Desejos alimentares inusitados na gravidez: por que ocorrem?
As vontades insólitas geralmente aparecem no primeiro trimestre da gravidez e podem estar associadas às alterações hormonais
Em meio às transformações físicas, emocionais e comportamentais consideráveis da gravidez, um efeito colateral coloca em evidência o que ocorre no corpo (e na mente) da gestante: os desejos intensos e repentinos por comidas específicas.
Na maioria das vezes, isso não representa qualquer risco. Porém, em situações mais extremas, esses desejos podem indicar problemas emocionais ou até nutricionais.
Desejos alimentares na gestação
Há diferentes hipóteses para tentar explicar os desejos insólitos durante a gestação.
Uma das principais explicações diz respeito às alterações hormonais. A elevação dos níveis de progesterona e estrogênio, por exemplo, podem deixar as papilas gustativas mais sensíveis, potencializando o sabor dos alimentos.
Também há estudos indicando um aumento da síntese de neuropeptídeo Y, substância que atua no estímulo da fome. A grelina, hormônio da fome, também pode ser produzida em maior quantidade e potencializar a vontade de comer.
Alguns desses hormônios alteram o paladar e o olfato, tornando alguns alimentos mais apetitosos, em oposição a outros, que ficam menos atraentes.
Cuidado com substâncias tóxicas
Em geral, os desejos são naturais e podem levar as mulheres a comerem alimentos que antes não faziam parte de sua rotina. Desde que sejam alimentos saudáveis, isso não representa nenhum risco à saúde da mulher ou do bebê.
Situação diferente é quando há o desejo por substâncias perigosas como cigarros, álcool ou drogas, que devem ser evitados principalmente durante a gravidez.
E quando os desejos são por coisas estranhas?
Outro quadro diz respeito à alotriofagia, popularmente conhecida como Síndrome de Pica. Essa condição está atrelada ao desejo de comer substâncias estranhas e sem efeitos nutritivos. A lista de exemplos é grande e vai desde a vontade de comer gelo até o desejo de ingerir terra, carvão ou tijolos.
A alotriofagia pode estar associada a deficiências nutricionais, como a anemia, ou à falta de cálcio e zinco. O quadro também pode decorrer de transtornos psicológicos, como estresse, ansiedade e depressão ou, ainda, pode estar relacionado à sobrecarga emocional.