Os benefícios da linhaça na gravidez
Rica em fibras e óleos benéficos, como o ômega-3, a linhaça é uma ótima opção para as gestantes. Conheça os benefícios desse alimento.
A linhaça não é remédio, nem poção mágica
Dieta balanceada, prática regular de atividade física, ingestão de muita água, pouco estresse e nada (mas nada mesmo!) de cigarros e afins. Exceto em situações especiais, essa é a fórmula básica de uma gravidez sem percalços. Portanto, não caia na tentação de achar que a linhaça sozinha vá fazer milagres. Essa história de que existem panaceias para todos os males é conversa. Outro alerta: os benefícios desse grão precisam de tempo para serem notados no dia a dia de quem o consome. Nada acontece de um dia para o outro. Começar a comê-la hoje e imaginar que amanhã tudo estará bem é uma ilusão.
Age em todos os órgãos e todos os sistemas
A linhaça é um alimento funcional, ou seja, auxilia na prevenção de vários problemas. É um grão completo e versátil, que reúne carboidratos, proteínas, gorduras e fibras. Além disso, é uma fonte natural dos chamados compostos bioativos ou fitoquímicos, que inibem a degeneração precoce de nossas células. Aliada a uma dieta equilibrada e exercícios físicos, ela evita o sobrepeso, protege contra as doenças obstétricas e reduz o risco de um parto prematuro.
Melhora o funcionamento do intestino
Assim como outros cereais integrais, a linhaça – em forma de semente ou de farinha – é rica em fibras. Isso faz dela uma poderosa aliada no combate à prisão de ventre, bastante comum durante a gestação por causa das alterações hormonais, que deixam o intestino mais preguiçoso. É importante associar a ingestão de linhaça e outros alimentos cheios do nutriente a bastante água, pelo menos 2 litros por dia. Sem o líquido, a fibra tem o efeito inverso e pode até favorecer a constipação. Ao garantir a formação de fezes bem hidratadas, você também atenua os efeitos de eventuais hemorroidas.
Controla sua fome de leoa
A consistência da linhaça contribui para aumentar a saciedade. É que ela precisa de mais tempo para ser absorvida pelo organismo do que outros alimentos, como os doces. No final das contas, isso faz com que a fome demore a voltar. Há evidências ainda de que a linhaça tenha substâncias que estimulam a produção de um hormônio controlador do apetite. Tudo isso é importante para evitar o ganho de peso, que deve ficar entre 9 e 12 quilos durante a gestação – ou menos, para as mulheres obesas ou com sobrepeso.
Mantém sua saúde em ordem
O consumo regular de linhaça auxilia na prevenção de problemas como diabete, hipertensão e colesterol alto, que patrocinam males cardiovasculares, em especial o infarto e o derrame. Na gravidez, esse hábito pode também conter, ou amenizar, o diabete gestacional e a doença hipertensiva específica da gravidez (DHEG). É que as fibras da casca da semente tanto favorecem o aumento do chamado colesterol bom, o HDL, que varre o excesso de gordura do corpo, como ajudam no equilíbrio dos níveis de açúcar no sangue. Paralelamente, o óleo da linhaça é rico em ácidos graxos ômega-3 e ômega-6, que estimulam a produção das chamadas prostaglandinas, responsáveis por melhorar a circulação sanguínea, reduzir a pressão e diminuir o colesterol ruim, o LDL, e os triglicérides no sangue.
Previne a retenção de líquidos
Os ácidos graxos poli-insaturados ômega-3 e ômega-6, presentes na linhaça, são também responsáveis por um trabalho de suma importância para as gestantes. Ao estimular que a produção de prostaglandinas, favorecem a circulação sanguínea e, assim, contribuem para a retirada do excesso de sódio dos rins, reduzindo a retenção de líquidos. Só para ter uma ideia, eles se encontram num volume 60% maior nas gestantes e são determinantes para o inchaço do seu corpo. Nas mulheres em geral, o ômega-3 e o ômega-6 ajudam a equilibrar o humor durante a síndrome da tensão pré-menstrual.
