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A importância da placenta para o desenvolvimento do bebê

Ela é o foco das atenções durante os nove meses. Abrigar, nutrir e oxigenar o feto ao longo de todo o processo de gestação são algumas das suas funções.

Por Adriana Toledo (colaboradora)
Atualizado em 2 mar 2017, 16h20 - Publicado em 29 Maio 2015, 10h55
Thinkstock/Getty Images
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Antes mesmo de a menstruação atrasar, anunciando que a cegonha está a caminho, os preparativos dos aposentos do bebê já estão em pleno vapor para acolhê-lo. Por volta da quinta semana após a concepção, “células do trofoblasto – uma estrutura anexa ao embrião – começam a se infiltrar na parede do endométrio, o tecido que reveste o útero”, descreve o ginecologista e obstetra Luiz Fernando Leite, do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo. Deste processo se originará a placenta, estabelecendo um sistema de vasos sanguíneos que conectam a mulher a seu bebê. Mas, é somente quando a barriga completa quatro meses que a estrutura placentária atinge seu pleno desenvolvimento. “É ela que possibilita ao feto receber sangue oxigenado e com todos os nutrientes de que ele necessita”, explica o obstetra Eduardo de Souza, do Hospital e Maternidade São Luiz, em São Paulo.

Essa transferência de mãe pra filho ocorre por meio do cordão umbilical. “Ele possui duas artérias que trazem o fluxo sanguíneo do feto para a placenta e uma veia que retorna a ele com o sangue oxigenado, já que, durante a gestação, os pulmões não entram em cena”, ensina o médico. Em outras palavras, as duas principais funções vitais do bebê – a nutricional e a respiratória­ – são de inteira responsabilidade da placenta. E suas atribuições não param por aí. Ela também está envolvida na secreção de diversos hormônios, como a gonadotrofina coriônica, cujo principal papel é zelar pela manutenção da gravidez, inibindo a ovulação. “E também fabrica o lactogênio, que induz a produção de leite materno, e a progesterona, que prepara todo o corpo da mulher para carregar o bebê”, explica Luiz Fernando Leite.

Cabe ainda, à placenta, uma outra missão de suma importância: a de formar uma barreira contra agentes tóxicos do organismo da mãe e que são potencialmente perigosos para o pequeno. Vale alertar, entretanto, que substâncias como as do álcool e do cigarro, além de alguns vírus e bactérias, são capazes de transpor o obstáculo e afetar a criança. Leia mais sobre os malefícios do cigarro e do álcool durante a gravidez.

“Quando a placenta não dá conta de cumprir suas tarefas, devido à alguma deficiência, o crescimento fetal é prejudicado e, em casos extremos, isso pode impedir que a criança sobreviva”, alerta Souza. Dois momentos são cruciais para garantir um refúgio seguro ao bebê. Eles são marcados por fenômenos chamados de invasões trofoblásticas, que ocorrem no primeiro e no segundo trimestres de gestação. Durante sua formação, as ramificações da placenta penetram na parede uterina, buscando os vasos sanguíneos para se ligarem a eles, a fim de criar uma perfeita conexão com o futuro membro da família. “Caso contrário, a gravidez pode cursar com pré-eclâmpsia, um aumento perigoso na pressão arterial; restrição do crescimento fetal; e até descolamento prematuro da placenta”, avisa Eduardo de Souza.

Grávidas com idade avançada, hipertensas, tabagistas, usuárias de drogas e portadoras de distúrbios de circulação, como nos casos de algumas doenças reumatológicas, são mais suscetíveis a intercorrências placentárias. As futuras mamães de gêmeos também integram o grupo em que o risco é aumentado.

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Uma conduta para cada imprevisto

Entenda no que consiste cada problema que acomete a placenta e as estratégias médicas para atenuar seu impacto.

Placenta prévia: o útero tem o formato de uma pera em posição invertida. A placenta recebe esta classificação quando sua implantação é baixa, próxima ao cólo uterino ou, seguindo o raciocínio, ao “cabinho da pera”. Nem sempre isso representa motivo de grandes preocupações, mas há risco de sangramentos e de parto prematuro. Diante desse quadro, geralmente é necessário que a mulher seja submetida a uma cesárea. Repouso físico, sexual e emocional são as recomendações médicas para prevenir complicações.

Descolamento prematuro: trata-se de um evento mais grave, que pode acontecer no terceiro trimestre gestacional. Ele é mais frequente em mulheres hipertensas e provoca hemorragia na mãe, além de representar risco de morte ao feto. Nesse caso, o parto deve ser imediato. Mas, não confunda a situação com descolamento ovular – quando o saco gestacional que envolve o embrião se desprende. Isso costuma ocorrer no primeiro trimestre e pode promover um abortamento.

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Insuficiência placentária: a placenta se desenvolve e amadurece ao longo da gestação. O exame ultrassonográfico permite classificá-la em graus de maturidade. Caso esteja envelhecendo mais rápido do que o habitual, a vitalidade do feto precisa ser vigiada, já que os aportes de nutrientes e oxigênio podem se tornar insuficientes. O exame de dopplerfluxometria é um complemento ao ultrassom, em que se estuda o fluxo sanguíneo dos diversos vasos maternos e fetais. Outros exames que ajudam muito são a chamada cardiotocografia e o perfil biofísico fetal. Todos eles analisam parâmetros que traduzem as condições da função placentária, da oxigenação e da nutrição do bebê. Quando carências significativas são detectadas, pode ser necessário administrar medicamentos para acelerar o amadurecimento pulmonar da criança e, então, antecipar o parto.

Acretismo placentário: é quando a placenta penetra demasiadamente no útero. Após o nascimento, percebe-se que ela não desgruda da parede uterina, ocasionando grave hemorragia. Há diversos fatores que predispõem a este quadro, mas ele é muito mais comum quando a mulher é submetida a várias cesáreas de repetição. Nesse, caso, pode ser necessário realizar uma histerectomia, ou seja, a retirada do útero.

Dequitação incompleta: como diz o próprio nome, é quando o organismo da gestante não elimina completamente a placenta, depois de dar à luz. Daí que os especialistas precisam realizar uma limpeza manual do tecido remanescente.

E o líquido amniótico?
É o meio aquoso em que o bebê fica embebido, durante a gestação. “A diurese do feto é um de seus principais componentes”, esclarece Luiz Fernando Leite. Em português claro, ele é formado a partir da urina dele. “O líquido amniótico é muito importante para a movimentação do feto, para a proteção de sua pele e para o desenvolvimento de seus pulmões”, complementa Souza. Além disso, a substância evita compressões no cordão umbilical, o que acarretaria sofrimento fetal. Uma diminuição atípica no volume de líquido amniótico pode acender um sinal amarelo para problemas renais, além de comprometer o amadurecimento pulmonar. “Durante o pré-natal, no exame do abdômen, o obstetra consegue avaliar bem a quantidade de líquido, porém, a ultrassonografia é outro recurso fundamental para o acompanhamento de seus níveis.

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