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Café da manhã na medida para os pequenos

Família reunida logo cedo para saborear, com calma, frutas, cereais, pães, queijos e sucos. Se essa cena lhe parece incomum, é hora de repensar sua rotina.

Por Lila de Oliveira (colaboradora)
Atualizado em 22 out 2016, 19h47 - Publicado em 19 Maio 2015, 14h14
Monkey Business Images/Thinkstock/Getty Images
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Ainda na primeira infância, as crianças começam a desenvolver os hábitos alimentares que cultivarão por toda a vida. Assim, é necessário acostumá-las desde pequenas a tomar um café da manhã equilibrado, a refeição mais importante do dia.
 
“Como a maioria das crianças menores de 5 anos costuma dormir por volta das 21 horas e despertar às 7 da manhã, pode-se dizer que este é o período mais longo em que ficam sem comer”, afirma o nutrólogo Fábio Ancona Lopez, do Departamento de Pediatria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). O desjejum, portanto, deve ser completo, para garantir a energia e os nutrientes de que o corpo dos pequenos precisa para realizar suas funções vitais.
 
De acordo com a nutricionista Priscilla Kakitsuka, do Hospital Samaritano de São Paulo, a distribuição adequada de nutrientes ao longo do dia é especialmente importante nos primeiros anos de vida, pois é nesta fase que se tem o maior ganho de peso e de estatura. Além disso, a deficiência de substâncias importantes – como vitaminas e minerais – pode causar, a longo prazo, doenças como a anemia, além de prejuízos para o desenvolvimento cognitivo e motor.
 
Quando não se come direito ao acordar, o cérebro libera hormônios que provocam fome, tensão, estresse, irritabilidade e sonolência. O nível de açúcar no sangue diminui, dificultando a atenção e o aprendizado, e a realização de atividades físicas pode ocasionar fraqueza e tontura ou até mesmo desmaios, em casos extremos. Isso sem falar que a provável “compensação” nas refeições seguintes predispõe o organismo à obesidade.
 
A família como exemplo
Mesmo sabendo da necessidade de um café da manhã reforçado, muitos pais não conseguem desenvolver o hábito de se sentar à mesa pela manhã, especialmente em dias de semana, já que o acúmulo de tarefas e compromissos é cada vez maior. E é aí que começam muitos dos problemas relacionados à alimentação, pois, sem a referência da família, fica mais difícil para a criança entender o quanto essa refeição é importante.
 
A falta de tempo é a justificativa mais recorrente no consultório do nutrólogo da Unifesp. “Nesse caso, não há nada que eu deva receitar além de 15 minutos a menos de sono, tanto para os pais quanto para os filhos”, diz.
 
“A família é parâmetro para a criança em todos os aspectos. Então, ela só terá disciplina em relação ao horário, ao local e à qualidade do café da manhã se os pais também forem regrados”, afirma a nutricionista Gabriela Pimentel, de Vinhedo, em São Paulo.
 
A profissional explica, ainda, que é muito importante reservar um certo tempo para a realização de qualquer refeição. “O comer ‘correndo’ requer menos mastigação, atrapalhando o processo digestivo e a assimilação dos nutrientes pelo organismo”, esclarece. Vale destacar que a pressa, acompanhada da obrigação, pode dar um aspecto negativo a um momento que, além de ser necessário, pode ser muito prazeroso.
 
Mesa posta
“A televisão deve estar desligada na hora do café.” A máxima, repetida à exaustão por nove entre dez profissionais de saúde, nem sempre serve de referência para os pais, que muitas vezes adotam esse “artifício” para que os filhos deixem de rejeitar determinados alimentos.
 
“Não se pode distrair a criança para fazê-la comer porque as distrações levam à perda da percepção do quê e de quanto se está comendo, o que não é saudável”, opina Gabriela. Para a nutricionista, a refeição deve ser um momento agradável, que proporcione uma convivência prazerosa entre os membros da família.
 
Para isso, vale, é claro, enfeitar a mesa com toalha, pratos e copos divertidos, desde que fique claro que é hora de comer, não de brincar. “Quanto mais atrativa a refeição se apresentar, melhor. Assim, evita-se a monotonia e a perda de interesse pela hora de comer e pelos alimentos em si”, afirma a profissional do Hospital Samaritano.
 
O que servir
No desjejum, não podem faltar frutas, pois elas são ricas em vitaminas e minerais essenciais para o bom funcionamento do organismo. Os carboidratos – presentes não apenas nas frutas como também em pães e bolos – são importantes por fornecerem energia, sendo considerados verdadeiros combustíveis para o nosso corpo, especialmente para o cérebro.
 
Para acompanhar o pão, o requeijão e os frios são opções. “Ricos em proteínas, eles colaboram para o desenvolvimento dos nossos tecidos, sendo essenciais para o crescimento”, explica Priscilla. Uma alternativa, segundo a nutricionista, é a margarina, que é fonte de energia, por ser rica em gordura.
 
Fábio Ancona Lopez destaca também a importância da gordura para a formação do sistema nervoso. “Na manteiga e no queijo, por exemplo, você encontra gorduras insaturadas, que têm essa função”, diz. “São alimentos que abrigam, ainda, as vitaminas A e D”, acrescenta.
 
Os benefícios do queijo vão além, graças à presença do cálcio proveniente do leite usado em sua fabricação – o mineral garante a formação de ossos e dentes. De acordo com Lopez, é comum crianças maiores resistirem ao leite, mas a sua ausência pode ser compensada por seus derivados – iogurte e requeijão aparecem na lista de preferências da criançada, ao lado do queijo.
 
Gabriela Pimentel ressalta que é importante estar atenta à possibilidade de intolerância ao leite. “O excesso de muco nas vias respiratórias e a obstipação intestinal podem indicar alergia”, alerta a nutricionista, que recomenda, nesses casos, a ingestão de outras fontes de cálcio, tais como tofu, leguminosas, gergelim e amêndoas.
 
Os cereais integrais também devem fazer parte da dieta da garotada, pois são importantes fontes de vitaminas e sais minerais.
 
Tarefa árdua

Esteja preparada para uma batalha diária, pois nem sempre é fácil acostumar os filhos aos alimentos saudáveis, até porque a maioria das pessoas leva um tempo para se habituar a novos sabores, texturas e consistências. Algumas precisam ingerir o mesmo alimento de oito a 10 vezes até aprová-lo, de fato.
 
Por isso, é preciso ter paciência e muita persistência, além de um pouquinho de criatividade, que nunca é demais. Experimente fazer espetinhos de frutas e mergulhá-las no iogurte ou usar cortadores em formatos divertidos. Aos cereais, acrescente aveia ou mel. Aposte em músicas e historinhas para explicar a importância dos alimentos e lembre-se: mesmo diante do mais doce dos olhares, é preciso resistir à tentação de acrescentar açúcar à comida.
 
Outra atitude bastante contestada pelos médicos é a negociação na hora da refeição. “Comer é, em si, muito importante para o desenvolvimento da criança, então na hora em que o ato de comer vira uma moeda de troca, abre-se um caminho para um comportamento alimentar bastante arriscado”, afirma Lopez.

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