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Para 87% dos pais brasileiros, crianças não brincam tanto quanto deveriam, aponta pesquisa

Levantamento feito com 12 mil pais e mães de dez países faz um panorama do brincar entre os pequenos do século XXI.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 27 out 2016, 20h19 - Publicado em 13 abr 2016, 18h08
Nadezhda1906/Thinkstock/Getty Images
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Quando se fala em criança, tão importante quanto ir à escola, escovar os dentes, comer e fazer lição de casa é brincar. Ter tempo para soltar a imaginação, criar coisas e personagens, explorar novos espaços ou simplesmente fazer nada é fundamental para o desenvolvimento físico, emocional e neurológico dos pequenos. A ciência garante: entre as benesses que as brincadeiras proporcionam à meninada estão uma imunidade forte, sentidos mais aprimorados, um sistema sócio-emocional sólido e um cérebro criativo e apto a aprender.

No entanto, mesmo diante de tantas evidências, meninos e meninas do século XXI não brincam tanto quanto deveriam. É o que aponta a pesquisa Valor do Brincar Livre, promovida em dez países pela marca do segmento de limpeza OMO. Entre os meses de fevereiro e março de 2016, 12.170 pais e mães dos Estados Unidos, do Brasil, do Reino Unido, da Turquia, de Portugal, da África do Sul, do Vietnã, da China, da Indonésia e da Índia responderam a um questionário sobre o que eles pensam a cerca do brincar e o tempo que seus filhos passam se divertindo. Confira a seguir alguns dos principais achados.

Os pais sabem que brincar é importante

98% dos entrevistados declararam que usam as brincadeiras para auxiliar no aprendizado dos seus filhos. Quando perguntados sobre o uso de jogos e brinquedos para ajudar os pequenos a alcançarem seu potencial pleno, 98% dos pais e mães disseram fazer isso. E mais: a maior parte dos progenitores acredita que o brincar participa, sim, de diversas áreas do desenvolvimento infantil, como criatividade, coordenação motora, habilidade para resolver problemas, memória e saber compartilhar.

No Brasil, 98% dos pais concordam que as brincadeiras permitem que as crianças se tornem adultos melhores e 94% deles estão certos de que, sem oportunidades para se divertir, a aprendizagem dos pequeninos pode ser comprometida.

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Menos tempo para brincar

Não há um limite de tempo para as crianças brincarem, mas especialistas recomendam que o saudável é que a garotada tenha, no mínimo, 2 horas por dia livres para fazer o que quiser. Na prática, 81% dos pequenos, no mundo, têm esse tempo ou menos. A realidade brasileira é melhor: 84% dos meninos e meninas conseguem se divertir durante esse período por aqui. Mesmo assim, 87% dos pais e mães acham que seus filhos deveriam brincar mais.

O Reino Unido apresenta um dos cenários mais preocupantes: lá, 74% dos baixinhos saem por 1 hora ou menos para jogar bola ou brincar de esconde-esconde, por exemplo; e 18% das crianças nem chegam a sair de casa (ou da sala de aula) para fazer alguma brincadeira. Não à toa, 86% dos pais britânicos acham que seus filhotes não brincam tanto quanto deveriam.

Justificativa

Quando questionados por que as crianças não se divertem o suficiente, 48% das mamães e dos papais entrevistados globalmente disseram não ter tempo e 40% declararam não ter acesso a ambientes adequados e seguros para brincar. No entanto, a agenda cheia da criançada também é um empecilho, na opinião de muitos especialistas. “A vida, hoje, é mais demandante para as crianças. Mas é preciso fazer escolhas e garantir que elas tenham espaço para as brincadeiras“, aconselha Priscila Cruz, do Movimento Todos pela Educação.

Na tela

Segundo a pesquisa, 21% das crianças passam o pouco tempo livre que têm em frente à TV. No Brasil, essa porcentagem é de 24%. Aliás, 89% dos pais brasileiros disseram que seus filhos preferem esportes virtuais (em computadores ou tablets) a praticá-los na vida real. Globalmente, esse índice é de 81%. Ao mesmo tempo, 85% dos pais e mães de todos os países avaliados notam que os pequenos são mais criativos quando brincam sem a tecnologia.

Para Priscila Cruz, o uso das telas deve, sim, ser dosado. Mas, quando usados com moderação, celulares, tablets e computadores são benéficos. “A tela pode ser um gancho para as famílias brincarem com seus filhos, dando ideias de referências para aprenderem alguma coisa juntos”, diz a especialista. Além disso, a tecnologia é ótima para manter a criançada entretida e calma por um tempo. O que não pode acontecer é ela substituir as pedaladas em uma bicicleta, os rabiscos numa folha de papel ou o corre-corre no pátio da escola. 

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