O seu cérebro vai diminuir na gravidez: saiba como isso beneficia a mãe e bebê

Essa fase envolve adaptações que vão além das transformações no corpo, e entender essas alterações ajuda a lidar melhor com os desafios da maternidade

Por Redação Pais e Filhos
26 dez 2024, 12h00
Imagens de uma ressonância magnética cerebral. A mão de um médico ou médica aponta para as imagens. A mão tem pele branca e é possível ver o punho de um jaleco branco apenas.
 (Anna Shvets/Pexels)
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A gravidez transforma não só o corpo, mas também o cérebro da mulher. Embora as mudanças físicas sejam mais visíveis, as alterações cerebrais durante a gestação são profundas e impactam diretamente na maneira como a mãe interage com o mundo. Sentir-se um pouco “diferente” ou mais esquecida durante a gravidez é uma sensação comum e há uma explicação científica para isso. As mudanças psicológicas e cerebrais na gravidez são tão significativas quanto as físicas, embora muitas vezes sejam subestimadas. Essa fase envolve adaptações que vão além das transformações no corpo, e entender essas alterações ajuda a lidar melhor com os desafios da maternidade.

Por que o cérebro diminui durante a gravidez?

Uma pesquisa publicada na revista Nature Neuroscience revelou que o cérebro da mulher passa por uma redução de tamanho durante a gestação, especificamente nas áreas de massa cinzenta. Essa é a região onde estão concentrados os neurônios responsáveis por estabelecer conexões neurais. Essa redução ocorre de maneira focada e é uma forma de adaptação do cérebro para atender melhor às necessidades da gravidez e dos cuidados com o bebê.

Os pesquisadores observaram que essa redução ocorre nas áreas do cérebro relacionadas a interações sociais e empatia. Com a menor quantidade de massa cinzenta nessas áreas, a mulher consegue focar mais nas demandas da maternidade, dedicando sua atenção e energia às necessidades do bebê. Em outras palavras, o cérebro da gestante se ajusta para facilitar a criação de laços mais fortes com o recém-nascido.

Essa transformação no cérebro é uma maneira do corpo humano se adaptar à nova fase de vida da mulher, ajustando sua percepção e foco para o cuidado do bebê. Os sintomas tendem a se intensificar ao longo da gestação, atingindo seu ponto máximo no terceiro trimestre, entre a 27ª e a 40ª semana.

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Existe algum prejuízo com essa mudança?

A redução da massa cinzenta durante a gravidez pode trazer algumas dificuldades temporárias para a mulher, como um leve declínio cognitivo. Isso significa que é comum que algumas gestantes sintam-se mais distraídas ou esquecidas. Muitas pacientes relatam uma sensação de estarem “avoada” e com dificuldade em se concentrar. Essas mudanças são comuns e fazem parte desse processo de adaptação. Ainda não se sabe ao certo o que provoca essa diminuição na massa cinzenta, mas acreditam que seja uma resposta inteligente do organismo.

Quanto tempo dura essa mudança no cérebro?

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Mesmo após o nascimento do bebê, as mudanças no cérebro da mãe permanecem por algum tempo, podendo durar até dois anos após o parto. Estudos mostram que o cérebro também passa por mudanças em outras fases da vida, como na adolescência, quando há uma reorganização cerebral para lidar com o crescimento e as mudanças hormonais. No entanto, na fase adulta, essa transformação cerebral é observada apenas nas mulheres durante a gestação. Nos homens, o cérebro não apresenta mudanças estruturais semelhantes após a paternidade.

Como se preparar para essa etapa?

Compreender que essa fase envolve alterações tanto físicas quanto psicológicas ajuda a mulher a se preparar melhor para os desafios da maternidade. O puerpério é um período particularmente delicado, com 80 a 90% das mulheres experimentando o “blues puerperal”, uma fase de tristeza e maior sensibilidade nas primeiras semanas após o parto. Esse período é marcado por oscilações emocionais e sentimentos intensos, que fazem parte do processo de adaptação.

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Saber que esses sentimentos e mudanças são normais pode ajudar a mãe a lidar melhor com a nova rotina e evitar a idealização excessiva da maternidade. Além disso, contar com uma rede de apoio é fundamental. O suporte de familiares, amigos e profissionais, assim como a troca de experiências com outras mulheres que estão passando pela mesma fase, pode fazer uma grande diferença na saúde mental e emocional.

Entendendo o papel das mudanças no cérebro

Essas adaptações no cérebro mostram como o corpo humano é capaz de se ajustar às necessidades da maternidade. O cérebro das mulheres grávidas passa a dar mais atenção ao vínculo com o bebê e ao cuidado com a nova vida, permitindo que a mãe desenvolva maior sensibilidade e empatia. Essas mudanças são uma resposta natural do organismo para assegurar que a mulher esteja preparada para as demandas emocionais e físicas da maternidade.

Consultoria: Dr. Igor Padovesi, ginecologista e obstetra e Elseline Hoekzema, neurocientista das universidades Autônoma de Barcelona e de Leiden.

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