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Dentro do útero, o bebê em ação

Bocejos, sonecas, soluços, gracejos... Nada escapa aos olhares atentos do papai e da mamãe. Descubra o que esses movimentos fetais significam.

Por Alessandra Bedin (colaboradora)
Atualizado em 26 out 2017, 02h23 - Publicado em 12 fev 2015, 10h49
Thinkstock/Getty Images
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Desde pequeninhos, ainda dentro do útero, os bebês apresentam reflexos e se movimentam. Sinal de que estão bem oxigenados e alimentados (quando a mãe come algo, eles mexem ainda mais!). As estripulias são variadas e muitas delas podem ser contempladas com o auxílio do ultrassom: eles chupam o dedo, piscam várias vezes, tiram uma soneca e ainda bocejam durante o dia quando se sentem bem.

É gostoso saber que o seu filhote, conforme vai crescendo dentro da barriga, exercita-se, esticando as pernas e braços, abrindo e fechando as mãos, pegando e soltando o cordão umbilical. Ele gira em torno dele mesmo, muda de posição o tempo todo e gosta de ouvir seu coração. Pois é, mamãe, quando ele escuta o bate-bate, fica calminho, calminho. “Isso só acontece depois da 10ª semana, quando ele se torna um feto. Antes disso, é considerado embrião e fica apenas flutuando naquela piscina chamada útero”, explica o médico Breno José Filho, chefe de serviço da Obstetrícia do Hospital São Lucas da PUCRS, no Rio Grande do Sul. “Antes das oito semanas, tudo é muito lento”, reitera a médica Rita Sanchez, da equipe da Medicina Fetal do Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista.

Por esse motivo, apenas 8% dos movimentos do bebê, desde a sua formação até a hora do parto, são notados pelos pais. Os demais 92% passam despercebidos. E quanto mais o pequeno se mexer, mais saudável ele estará. “A diminuição dos movimentos é um sinal de alerta, pois pode significar carência de glicose ou oxigênio. Nessa condição adversa, o feto tentará economizar energia e ficará quieto”, avisa. Mas, para se assegurar de que tudo está em ordem, basta manter os exames em dia e curtir essa animação toda do seu bebê.

Do lado de dentro

Os bebês não param quietos no útero das mamães. Confira as explicações para cada tipo de movimento fetal:

1. Bate, bate, coração

O coraçãozinho é um dos primeiros órgãos a aparecer no corpo do embrião, mas, pera lá, é difícil de ouvir seus batimentos. “Por meio de exames realizados com ultrassons de última geração, é possível escutá-los a partir de seis semanas. Sem tanta tecnologia, somente a partir da 12ª semana”, estima Rita.

2. Dedinhos na boca

Não raro, o feto chupa o dedo do pé, da mão, às vezes o braço todo e coça as genitálias. Nada fora do comum! “Quanto mais ações ele fizer dentro do útero, maiores serão os indícios de que ele está saudável. A primeira pergunta que faço às mamães que chegam ao meu consultório é: como está o movimento do bebê”, afirma José Filho. E se você pensar: mas ele não vai engasgar? Não! Segundo a médica Rita Sanches, o reflexo de sucção está sendo treinado gradativamente. “Mesmo que ele não coloque o dedo na boca, podemos ver o movimento de sucção da língua e a deglutição do líquido amniótico. Não há problema quanto a isso. É como se fosse um treinamento para mamar e não significa, necessariamente, que a criança vai chupar dedo depois de nascer”, tranquiliza.

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3. De olhinhos bem abertos!

O que você faz quando abre os olhos dentro de uma piscina? Fecha rapidamente, pois a água incomoda, certo? O feto também! A partir de 23 semanas, o bebê pode piscar lá dentro do útero, mas conseguimos ver esse movimento geralmente no final da gestação, com piscadas bem mais rápidas que no mundo aqui fora. “É tudo muito escuro ali. Eles abrem e fecham repetidamente, mas não dói, não coça e nem faz mal”, garante Breno.

4. E de ouvidos aguçados!

Pois é, mamãe: o feto começa a escutar a partir da 33a semana e não para mais. Ele escuta tudo lá dentro do seu corpo: o intestino, seu coração, respiração, estômago… “E também os sons externos, que chegam alterados, abafados. Experimente ouvir algo dentro de uma piscina: deve ser assim que o feto escuta”, compara Rita. Por outro lado, pesquisas feitas em hospitais e universidades mostram que o feto consegue reconhecer o timbre desses sons, após o nascimento. “O que eles mais ouvem é o batimento cardíaco da mãe, durante os 9 meses, portanto, é o que vai acalmá-lo, pois ele lembrará desse som e se sentirá seguro. É por isso que eles ficam quietos quanto os seguramos no colo e encostamos no peito”, esclarece a médica. E não é só isso: de acordo com Breno, eles podem se acostumar com sons que relaxam, como uma música, por exemplo. “Sempre oriento as mamães que coloquem, próximo à hora de dormir, uma música leve”.

5. Falando em hora de dormir…

“O feto dorme tranquilo na barriga da mamãe. Mas, nem sempre a soneca coincide com a dela. É um soninho leve e de curta duração”, explica Breno. Como flagrar o descanso? Com exames da frequência cardíaca do feto, que podem ser feitos a partir da 20ª  semana. Eles conseguem mostrar em que momento do dia seu bebê gosta de tirar um cochilo.

6. Estica daqui, estica dali, boceja e soluça!

De acordo com a ginecologista e obstetra Flávia Fairbanks, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo, a partir da 10ª semana gestacional, o feto pode se exercitar, esticando pernas e braços, abrindo e fechando as mãos, segurando o cordão umbilical… O bocejo e soluço também são comuns durante a gestação. “Eles aparecem mais acelerados do que os de uma criança ou adulto. Estudos apontam que existem dois tipos de movimentos: os grosseiros, como o pontapé e as cabeçadas, que são os mais fortes que a mamãe sente. E os movimentos mais finos, que são a maioria e, muitas vezes, nem são perceptíveis”, distingue o professor.

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7. Muita conversa e massagem

Quando alguém toca na barriga, ele sente. Quando fazem um exame de ultrassom, ele sente. Quando a mãe conversa com o feto, nossa, ele sente muito mais! “Se a posição não permite que o médico veja alguma parte do corpo, é possível balançar o transdutor (dispositivo utilizado para realizar o ultrassom) e o feto responde mexendo e, muitas vezes, “chutando o ultrassonografista”. Se a mãe deita de lado e comprime a barriga, encostando nele, irá reagir chutando. O bebê não está obrigatoriamente incomodado, apenas percebe que mexeram com ele”, explica Rita. A movimentação diária da mãe, levantando, sentando, deitando, faz com que a parde uterina toque o feto várias vezes e isso proporciona a ele uma ideia de que há algo “massageando-o”. Já quando escutam a mamãe conversando, sente-se protegido. “Por isso é tão importante massageá-lo quando bebê. O gesto transmite segurança. Quando são gêmeos, sabem que há algo do lado deles chutando, e a membrana que os separa funciona apenas como um “lençol” entre eles. Quando nascem e ficam no berço sozinhos, devem pensar: cadê aquele que me chutava a toda hora? Por isso, é importante colocar os gêmeos pelo menos algumas horas por dia no mesmo berço, encostadinhos”, aconselha a médica.

8. Antes de ficar nervosa, pense nele!

“Quando a mãe fica tensa, provoca uma descarga de adrenalina, o hormônio do estresse, no sangue, que pode passar para a placenta e acelerar o batimento cardíaco do feto. Ela pode ter contrações também, o que não seria bom ocorrer precocemente”, avisa Rita.

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