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Zika vírus: cientistas estudam gêmeos em que apenas um dos bebês nasceu com microcefalia

Pesquisadores querem entender por que só umas das crianças foi afetada pelo agente infeccioso, sendo diagnosticado com a malformação cerebral.

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 23h16 - Publicado em 4 mar 2016, 18h54

Embora novas pesquisas reforcem a relação entre o zika vírus e a microcefalia, o assunto ainda provoca polêmica. Seja pelos inúmeros boatos que surgem sobre a causa da malformação cerebral, seja pela quantidade de casos, que não para de aumentar. De acordo com o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde na última terça-feira, dia 1º de março, até 27 de fevereiro foram notificados 5.909 casos suspeitos de microcefalia. Desses, 641 foram confirmados, 1.046 foram descartados e 4.222 ainda estão sob investigação.  

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Diante desse contexto, diversas iniciativas públicas e privadas têm procurado entender melhor a questão, assim como os cientistas da Universidade de São Paulo (USP), que analisam o nascimento de um casal de gêmeos em Santos, no litoral paulista, no qual apenas a menina foi diagnosticada com microcefalia. A mãe, de 25 anos, apresentou alguns sintomas do vírus zika durante a gravidez (como manchas nos braços e mãos, coceira e dor de cabeça), mas foi apenas no sétimo mês de gestação que o problema foi diagnosticado por meio de um ultrassom.

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Agora, os pesquisadores querem entender por que só um dos bebês foi afetado e o outro não. Existem algumas hipóteses: a de o vírus transmitido pelo Aedes aegypti ter entrado na placenta, mas não ter penetrado nas células; de a quantidade do agente infeccioso não ter sido suficiente para atingir as duas crianças; e até mesmo de o bebê sem a malformação cerebral ter algum tipo de resistência.

Para verificar o que aconteceu com os pequenos que chegaram ao mundo no dia 17 de novembro de 2015 e, também, com outros bebês que nasceram infectados pelo vírus zika, os profissionais do Centro de Pesquisas do Genoma Humano e Células-Tronco (CEGH-CEL) da USP deram início a um estudo em janeiro deste ano. Nos próximos dois meses, eles irão viajar pelo país coletando amostras de sangue e saliva de crianças e famílias de pelo menos cinco casos diferentes. Os resultados só devem sair daqui a um ano.

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Enquanto isso, o Ministério da Saúde segue orientando as gestantes a se protegerem da exposição de mosquitos (usando repelentes, calças e blusas de mangas compridas, por exemplo) e a eliminar possíveis criadouros do Aedes. Vale lembrar também que a microcefalia pode ter como causa outros agentes infecciosos além do zika, como sífilis, toxoplasmose, rubéola e herpes viral. 

Outros números
Desde o início das investigações, em 22 de outubro de 2015, foram registrados casos de microcefalia em 1.143 municípios de 25 unidades da federação. Até agora, a região Nordeste concentra 81% dos casos notificados, com Pernambuco ainda em primeiro lugar (1.672), seguido pelos estados da Bahia (817) e da Paraíba (810).

Houve um aumento também no número de mortes: já foram notificados 139 óbitos causados por microcefalia e/ou alteração do sistema nervoso central após o parto ou durante a gestação, dos quais 31 foram confirmados, 12 descartados e 96 ainda seguem em investigação. 

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