Como contornar o desejo de comer doces na gravidez

A ansiedade na gestação pode ser aplacada com o açúcar? Isso é um mito! Leia algumas estratégias alimentares que ajudam a driblar a vontade de comer doces durante a gestação.

Por Giuliano Agmont (colaborador)
Atualizado em 28 out 2016, 03h17 - Publicado em 7 jun 2015, 18h42
Jupiterimages/Thinkstock/Getty Images
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Muitas mães sentem um desejo incontrolável de devorar guloseimas durante a gestação. É uma sensação normal, mas que gera conflitos na cabeça da mulher. Depois do impulso de assaltar a geladeira e a despensa, vem a preocupação com o peso. O que fazer diante dessa situação? Como contornar a vontade de comer doces enquanto espera o bebê?
 
Por que tanta vontade de devorar doces?
A gravidez leva a mulher a um estado de ansiedade. São muitas dúvidas e muitas expectativas ao mesmo tempo, além de profundas mudanças fisiológicas, principalmente, hormonais. O prazer proporcionado pelo açúcar e pelas massas em geral dá a ela a sensação de alívio dos sintomas, embora ele seja discreto e passageiro. Soma-se a isso o fato de que os alimentos aplacam a autocobrança da mãe de nutrir o filho em seu ventre. A ideia de que o prazer proporcionado pelo açúcar se contrapõe à ansiedade da gravidez é um mito. Ela só é muito difundida porque funciona como uma conveniente justificativa para que as gestantes comam doces sem sentir culpa. Ou seja, não vale a pena se iludir: procure outros meios mais saudáveis de lidar com a ansiedade e, se tiver vontade de comer doces, siga uma disciplina alimentar.
 
Como lidar com a ansiedade da gravidez?
A melhor arma para combater a ansiedade durante a gestação é a informação. O médico costuma ser uma fonte importante nessa hora, mas não a única. Procure auxílio também de outros profissionais de saúde, amigos, familiares, mães e gestantes em geral, além de publicações sérias, como o site do Bebê e portais de entidades médicas reconhecidas. Não admita perguntas sem respostas. É claro que alguns medos continuarão rondando o imaginário das futuras mães, principalmente, sobre o parto e a saúde do bebê. O segredo é deixar as coisas fluírem com a máxima naturalidade, curtindo cada etapa. Em vez de sofrer com o que ainda está por vir, é melhor sonhar e sempre desejar o melhor para sua vida. Os exercícios de respiração e atividades físicas com orientação médica também ajudam a aliviar a ansiedade da gravidez.
 
Quais os riscos de ganhar mais peso do que o recomendado?
A principal consequência de uma dieta muito calórica é a obesidade. O ganho excessivo de peso leva ao diabete, uma doença sem cura e com restrições alimentares, principalmente, em relação ao açúcar. O importante é saber que a gravidez, por si só, já favorece o desequilíbrio metabólico, que culmina na doença. O excesso de peso reforça ainda mais esse risco. A obesidade também favorece problemas cardiovasculares, além de causar uma sobrecarga no sistema ósseo e articular, provocando dores em regiões como a lombar. Sem contar que aumenta a probabilidade de complicações no parto por causa do tamanho dos bebês – maior que o ideal.
 
Quanto posso comer?
Os médicos recomendam que as gestantes ganhem de 9 a 12 quilos durante a gestação, conforme seu peso antes de engravidar. Para isso, elas precisam seguir uma dieta com o controle de calorias. Em condições normais, uma mulher deve consumir de 1.800 a 2.000 calorias diariamente. Logo que engravida, essa média torna-se mais flexível, de 1.800 a 2.200 calorias diárias. Após o sexto mês, a necessidade energética aumenta, atingindo de 2.200 a 2.500 calorias diárias. Para traduzir esses números em pratos, o melhor a fazer é buscar orientações com especialistas em nutrição. Em linhas gerais, as mulheres com peso adequado devem apenas manter sua dieta. Já as obesas ou com sobrepeso precisam readequar sua alimentação e fracioná-la em diversas refeições diárias.
 
Quais são as regras de uma alimentação saudável?
O ideal é que a gestante, assim como qualquer outra pessoa, faça pelo menos cinco ou seis refeições por dia, o que promove a saciedade e faz com que se coma menos em cada uma delas. Também é importante ingerir cerca de 2 litros de líquido por dia e incluir na dieta cada vez mais alimentos integrais, ricos em fibras. Além de favorecer o funcionamento do intestino – algo importante para as gestantes -, elas também saciam. Ou seja, a mulher fica mais tempo sem vontade de comer. Entre os alimentos integrais, estão pães feitos com farinha integral, farináceos integrais, grãos e cereais integrais, frutas, verduras e legumes.

O que posso comer nos lanches para saciar a fome sem engordar?
Em primeiro lugar, faça lanches pela manhã, à tarde e à noite. Uma boa sugestão é preparar vitaminas de frutas com leite e acrescentar farinha de linhaça ou farelo de aveia, por exemplo. Também vale a pena comer bolachas ou pães feitos com produtos integrais. Cereais integrais com leite ou iogurte e frutas desidratadas costumam ser opções práticas e saudáveis para um lanche.
 
Quais as dicas para as grandes refeições?
Existem muitas opções. Mais uma vez, a dica é abusar de alimentos integrais, ricos em fibras. Isso vale para massas e para o arroz de todo dia. Outra sugestão é substituir, de vez em quando, uma refeição por um lanche reforçado, com legumes e folhas. Beber suco natural, em vez de refrigerantes ou sucos de caixinha, é mais uma medida importante para balancear a dieta. Se for preparar uma omelete, em vez de batata e queijo, prefira legumes e verduras. Considere também que o “prato feito” do brasileiro é uma boa referência de alimentação balanceada, em quantidades moderadas. Ele reúne arroz, feijão, salada de folhas, legumes e carne, além de uma fruta de sobremesa.
 
É possível comer frituras, doces, massas e refrigerantes?
Sim. O problema não é comer, mas exagerar. Dentro de uma rotina alimentar balanceada, há lugar para aquele chocolate dos deuses, o irresistível pastel de feira, a coxinha da padaria ou a macarronada da mama. O segredo é maneirar. Frituras por imersão, aquelas que boiam no óleo, no máximo, uma a duas vezes por semana. Para os doces, vale a mesma restrição: consumir o mínimo possível, ou seja, uma única porção, duas ou três vezes por semana. De preferência, imediatamente após consumir verduras e legumes, que ajudam a metabolizar a glicose do doce. Quanto ao refrigerante, tome apenas se tiver muita vontade, bem de vez em quando e se fizer muita questão. Jamais substitua a água e os sucos naturais por essa bebida.
 
Adotar adoçantes artificiais na dieta é uma medida para não engordar?
Não é o ideal, mas podem ser ingeridos com prudência, de vez em quando. A partir do terceiro mês de gestação, se a mulher passa a ganhar peso além da conta, o adoçante é preferível ao açúcar. Agora, nesse caso, o melhor a fazer é readequar a dieta e evitar alimentos calóricos, optando por produtos naturais.

Fontes: nutricionista Carolina Correia de Oliveira, do Hospital Santa Catarina; obstetra Osmar Ribeiro Colas, médico do departamento de Obstetrícia da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp) e presidente de comissão da Federação Brasileira das Sociedades de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).

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