A necessidade de vários cuidados logo após nascer, como ocorre em seres humanos, não é a regra na natureza. Mesmo entre os mamíferos, é relativamente comum que eles já nasçam capazes de andar e buscar seus alimentos desde muito cedo. Com os humanos, é diferente – e a teoria da exterogestação é uma das maneiras de tentar compreender esse fenômeno.
O termo significa literalmente uma “gestação fora do útero”, da junção de “exterior” com “gestação”, e foi cunhado pelo antropólogo britânico Ashley Montagu (1904-1999). Segundo ele, deveríamos considerar que o período gestacional humano na realidade dura 12 meses – incluindo o primeiro trimestre após o parto.
O que significa a exterogestação na prática?
A ideia fundamental por trás dessa teoria é enfatizar a importância do contato contínuo – inclusive físico, “pele com pele” – entre mãe e bebê nos meses imediatamente após o nascimento. É uma relação, nas palavras de Montagu, “naturalmente desenhada para se tornar mais intensa e inter-operativa após o parto”.
É um período em que o bebê está mais vulnerável: ele é incapaz de se afastar de perigos por conta própria, ainda sem desenvolver métodos de comunicação (mesmo não-verbal) além do choro, e totalmente dependente do leite materno para se alimentar.
Nesses meses iniciais de vida, a atenção prolongada é necessária não só para nutrir a criança, defende Montagu, mas para “concluir” a gestação, na medida em que o desenvolvimento físico e cognitivo do bebê passam por enormes evoluções nessa fase.
Como tirar o máximo de proveito desse período?
Parece lógico que mãe e bebê fiquem próximos logo após o nascimento, mas a noção da exterogestação ganhou mais adeptos diante das realidades do mundo moderno: a necessidade de voltar ao trabalho ou as várias distrações do dia a dia que encurtaram o período de contato próximo.
Dar atenção à criança, fazer um esforço para garantir a amamentação direto no peito quando isso é possível, e simplesmente mantê-la em seus braços o máximo de tempo possível são maneiras de garantir, fora do útero, que essa “gestação” além dos meses na barriga também chegue a termo.