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Informação falsa relaciona microcefalia à vacina vencida contra rubéola

Entenda por que o boato que circula nas redes sociais não tem fundamento.

Por Nathália Florencio
Atualizado em 28 out 2016, 14h29 - Publicado em 16 dez 2015, 21h59

Desde que foi confirmada a relação entre o vírus zika e o surto de microcefalia que se espalha pelo Brasil, no dia 28 de novembro, circula pelas redes sociais uma mensagem (falsa) de que a malformação cerebral seria, na verdade, causada pela administração de um lote vencido da vacina contra rubéola. A afirmação, no entanto, não passa de um boato. Em nota, o Ministério da Saúde (MS) desmistificou essa história. Leia abaixo na íntegra:

“O Ministério da Saúde esclarece que todas as vacinas ofertadas pelo Programa Nacional de Imuização (PNI) são seguras e não há nenhuma evidência na literatura nacional e internacional de que possam causar microcefalia. O PNI é responsável pelo repasse, aos estados, dos imunobiológicos que fazem parte dos calendários de vacinação. Uma das ferramentas essenciais para o sucesso dos programas de imunização é a avaliação da qualidade dos imunobiológicos. O controle de qualidade das vacinas é realizado pelo laboratório produtor obedecendo a critérios padronizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Após aprovação em testes de controle do laboratório produtor, cada lote de vacina é submetido à análise no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS) do Ministério da Saúde. Desde 1983, os lotes por amostragem de imunobiológicos adquiridos pelos programas oficiais de imunização vêm sendo analisados, garantindo sua segurança, potência e estabilidade, antes de serem utilizados na população.

É importante lembrar que, independente de todas essas precauções, assim como os medicamentos, nenhuma vacina está livre totalmente de provocar eventos adversos, porém os riscos de complicações graves causadas pelas vacinas são muito menores do que os das doenças contra as quais elas protegem. No Brasil, eventos adversos associados à vacinação são acompanhados através do Sistema de Vigilância de Eventos Adversos Pós-Vacinação/SIAPV, que tem como objetivo avaliar de forma continuada a relação de risco-beneficio quanto ao uso dos imunobiológicos, bem como permitir o acompanhamento da situação das notificações/investigações, em tempo real, nas três esferas de governo. Destaca-se que não há relatado nesse sistema de notificação sobre microcefalia relacionada à vacinação, bem como não existe, até o momento, na literatura médica nacional e internacional, evidências sobre a associação do uso de vacinas com a microcefalia”.

É importante evitar boatos e especulações. Reforçamos que as únicas vacinas recomendadas durante a gestação são: – DT-…

Posted by Ministério da Saúde on Sexta, 11 de dezembro de 2015

Ainda ficou na dúvida? Abaixo listamos quatro motivos para você entender por que o que tem sido dito nas redes e em conversas pelo WhatsApp não tem fundamento e é, na verdade, apenas uma teoria da conspiração:

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1. Gestantes não tomam vacina contra rubéola

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), as vacinas recomendadas para mulheres durante a gravidez são: Influenza, para prevenção da gripe; Hepatite B; dT (ou dupla do tipo adulto), que protege contra difteria e tétano; e dTpa (ou tríplice bacteriana acelular do tipo adulto), que proporciona imunidade para as mesmas doenças da dT e, ainda, para coqueluche. Todos estes imunizantes possuem compostos inativados, nos quais os micro-organismos estão mortos, e são seguros para as futuras mamães.

Já a vacina tríplice viral (SCR), contra sarampo, caxumba e rubéola, é contraindicada ao longo dos nove meses, por ser produzida com vírus atenuados. Ela é ministrada ainda na infância, sendo a primeira dose aos 12 meses e a segunda entre 15 e 24 meses, conforme recomendado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) e SBIm. Crianças mais velhas, adolescentes e adultos não vacinados também devem receber duas doses, com intervalo mínimo de um mês.

Vale lembrar que, segundo a SBIm, caso uma mulher seja imunizada com a tríplice viral sem saber que está grávida ou, ainda, que engravide menos de 30 dias após a vacinação, o risco de trazer complicações para o feto é teórico, exatamente pelo fato de o imunizante conter vírus enfraquecidos. A entidade ressalta, ainda, que não há relatos na literatura médica de problemas decorrentes desse tipo de situação. Além disso, caso uma vacina vencida fosse utilizada, ela apenas perderia o poder de proteger o indíviduo contra doenças – mas não teria a capacidade de provocar danos neurológicos.  

2. O zika vírus foi detectado em recém-nascidos com microcefalia

A suspeita de que o zika seria o responsável pelo pico nos casos de microcefalia surgiu quando, por meio da amniocentese, o Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) identificou a presença do vírus no líquido amniótico de duas gestantes da Paraíba, que tiveram seus bebês diagnosticados com perímetro cefálico abaixo do normal em um exame de ultrassom. Notou-se, com isso, que o agente infeccioso poderia invadir a placenta e trazer efeitos para o feto. A comprovação ocorreu quando o Instituto Evandro Chagas avaliou amostras de sangue e de outros tecidos de um recém-nascido microcéfalo e, mais uma vez, o zika foi encontrado.

A malformação pode ser consequência de outras doenças? Sim. Tanto que faz parte do protocolo anunciado pelo Ministério da Saúde no dia 09 de dezembro fazer uma investigação epidemiológica de todos os casos suspeitos já notificados, que chegam a 2.401. Isso significa que outras possíveis causas da microcefalia, como sífilis, toxoplasmose e citomegalovirose serão analisadas. Sendo descartadas, será feito um estudo genético do material do recém-nascido, que será decisivo para confirmar ou não a relação com o vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti. Seguindo essa orientação, até o dia 12 de dezembro foram confirmados 134 e descartados 102, de acordo com o boletim divulgado na última terça-feira, 15. Continuam em investigação 2.165 casos.

3. A epidemia não se restringe ao Nordeste

Segundo o boato que circula nas redes, o lote vencido da vacina contra rubéola teria sido enviado para a região Nordeste do Brasil, onde “se concentra a pior saúde pública”. Na verdade, há casos supeitos de norte a sul do país, distribuídos em 549 municípios de 19 Estados mais o Distrito Federal, conforme o último boletim epidemiológico. Embora o número de notificações seja maior em Pernambuco e na Paraíba, os Estados de Mato Grosso, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, São Paulo e até mesmo Rio Grande do Sul também entraram para a lista com registros de microcefalia. 

4. O Brasil está oficialmente livre da rubéola

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O Programa Nacional de Imunização (PNI) brasileiro é um dos mais seguros e reconhecidos do mundo. Tanto que no dia 2 de dezembro, o Ministério da Saúde recebeu da Organização Pan-americana de Saúde da Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) o Certificado de Eliminação da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita (SRC). Para receber o título, o país comprovou não registrar casos da transmissão endêmica dessas doenças desde 2008 e 2009, respectivamente. A vacinação, portanto, tem sido eficiente.

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