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Aula 8 – Diabete na gravidez

O obstetra Nilson Abrão Szlyt, do Hospital Israelita Albert Einstein, fala sobre os cuidados especiais para as mulheres que têm diabete e para aquelas que desenvolveram o problema na gestação.

Por Redação Bebê.com.br
Atualizado em 26 out 2016, 11h45 - Publicado em 26 jun 2015, 14h47

Para começar, precisamos esclarecer um ponto: nem todo diabete na gravidez é gestacional. Algumas futuras mamães já eram diabéticas – e nem desconfiavam – muito antes de engravidar. E esse diabete preexistente pode ser o do tipo 1 ou o do tipo 2. O diabete tipo 1 ocorre quando o pâncreas é atacado por anticorpos do próprio sistema imunológico e deixa de produzir a insulina, hormônio responsável pela entrada da glicose nas células.

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Enquanto no tipo 2, que tem causas variadas, a insulina é fabricada, mas tem dificuldade para cumprir sua função. Nessas duas variações, vale repetir, a doença já existia e acaba sendo descoberta durante a gestação – não é provocada por ela. Da mesma maneira, não vai embora depois do parto. O diabete gestacional é diferente. Ele aparece especificamente na gravidez. E, quando o bebê nasce, os níveis de glicose tendem a se normalizar. Ele ocorre porque o pâncreas de algumas mulheres, sobrecarregado pelos hormônios envolvidos na gestação, não produz insulina suficiente para mandar o açúcar do sangue para dentro das células.

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Seja qual for a forma de diabete, o excesso de açúcar em circulação chega até o bebê através do cordão umbilical. O organismo dele reage: seu pâncreas começa a produzir insulina além do normal para dar conta de toda a glicose extra – a que não é aproveitada é estocada em forma de gordura. Por isso, as mamães que apresentam diabete não controlada têm filhos maiores e, principalmente, acima do peso. Alguns chegam a nascer com 7 quilos ou mais.

Logo após o parto, o bebê, acostumado com a fartura de açúcar, precisa se adaptar a um mundo não tão açucarado. Seu pâncreas continua produzindo insulina a mil e é comum, então, o recém-nascido apresentar uma hipoglicemia, que deve ser controlada imediatamente. E isso pode ser feito oferecendo leite materno nos primeiros minutos de vida ou, ainda, os médicos podem optar por injetar um soro com glicose por algumas horas.

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Como saber se a grávida tem o diabete gestacional?

Não há outra saída: é preciso fazer alguns exames. Até porque os sintomas do diabete gestacional não são claros — é diferente do que acontece nos tipos 1 e 2, quando a paciente urina muito e constantemente, por exemplo. Por isso, a primeira recomendação é que todas as mulheres façam os testes de glicemia logo no início da gestação para, depois, repeti- lo entre a 24ª e a 27ª semana, quando o problema costuma dar as caras.

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Quando o diabete é confirmado – seja ele gestacional ou não -, sempre precisa ser controlado. E não só em nome da saúde do bebê. A grávida com diabete sem controle tem maior probabilidade de desenvolver hipertensão e infecções, principalmente a urinária.

Assista à aula completa:

Quem está na mira

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Algumas mulheres têm maior risco de desenvolver o diabete gestacional. Fazem parte desse grupo as que engravidam com mais idade; as de determinados grupos étnicos, como as asiáticas; e, principalmente, aquelas que estão muito acima do peso. Por isso a importância de entrar na gravidez em boa forma. E, mesmo se você está de bem com a balança, há sempre a probabilidade de ter o problema – claro que, no caso, ela será bem menor. Mas vale a pena ficar de olho e fazer exames durante o pré-natal.

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Mesmo tomando todos os cuidados, o diabete pode fugir ao controle e provocar problemas nos rins, na circulação e elevar a pressão arterial. Se isso acontece, o parto costuma ser antecipado. Por isso o número de casos de prematuridade entre as gestantes diabéticas é maior. Mas boa parte delas segue até o final da gestação com tranquilidade. Tudo é uma questão de fazer um bom acompanhamento e controlar o açúcar no sangue.

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É possível controlar o diabete por meio da alimentação e da prática de uma atividade física regular. Só naqueles casos em que isso não é suficiente para reduzir os níveis de açúcar no sangue o uso da insulina se faz necessário.

O ideal é que o cardápio seja orientado por uma nutricionista, mas o importante é manter refeições equilibradas, sem exageros, em intervalos regulares. Os exercícios devem ter intensidade moderada e precisam fazer parte da rotina diária, com muita disciplina. Não adianta fazer ginástica de segunda a sexta e descansar no final de semana – para a grávida com diabete, é a constância que faz efeito e evita os picos de glicose na circulação. Essas medidas resolvem a maioria dos casos. Apenas 25% das gestantes precisam da insulina. E, no caso, a grávida pode ficar tranquila porque o medicamento não faz mal ao bebê.

Além disso, é preciso manter um controle diário da glicemia, o nível de açúcar, principalmente depois das refeições. Isso significa usar aparelhos que dosam a glicose por meio de uma pequena picada no dedo para analisar uma gota ínfima de sangue. É simples, eficiente e não dói!

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No diabete gestacional, depois que o bebê nasce, os níveis de açúcar no sangue da mamãe voltam a se equilibrar. No entanto é recomendado que essa mulher faça testes periódicos para saber se a intolerância à insulina ainda persiste, porque ela sempre apresentará uma tendência a esse tipo de problema. Os primeiros exames são realizados entre 40 e 60 dias após o parto. E, depois, devem ser repetidos a cada dois ou três anos para afastar a hipótese de um diabete tipo 2. Vale ficar atenta e adotar um estilo de vida saudável para que ele nunca dê as caras.

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