Aula 6 – Alimentação na gravidez

A obstetra Mariangela Maluf, do Hospital Israelita Albert Einstein, explica como a grávida deve comer para se manter saudável e garantir o bom desenvolvimento do bebê.

Por Redação Bebê.com.br
Atualizado em 26 out 2016, 20h44 - Publicado em 26 jun 2015, 15h42
DragonImages/Thinkstock/Getty Images
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Quando falamos em alimentação saudável na gravidez, no fundo estamos definindo uma boa alimentação para qualquer indivíduo. E ela seria composta de cinco ou seis refeições, porque — além do desjejum, do almoço e do jantar — não podemos nos esquecer dos lanches no meio da manhã e da tarde, sem contar aquele outro lanchinho, a ceia, feito antes de dormir.

Essas paradas para comer algo ao longo do dia são importantíssimas porque ajudam a manter estáveis os níveis de açúcar no sangue. E diga-se: nas gestantes, eles tendem a cair depressa depois de um jejum prolongado, criando um quadro mais severo de hipoglicemia.

Quando a grávida fica mais de quatro ou cinco horas sem ingerir nada, sente tremores, tonturas, náuseas. Para evitar todo esse mal-estar, ela deve ter sempre à mão alimentos como barrinhas energéticas e frutas. Ou parar para comer uma gelatina, um pedaço de queijo ou um iogurte. Note que esses são exemplos de alimentos que nem chegam a ser muito calóricos — mas já são o bastante para fazer os níveis de açúcar se estabilizarem.

Aliás, a ideia nunca é se entupir de calorias. A grávida precisa comer para dois, e não comer por dois — o que é bem diferente. No primeiro trimestre de gestação, sua necessidade calórica é a mesma de sempre. No segundo trimestre, sim, ela precisa aumentar um pouco o consumo energético — cerca de 350 calorias a mais todo dia, algo como um copo cheio de leite integral e um bife pequeno de 60 a 70 gramas, ou seja, nada assim tão gigantesco. Na reta final da gravidez, isto é, no terceiro trimestre, a mulher deve ingerir apenas 450 calorias extras diariamente.

De onde vêm as calorias que a grávida deve consumir?

40% da gordura (dos óleos vegetais, por exemplo)

30% da proteína (carnes, ovos, peixes, leite, aves…)

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30% do carboidrato (pão, arroz, batata, cereais…)

O prato da grávida deve privilegiar também os famosos micronutrientes, como as vitaminas. Entre elas, vale destacar a B6, a B12 e a vitamina A. Essa última se acumula no organismo, por isso o consumo deve ser sob medida. Ou seja, ao mesmo tempo que esse nutriente não pode faltar, a grávida deve evitar comer com frequência alimentos como patê de fígado, que tem alta concentração dele.

Também devemos nos lembrar dos oligoelementos — como o magnésio, o selênio e o zinco —, que, afinal, são essenciais para a formação e o crescimento do bebê. Para que eles e outros tantos nutrientes importantes nunca faltem no prato da grávida, ele deve ser colorido, com legumes e verduras diversas. E ela também deve sempre consumir muitas frutas e cereais integrais.

Por mais variada que seja a dieta, porém, a gestante não está livre da suplementação do ácido fólico, nutriente fundamental para a formação do sistema nervoso do feto. Sem ele, os riscos de o bebê apresentar malformações aumentam. Por isso, toda mulher é orientada pelo obstetra a tomar cápsulas de ácido fólico diariamente durante o primeiro trimestre. Na realidade, o ideal é iniciar a suplementação quando a mulher começa a planejar uma gravidez, uns três meses antes de engravidar.

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E uma coisa é certa: no cardápio da gestante não deveria faltar carne vermelha. Esse ingrediente contém nove tipos de aminoácidos essenciais, substâncias precursoras de proteínas que serão usadas, feito tijolos, na formação e no desenvolvimento do bebê. De todas as eventuais restrições alimentares que uma grávida pode ter, é nessa que devemos prestar mais atenção, porque pode comprometer a criança no futuro, criando inclusive dificuldades de aprendizado. Por isso mesmo, o conselho para as vegetarianas é claro: elas devem procurar depressa a orientação de um profissional nutricionista, que irá balancear seu prato para garantir o aporte de todos os aminoácidos e vitaminas essenciais para a gestação, compensando a falta da carne.

