Cerclagem uterina para evitar parto prematuro: quem precisa e como funciona
Entenda melhor como funciona o procedimento

A cerclagem uterina é um procedimento médico indicado para gestantes com risco de parto prematuro devido a uma condição chamada incompetência istmocervical. Essa condição ocorre quando o colo do útero começa a dilatar antes do tempo, o que pode resultar em parto prematuro ou aborto espontâneo. Nesses casos, a cerclagem uterina é recomendada como uma forma de manter o colo do útero fechado, permitindo que a gravidez continue até o fim da gestação.
O que é incompetência istmocervical?
A incompetência istmocervical é uma alteração que impede o colo do útero de se manter fechado durante a gravidez, aumentando o risco de perda gestacional ou parto prematuro. Essa condição pode ser identificada através do histórico clínico da gestante ou por meio de ultrassonografias transvaginais realizadas durante o pré-natal. Mulheres que já tiveram partos prematuros, dilatação precoce do colo do útero ou rompimento espontâneo da bolsa amniótica são mais propensas a apresentar esse problema.
Como funciona a cerclagem?
A cerclagem é uma cirurgia rápida, com duração de 15 a 30 minutos, realizada em ambiente hospitalar e com anestesia raquidiana. Durante o procedimento, o médico realiza uma sutura no colo do útero, mantendo-o fechado para evitar a dilatação. Os pontos geralmente são removidos por volta da 37ª semana de gestação, permitindo que o parto ocorra normalmente, seja por via vaginal ou cesárea.
Esse procedimento é recomendado até a 15ª semana de gestação em casos preventivos, mas pode ser realizado em situações de emergência, conforme necessário. A cerclagem, no entanto, é indicada apenas para mulheres com diagnóstico confirmado de Incompetência Istmocervical, pois não há evidências de que o procedimento beneficie gestantes de gêmeos ou outras situações de baixo risco.
Quem precisa fazer a cerclagem?
A cerclagem não é recomendada para todas as mulheres, mas apenas para aquelas com risco aumentado de dilatação precoce do colo do útero. O obstetra pode considerar a cerclagem se a paciente tiver um histórico de partos prematuros ou dilatação indolor do colo do útero. Esse diagnóstico geralmente é feito com base em uma combinação do histórico médico da mulher e exames de imagem realizados durante o pré-natal.
Riscos e cuidados com a cerclagem
Embora seja um procedimento comum, a cerclagem apresenta alguns riscos. Um dos possíveis efeitos colaterais é a infecção intrauterina, que pode comprometer o bem-estar do feto e da mãe. Além disso, existe o risco de ruptura das membranas amnióticas. Por isso, a cerclagem deve ser feita apenas em casos onde é realmente necessário, e o acompanhamento médico próximo é fundamental para monitorar possíveis complicações.
Após a cirurgia, a mulher fica internada por um dia para observação e deve fazer repouso em casa por mais um dia antes de retomar suas atividades. Relações sexuais e atividades físicas intensas são desaconselhadas por cerca de uma semana após o procedimento. O apoio emocional, tanto de familiares quanto profissional, pode ser importante para algumas mulheres que passam por essa situação delicada, pois o risco de perda gestacional pode ser um fator emocionalmente desafiador.
Alternativas: o pessário vaginal
Para algumas mulheres que preferem evitar procedimentos cirúrgicos, o pessário vaginal pode ser uma alternativa à cerclagem. Esse dispositivo é uma prótese que é inserida no colo do útero para ajudar a sustentar a gravidez. Embora o pessário seja utilizado há mais de 50 anos, especialmente para mulheres com incontinência urinária, a sua eficácia para prevenir o parto prematuro ainda não é amplamente comprovada.
Consulte sempre o seu médico
A cerclagem uterina é um procedimento eficaz para reduzir o risco de parto prematuro em gestantes com Incompetência Istmocervical. Embora apresente riscos, como infecção e ruptura das membranas, a cerclagem pode ser uma opção valiosa para garantir a continuidade da gestação. A decisão de realizar ou não o procedimento deve sempre ser feita com orientação médica e baseada no histórico clínico da paciente.
Consultoria: Eduardo Cordioli, ginecologista e obstetra. Humberto Tindó, ginecologista e obstetra. João Bortoletti, coordenador de Medicina Fetal do Hospital Santa Catarina.