“Eu não sabia que estava grávida até uma semana antes do parto”
Conheça a história de Pietra Cariello, que descobriu que estava esperando seu filho na reta final da gestação.
Pietra Cariello tem 25 anos, vive no Rio de Janeiro, é estudante de design com habilitação em moda, uma das autoras do blog Clandestinas e mãe do pequeno Heitor, de 1 ano e 9 meses. Aqui, ela conta como foi descobrir a gestação menos de uma semana antes de dar à luz!
“A minha gravidez foi totalmente incomum, porque eu descobri que estava grávida quando já estava com nove meses de gestação – sim, isso aconteceu mesmo! Tudo começou quando passei muito mal num fim de semana em que eu estava na casa do meu namorado, Hugo, e ele chegou a me perguntar se eu não poderia estar grávida, mas logo respondi: ‘lógico que não’, afinal eu tomava pílula.
Isso aconteceu num domingo. No dia seguinte, eu fui para a faculdade, como sempre fazia, e uma das minhas melhores amigas, a Cacá, estava conversando comigo e, de repente, me perguntou: ‘Amiga, você está grávida? Porque o seu quadril está mais largo’. Mais uma vez eu respondi que não era possível e ainda disse pra ela que sempre tive quadril largo. Mas ela não tirou isso da cabeça e me convenceu a ir a um clínico geral na Barra da Tijuca.
Naquele momento eu lembro que comecei a me desesperar: e se eu realmente estivesse grávida? Estava enlouquecendo por dentro, mas sem deixar transparecer muito. Avisei o Hugo que eu iria ao médico para tirar a dúvida, mas só consegui marcar a consulta para a terça-feira. Então, fui para casa com a cabeça a milhão e, no dia seguinte, fui normalmente para a faculdade, encontrei a Cacá e, após a aula, fomos ao médico. Ele me fez algumas perguntas e depois de fazer um exame de toque na minha barriga, ele me olhou e disse: ‘Você pode estar grávida de seis meses!’. A Cacá fez uma cara de desespero (e meio alegre ao mesmo tempo) e eu comecei a surtar: ‘Oi? Você está grávida! Procure um obstetra e um pediatra pra ontem!’.
Bom, ainda nervosa com o que eu tinha acabado de ouvir e pensando em tudo o que eu tinha feito naquele período todo, eu saí do médico e fui ao hospital pra fazer um exame de sangue e confirmar de quantos meses eu realmente estava. No caminho liguei para o meu namorado e contei que poderia estar grávida de seis meses! Na hora ele ficou muito surpreso, mas feliz e me apoiou desde que recebeu a notícia. Cheguei ao hospital, fiz o exame e a Cacá continuava ao meu lado, tão ansiosa quanto eu pensando em todas as possibilidades… Aguardamos sair o resultado e, depois de muita espera, a médica surgiu com um sorriso de orelha a orelha e disse: ‘Parabéns, você está gravidíssima, está no terceiro trimestre’. E logo começou a me dar várias recomendações médicas.
A essa altura o meu estômago estava quase saindo pela boca… Fiquei imaginando como contaria aos meus pais que eu estava grávida! Na época, eu morava com o meu pai no Rio de Janeiro e minha mãe vive em São Paulo. Fui pra casa pensando e imaginei que seria melhor primeiro fazer o ultrassom e só então eu ligaria para a minha mãe com todas as informações, pra ela poder me ajudar. Foi o que eu fiz! Marquei o ultrassom para a sexta-feira daquela mesma semana (foi o mais rápido que consegui) e os dias que passaram foram angustiantes! Mas finalmente a sexta-feira chegou e eu fui para a faculdade. Naquele dia, por sinal, eu estava passando muito mal! Mas logo depois da aula fui fazer o ultrassom, com a Cacá me acompanhando. Chegou a hora do exame, entrei na sala e, em dois minutos, lá estava na tela aquele serzinho dentro de mim. Foi nesse momento que eu descobri que estava com nove meses de gestação, entre a 37a e 38a semanas, e me emocionei muito!
