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O que é exterogestação?

Teoria antropológica defende que o “período gestacional” dura mais três meses fora da barriga da mãe, logo após o nascimento

Por Maurício Brum
9 jul 2024, 17h00

A necessidade de vários cuidados logo após nascer, como ocorre em seres humanos, não é a regra na natureza. Mesmo entre os mamíferos, é relativamente comum que eles já nasçam capazes de andar e buscar seus alimentos desde muito cedo. Com os humanos, é diferente – e a teoria da exterogestação é uma das maneiras de tentar compreender esse fenômeno.

O termo significa literalmente uma “gestação fora do útero”, da junção de “exterior” com “gestação”, e foi cunhado pelo antropólogo britânico Ashley Montagu (1904-1999). Segundo ele, deveríamos considerar que o período gestacional humano na realidade dura 12 meses – incluindo o primeiro trimestre após o parto.

O que significa a exterogestação na prática?

A ideia fundamental por trás dessa teoria é enfatizar a importância do contato contínuo – inclusive físico, “pele com pele” – entre mãe e bebê nos meses imediatamente após o nascimento. É uma relação, nas palavras de Montagu, “naturalmente desenhada para se tornar mais intensa e inter-operativa após o parto”.

É um período em que o bebê está mais vulnerável: ele é incapaz de se afastar de perigos por conta própria, ainda sem desenvolver métodos de comunicação (mesmo não-verbal) além do choro, e totalmente dependente do leite materno para se alimentar.

Nesses meses iniciais de vida, a atenção prolongada é necessária não só para nutrir a criança, defende Montagu, mas para “concluir” a gestação, na medida em que o desenvolvimento físico e cognitivo do bebê passam por enormes evoluções nessa fase.

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Como tirar o máximo de proveito desse período?

Parece lógico que mãe e bebê fiquem próximos logo após o nascimento, mas a noção da exterogestação ganhou mais adeptos diante das realidades do mundo moderno: a necessidade de voltar ao trabalho ou as várias distrações do dia a dia que encurtaram o período de contato próximo.

Dar atenção à criança, fazer um esforço para garantir a amamentação direto no peito quando isso é possível, e simplesmente mantê-la em seus braços o máximo de tempo possível são maneiras de garantir, fora do útero, que essa “gestação” além dos meses na barriga também chegue a termo.

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