita que chupe o dedo.
 
11. Converse. Não brigue!
Brigar só vai fazer com que seu filho fique com medo e continue colocando o dedo na boca, escondido de você. Por isso, o ideal é o velho e bom diálogo. A partir de 1 ano, a criança já tem maturidade para compreender essa conversa. “Tente negociar com ela para chupar o dedo somente em momentos estipulados, como a hora de dormir”, diz Leda Amar de Aquino. Assim, você diminui o hábito e abre caminho para uma nova conversa em que o hábito deverá ser interrompido completamente.
 
12. Analise o contexto
Algumas crianças que já deixaram o hábito podem voltar a chupar o dedo diante de uma situação que a deixem inseguras, como o nascimento de um irmão e a mudança de escola. A psicóloga Lívia Rocha explica que “isso pode ser um comportamento transitório, no qual o pequeno busca segurança. O jeito é dar mais atenção, suporte e encontrar alternativas para ele se sentir mais amparado”.
 
13. Para os maiorzinhos
Quando a criança é mais velha e ainda continua a chupar o dedo, o ideal é levá-la a um fonoaudiólogo. Se esse especialista achar necessário, irá encaminhá-la a um psicólogo. Esses profissionais saberão analisar mais a fundo o que a motiva a manter o hábito e farão um tratamento direcionado para resolver o problema. De qualquer maneira, os pais devem manter a conversa, tentar negociar momentos para não levar o dedo à boca e dar recompensas quando ela cumprir o que foi combinado.
 
14. O que não fazer
Colocar pimenta ou outras substâncias de sabor e aroma fortes no dedo são medidas muito perigosas. “O organismo infantil é mais sensível e pode reagir muito mal ao que foi ingerido. Os pais devem ter em mente que nenhuma atitude que possa agredir o pequeno deve ser levada em consideração”, completa Raquel Caruso. Além disso, “ridicularizar e diminuí-lo, principalmente diante de outras pessoas, só aumenta a ansiedade, o que pode levar à piora do quadro. Às vezes, ele até para de chupar o dedo, mas acaba desenvolvendo outros sintomas no lugar”, completa Lívia Rocha.

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