Contribui para a formação do bebê
Outro benefício bastante festejado dos ácidos graxos é sua ação no desenvolvimento do bebê. Acredita-se que a oferta das gorduras ômega-3 e ômega-6 no período pré-natal contribua para o crescimento, a formação cerebral e o desenvolvimento cognitivo da criança, bem como a prevenção de doenças crônicas no futuro, já na fase adulta. E o mais interessante é que a linhaça oferece essas duas gorduras em quantidades bem equilibradas.
Fortalece as defesas do corpo
A linhaça reforça a imunidade da mulher grávida, o que é especialmente importante para aquelas que estão abaixo do peso. Isso porque a semente também é rica em prebióticos, ou seja, fibras não digeríveis, que vão servir de alimento para micro-organismos da flora intestinal responsáveis pela produção de substâncias importantes para o funcionamento do sistema imunológico. Só não confunda com os probióticos, que são organismos vivos presentes em algumas bebidas.
Combate os radicais livres
Os compostos de oleaginosas, como a linhaça, têm função antioxidante. Em bom português, combatem os famigerados radicais livres, moléculas danosas ao organismo. Embora o mecanismo ainda não esteja totalmente esclarecido, o que os especialistas dizem é que a ação bioquímica de alguns compostos dos óleos encontrados no grão retarda a degeneração de nossas células, um efeito financiado pelos radicais livres. Esse benefício só é obtido se a ingestão do alimento for contínua, moderada e prolongada. Nesse caso, fala-se até em prevenção contra o câncer de mama.
Farinha, semente ou óleo?
A linhaça faz um bem danado às grávidas. Isso não significa que deva ser ingerida indiscriminadamente, até porque é um alimento bastante calórico. Procure comer de 25 a 45 gramas por dia, o equivalente entre uma e três colheres de sopa. Ela pode ser consumida em três versões: farinha, semente e óleo. Prefira a farinha, que oferece o benefício tanto do óleo quanto das fibras. É que a casca da semente não é quebrada na digestão e nem sempre conseguimos mastigá-la, favorecendo apenas a formação das fezes. Já o óleo oferece o benefício dos ácidos graxos e antioxidantes, mas não tem fibras. Atenção, é preciso que a farinha tenha sido moída pouco tempo antes de chegar à mesa, caso contrário pode até se tornar imprópria ao consumo. Ela deve ficar em um pote fechado e fosco na geladeira por, no máximo, três dias. Outra opção, menos indicada, é usar farinhas orgânicas já embaladas e vendidas em supermercados. Evite comprar a granel ou em locais onde se ensaca na hora. Ah, os benefícios da linhaça dourada, importada, e da marrom, nacional, parecem ser similares.
Vai bem a qualquer hora
Experimente adicionar a linhaça a vitaminas, iogurtes, frutas e salada em geral. O mesmo pode ser feito com leite, extratos de soja e sucos. Outra opção é engrossar sopas e feijões com ela. Ou, ainda, substituir parte da farinha de milho, trigo ou mandioca pela farinha de linhaça na preparação de pães, bolos, biscoitos e outras massas. O sabor é agradável. Só não dá a mesma liga, por isso deve ser usada com outras farinhas. Aqueles que buscam os benefícios apenas de suas gorduras podem despejar uma colher de café sobre a refeição ou tomar uma colher de sopa em jejum.
Fontes: nutricionista Neila Camargo, pesquisadora do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo; obstetra Dênis José Nascimento, professor adjunto do Departamento de Tocoginecologia da Universidade Federal do Paraná e presidente da Comissão Nacional de Gestação de Alto Risco da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo); bioquímica Rejane Dias das Neves-Souza, professora de nutrição da Universidade Norte do Paraná.