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Aplicativo conta chutes do bebê no útero e ajuda a salvar vidas

Depois de sofrerem a dor da perda, mães norte-americanas ensinam outras mulheres a monitorar movimentos fetais e perceber mais cedo se algo está errado.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 30 jun 2017, 15h52 - Publicado em 30 jun 2017, 15h51
Grávida sentada no sofá com a mão na barriga. Ela usa um vestido rosa escuro e tem a pele clara. Não é possível ver o rosto nem as pernas.
 (LiudmylaSupynska/Thinkstock/Getty Images)
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Por volta da 20ª semana de gestação, a futura mãe já começa a sentir o bebê se mexendo em sua barriga. Quando os movimentos ficam escassos, porém, pode ser sinal de que o filho está com alguma dificuldade e precisa de atenção médica.

Foi pensando nisso que cinco mães dos Estados Unidos criaram em 2010 a campanha Count the Kicks (conte os chutes, em português). Todas elas passaram pela dolorosa experiência de perder um filho, seja pela morte súbita infantil, seja pelo óbito fetal, que pode ser precedido, entre outros sintomas, pela falta de movimentos do bebê.

Além de ensinar sobre a importância de rastrear o vai e vem do filho no terceiro trimestre da gravidez, o grupo desenvolveu em 2014 um aplicativo gratuito para auxiliar as mães nessa contagem. O programa não dá um número exato de movimentos, mas estabelece uma média baseada na atividade de cada bebê.

Agora em junho de 2017, o Count the Kicks voltou a ganhar destaque na imprensa quando Emily Eekhoff, norte-americana de Des Moines, em Iowa, disse que foi graças ao app que ela salvou a vida de sua filha, Ruby, na 33ª semana de gestação. Ao perceber que o número de chutes registrados havia caído drasticamente, a mãe correu para o hospital e lá descobriu que o cordão umbilical estava enrolado no pescoço da bebê e, por isso, ela não conseguia respirar direito.

Não se trata de sorte ou um caso isolado. Em Iowa, o estado natal das criadoras da campanha, a taxa de óbitos fetais caiu 26% em cinco anos, índice que agora elas pretendem replicar pelo país. “Após a 22ª segunda semana, pode ser anormal não sentir o bebê se mexer no mínimo seis vezes por hora”, aponta João Bosco Meziara, ginecologista da Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo.

Vale destacar que ficar parado não necessariamente quer dizer que o bebê está passando por apuros. “Me preocupa a obsessão em contar movimentos, que pode gerar angústia desnecessária da mãe sem trazer benefícios reais”, comenta Alberto D’Auria, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, na capital paulista.

O óbito fetal ocorre a partir da 22ª semana por vários fatores, entre eles doenças congênitas, diabetes gestacional, pré-eclâmpsia e eclâmpsia – a hipertensão específica da gravidez -, malformações e problemas como o descolamento de placenta. “Entendo que o aplicativo pode ser interessante nessas situações, onde já existe preocupação com o bem-estar uterino”, completa D’Auria.

No Brasil, o índice de óbito fetal é de 10,7 para cada mil nascimentos segundo o Ministério da Saúde – número considerado alto! Para se ter ideia, as piores taxas da Europa estão na faixa das 3 fatalidades para mil bebês. Geralmente o problema ocorre no terceiro trimestre da gravidez, justamente quando começa a movimentação.

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Dicas para contar os chutes

O programa Count the Kicks dá algumas dicas da Associação Americana de Ginecologia e Obstetrícia para monitorar sem sustos os movimentos do bebê. Veja:

  • A contagem deve começar só no terceiro trimestre. Antes disso, os movimentos ainda são quase imperceptíveis.
  • Meça a atividade uma vez por dia, no mesmo horário, de preferência no período que o bebê costuma estar mais agitado.
  • Avalie quanto tempo demora para sentir dez impulsos na barriga – pode levar até duas horas para isso acontecer.
  • As posições mais favoráveis são sentada com os pés para cima ou deitada de lado.
  • Não existe um número mágico, mas se o bebê que antes se mexia dez vezes em meia hora agora demora duas horas, pode ser sinal de que ele precisa de avaliação médica.

 

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