Além das vegetarianas, as grávidas que se encontram muito abaixo do peso também devem buscar uma orientação nutricional. Provavelmente, vão precisar aumentar ainda mais a ingestão calórica para não colocar o bebê em risco. Já as obesas merecem uma visita ao nutricionista para evitar que engordem ainda mais, prejudicando o trabalhado de parto.

Assista à aula completa:

 

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Para reduzir a prisão de ventre

Uma queixa muito comum na gestação é a do intestino preso. Há medicamentos específicos para contornar esse problema, mas também é possível melhorar o funcionamento do intestino comendo alimentos com mais fibras e bebendo muita água. Sucos caseiros, feitos com iogurte, linhaça, gergelim, sementes de girassol e ameixa, costumam dar muito certo.

Alívio ao refluxo!

A partir do sétimo mês, é comum a gestante sentir certa queimação no estômago. Isso tem nome: refluxo. O útero cresce muito e aperta o estômago. O que tem dentro dele, quase invariavelmente, volta para o esôfago. Para evitar esse desconforto, melhor comer alimentos de digestão rápida, como os carboidratos (arroz, pão, batata, macarrão), especialmente à noite. Comidas ricas em gorduras (os óleos vegetais) e as proteínas (como as carnes), que são digeridas mais lentamente, devem ser saboreadas com parcimônia, de preferência na hora do almoço.

Existem, claro, alguns cuidados e restrições. No caso das saladas, por exemplo, é melhor que as folhas sejam sempre lavadas com hipoclorito de sódio, substância usada para esterilizar. Quando não se tiver certeza da assepsia, melhor optar por legumes e verduras cozidos. Eles não têm tantas vitaminas quanto os vegetais crus, mas oferecem baixíssimo risco de contaminação por bactérias.

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Os peixes, ótimas fontes de proteína, também merecem atenção. Eles infelizmente não devem ser consumidos todos os dias pelo risco de contaminação por mercúrio, metal pesado que muitas vezes contamina as águas e se encontra nos pescados. Se ultrapassar o limite e chegar ao bebê, poderá afetar seu sistema nervoso.

Adoçantes como o aspartame, a sucralose e a estévia são seguros porque, consumidos com moderação, não oferecem risco ao bebê. Já a sacarina e o ciclamato podem causar câncer de bexiga no feto. Apesar de a chance de o problema ocorrer ser muito pequena, melhor não arriscar. Os refrigerantes e iogurtes dietéticos têm grande quantidade de sacarina e ciclamato e, por isso mesmo, devem ter o consumo reduzido a uma vez na semana.

A mesma orientação de consumo moderado serve para os enlatados e embutidos. Eles têm uma quantidade excessiva de um conservante, o nitrito, usado para evitar a contaminação por botulismo.

Altas doses de nitrito na gestação, porém, podem aumentar as chances de o bebê sofrer alterações na oxigenação e de ter câncer de bexiga. Mas, calma, não são nove meses só de carne vermelha, frutas, verduras e legumes!

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A grávida pode tomar, por exemplo, até duas xícaras de café por dia. E, se quiser saborear um bom chocolate, pode degustar um bombom de até 20 gramas diariamente — o limite, no caso, é para não extrapolar nas calorias. Também está liberada para se divertir, duas vezes na semana, com pão ou pizza ou ainda com bolo e doces feitos com açúcar branco.

O que toda gestante precisa se lembrar, para ter força de vontade, é que esse período diferente, com um pouco de restrições e muita disciplina, dura apenas nove meses, e não nove anos. Nove meses passam depressa! E, se ela se alimentar direito, estará gerando uma criança muito mais saudável, com certeza.

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