Testes de gravidez caseiros: não funcionam e não são recomendados
Apesar de tentadoras, as alternativas caseiras não possuem comprovação científica. O jeito é recorrer aos tradicionais testes de farmácia e de sangue
A suspeita de gravidez pode ser, para muitos, um momento de esperança ou desespero. Seja como for, uma coisa é certa, as dúvidas precisam ir embora. Usualmente, isso é feito com um teste de farmácia, seguido por um exame de sangue. Mas, como em qualquer situação, é possível encontrar na internet “saídas” caseiras para descobrir se um bebê está ou não a caminho – uma pena que não funcionem.
A falácia dos testes caseiros
Fazendo uma busca rápida na internet, surgem diversos testes bastante populares. Alguns dos mais famosos envolvem dissolver o xixi em água sanitária e enfiar um cotonete na vagina, mas são facilmente desmentidos, com explicações simples.
Ferver a urina – Este teste sugere que, ao aquecer a urina até a fervura, uma mulher grávida observaria a formação de uma camada espumosa ou coágulos. Entretanto, isso não tem qualquer base científica. As reações que tendem a se formar não estão relacionados à presença de hCG (hormônio da gravidez), mas sim a outras substâncias, como proteínas, que podem estar na urina de qualquer pessoa.
Água sanitária – A alternativa envolve misturar o xixi com água sanitária e observar uma possível reação efervescente ou mudança de cor. A teoria por trás desse teste é que o hCG presente na urina de uma mulher grávida reagiria com o hipoclorito de sódio na água sanitária, gerando bolhas ou espuma. Na realidade, essa reação química pode ocorrer independentemente da presença de hCG, pois a água sanitária reage com a ureia e amônia, compostos normais do xixi.
Cotonete – O método consiste em inserir um cotonete na vagina para verificar a presença de sangue, com a ideia de que a ausência do mesmo indicaria gravidez, o que é completamente ineficaz. O sangramento vaginal pode ocorrer por diversas razões, como alterações hormonais, lesões ou infecções, e não está diretamente relacionado à presença ou ausência de um bebê.
Além disso, este teste é extremamente perigoso e não recomendado de maneira alguma, pois pode levar a ferimentos no colo do útero.
Sal – O teste propõe que, ao diluir sal na urina, a mistura se alteraria de alguma forma se a mulher estivesse grávida, como formando grumos. No entanto, não há um fundamento científico que sustente essa ideia. O sal não reage de maneira específica com o hCG e qualquer alteração na mistura seria resultado de fatores não relacionados à gravidez.
Pasta de dente – Este método sugere que, ao misturar urina com pasta de dente, a presença de hCG provocaria uma mudança de cor ou a formação de espuma. Na prática, qualquer reação observada é mais provável devido aos componentes químicos da pasta de dente, como o carbonato de cálcio, que pode reagir com a acidez do xixi, independentemente da presença de hCG.
Testes com comprovação científica
Testes confiáveis para detectar gravidez se baseiam na identificação do hormônio hCG (gonadotrofina coriônica humana), que é produzido após a implantação do embrião na parede uterina. Atualmente, existem dois tipos principais de testes seguros: o de farmácia e o exame de sangue.
O teste de gravidez de farmácia é amplamente acessível, fácil de usar e pode ser feito em casa. Ele funciona detectando a presença de hCG na urina, o hormônio que começa a ser produzido logo após a concepção e aumenta rapidamente nas primeiras semanas de gravidez. De maneira resumida, os anticorpos reagem com o hCG, resultando em uma mudança de cor ou aparecimento de linhas na janela do objeto, indicando um positivo ou negativo.
O exame de sangue para detectar gravidez é ainda mais preciso e pode ser realizado em um laboratório. Nele, existem dois tipos: o qualitativo, que simplesmente confirma a presença de hCG, e o quantitativo, que mede a quantidade exata de hCG no sangue – sendo extremamente sensível e capaz de detectar a gravidez cerca de 6 a 8 dias após a ovulação, antes mesmo do atraso menstrual.