Depois que saí do médico, encontrei o Hugo e tínhamos combinado de falar com o meu pai sobre a gravidez naquele fim de semana. À tarde, eu ainda estava passando mal, comi pouco e fui pra casa junto com a Cacá. No caminho, ela me incentivou e eu acabei tomando coragem: peguei o telefone e liguei para a minha mãe já chorando muito. Como sempre, ela atendeu muito feliz em receber uma ligação minha e me perguntou se estava tudo bem. Eu desabei e contei tudo pra ela, que eu estava no fim da gestação, esperando um menino e que pelo ultrassom estava tudo certo com ele. Minha mãe ficou em choque, mas foi doce e calma, me acalmou e disse que viria para o Rio, para podermos conversar com o meu pai.
Desligando o telefone, fui pra casa da Cacá e, chegando lá, eu continuava não me sentindo bem e, em questão de alguns minutos, comecei a ter episódios de ‘cólicas fortíssimas’. Ela começou a andar de um lado pro outro no corredor do apartamento e a Stephanie, que morava com ela, ficou comigo no sofá. Nesse meio tempo, a Nath, namorada da Cacá, chegou e nós fomos para o hospital. Como eram umas quatro ou cinco horas da tarde de uma sexta-feira, o trânsito da Barra estava caótico. No trajeto, eu liguei para o Hugo e avisei que estava indo para o hospital, pois estava sentindo contrações. Ele deixou o trabalho, me encontrou ainda na Barra e fomos o mais rápido que pudemos para a maternidade Perinatal.
Dei entrada como parto de emergência e fui direto para a sala de cirurgia. Eu estava sentindo muita dor, mas quando escutei aquele chorinho e tudo se esclareceu, o Heitor estava lá, lindo, com 2,850 kg e 48 cm. Veio um alívio enorme e, quando parecia que tudo tinha acabado, fiquei aflita porque ele demorou um pouco pra vir para o quarto comigo. Nesse meio tempo, muitos não acreditaram quando contei pelo telefone tudo o que tinha acontecido. Os amigos mais próximos me felicitaram pelas redes sociais e me deram muito apoio – o que foi muito importante pra mim!
O mais curioso dessa história toda é que eu não tive barriga nenhuma e, até aquele domingo em que passei mal na casa do Hugo, ninguém tinha desconfiado de nada – nem mesmo ele! Tanto que um mês antes da descoberta da gestação minha tia falou que eu estava muito magra e que eu precisava engordar. Para se ter uma ideia, antes de engravidar eu pesava cerca de 59 kg e perto do Heitor nascer eu estava com 64 kg. E a única coisa anormal que eu senti algumas vezes foi uma queda de pressão seguida de vômito, mas logo depois eu já estava ótima e acreditava que era só um mal-estar. Também tive muita dor no ciático, mas sempre achava que era pelo fato de dormir em posições não recomendadas. E como tomava pílula, os sangramentos que eu tive naquele período eu achava que eram de menstruação, mas eram pequenos sangramentos sem um motivo certo. Por sinal, eu usei o anticoncepcional durante toda a gravidez. Na verdade, muitos meses antes eu não estava tomando nada quando tive relação sem camisinha, mas cheguei a recorrer à pílula do dia seguinte e logo comecei a usar a pílula tradicional, daquelas que você emenda uma cartela na outra, com medo de engravidar mesmo. Acontece que eu já estava grávida – Heitor foi mais forte que isso!
E depois que ele nasceu, naquele dia 12 de setembro de 2014, minha vida virou de ponta cabeça, mas hoje sou uma pessoa muito mais feliz! Heitor me fez mulher e mãe da noite para o dia, pra enfrentar o que ainda estava por vir. Ele me fez cair na real de muitas coisas e, acima de tudo, me ensinou a amar incondicionalmente uma pequena vida que coloquei no mundo: tão perfeito, puro, inteligente, cheio de vida. Hoje ele tem 1 ano e 9 meses e é a melhor coisa da minha vida. Eu estou vivendo, aprendendo e amadurecendo junto com o meu filho e tenho a certeza de que sempre dou o meu melhor pra ele. Em resumo, ninguém me abandonou, meus pais me ajudam – e muito! – e meus amigos também sempre estiveram ao meu lado.
Quero fazer um agradecimento especial à minha mãe, à minha tia, ao homem da minha vida, Hugo, às minhas amigas Cacá, Nath, Steph e muitos outros que estão sempre no coração. Muito obrigada!!! E obrigada, Heitor, por você me escolher como mãe e por ser essa criança maravilhosa que você é, eu te amo muito, meu filho, e sou feliz por você ter nascido e iluminado a minha vida e a de todos que o conhecem!