Uma em cada quatro brasileiras diz ter sofrido algum tipo de abuso durante o parto, segundo a pesquisa Nascer no Brasil, coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e publicada em maio de 2014. Recente levantamento feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) também identificou os principais tipos de violência obstétrica sofridos por mulheres do mundo todo – por aqui, a restrição de ter um acompanhante durante o nascimento do bebê, a agressão física e verbal, a relação ruim entre o profissional e a parturiente e a não obtenção de consentimento para determinados procedimentos, como a episiotomia, estão entre os maiores problemas que as mães enfrentam. Este triste cenário é abordado pelo filme O Renascimento do Parto 2, que teve seu primeiro trecho divulgado nesta terça-feira, 20.
Do mesmo diretor do documentário lançado em 2013, Eduardo Chauvet, a nova obra vai destacar as intervenções traumáticas e desnecessárias pelas quais muitas mulheres são submetidas e apresentar, ainda, modelos de partos humanizados e boas iniciativas que vêm sendo adotadas no Brasil e em outros países. Com isso, pretende-se dar subsídios para que a decisão da gestante sobre como seu filho deve nascer seja tomada de maneira consciente, com informações sobre os riscos e benefícios que envolvem cada escolha – tanto para a saúde da mãe quanto do bebê.
“A autonomia [da mulher] está intimamente ligada com o conhecimento”, afirma Leila Katz, obstetra do Instituto Materno Infantil Professor Fernando Figueira (Imip), de Pernambuco, no vídeo promocional divulgado. E é exatamente este o objetivo do filme: promover o empoderamento materno e chamar a atenção da sociedade civil, do poder público, da classe médica e do poder judiciário sobre a forma como as crianças têm chegado ao mundo em hospitais e maternidades de norte a sul do país, seja por meio de partos normais, seja por meio de cesáreas eletivas.
Vale lembrar que o tema da primeira edição foi o excesso de partos cirúrgicos realizados no Brasil, que representam mais de 80% dos nascimentos da rede privada – número muito distante dos 15% recomendados pela OMS. Além disso, O Renascimento do Parto – O Filme teve grande repercussão nacional e internacional, chegando a ser exibido no no Fórum Mundial de Direitos Humanos e no Fórum Social Mundial. Nos cimenas brasileiros, foi o documentário com a segunda maior bilheteria, com mais de 30 mil espectadores.
Outro dado importante é que a obra foi produzida de forma independente, a exemplo do segundo filme (com estreia prevista para o dia 5 de maio de 2016), que não conta com recursos públicos ou privados e recebeu apoio financeiro por meio de uma campanha de crowdfunding – até agora, o valor arrecadado corresponde a 20% do orçamento total necessário.
Assista às primeiras imagens, gravadas em junho de 2015 na capital paulista durante o Simpósio Internacional de Assistência ao Parto (SIAPARTO):