7 dúvidas sobre o nascimento e os cuidados com os primeiros dentinhos do bebê

Veja as respostas paras as principais questões da fase oral do pequeno e saiba como estar preparada para quando ela chegar!

Por Carla Leonardi (colaboradora)
Atualizado em 27 out 2016, 19h47 - Publicado em 25 fev 2016, 16h38
Thinkstock/Getty Images
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Ter um bebê em casa é lidar com mudanças o tempo todo. E não tem jeito: cada fase do desenvolvimento traz uma série de dúvidas e preocupações, principalmente quando você percebe que ele está sofrendo por algum motivo. É o que acontece, por exemplo, quando os primeiros dentinhos começam a nascer. O choro fica mais frequente, a irritabilidade aumenta muito e o incômodo é evidente. Aí, o que fazer? E depois dessa fase, como cuidar da saúde bucal do bebê e manter as cáries bem longe? Veja as respostas para essas e outras perguntas e saiba como lidar com os dentes do seu pequeno da melhor forma possível.

1. Quando nascem os primeiros dentinhos do bebê?
Embora muitas tabelas indiquem que os primeiros dentes comecem a despontar entre os seis e oito meses de vida, é muito comum que esse processo se inicie um pouco antes ou depois dessa faixa etária. “De quatro meses a pouco mais de um ano, ainda consideramos normal. Mas, de qualquer forma, se nenhum dente estiver nascendo a partir do primeiro ano, já é aconselhável levar a criança a um odontopediatra para avaliar se existe algum problema. Embora não existam pesquisas que comprovem isso, é o que observamos na experiência clínica”, ressalta Gabriel Politano, especialista em Odontopediatria pela Universidade de São Paulo e doutor em Ciências Médicas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Entre os possíveis problemas, estão, por exemplo, a dificuldade que o dente encontra para romper a gengiva por causa de uma hiperplasia (aumento do volume gengival) ou como resultado de algum medicamento que a mãe pode ter tomado durante a gestação. Além disso, a ausência de dentes também pode ser resultado de determinadas síndromes ou outras questões genéticas. De qualquer forma, levar o bebê ao odontopediatra é importante também para diminuir a ansiedade dos pais, que devem se lembrar sempre de que cada criança tem o seu tempo de desenvolvimento e não necessariamente vai se encaixar aos “padrões”.

2. Quais são os sintomas relacionados a essa fase?
Você já deve ter ouvido falar que o período em que os dentes do bebê começam a surgir é acompanhado por sintomas desagradáveis, como febre, vômito e diarreia, por exemplo. Mas vale ressaltar que, embora muitos pais mencionem essas reações, nenhuma delas foi cientificamente fundamentada, sendo sempre refutadas pelos especialistas. “O que é associado ao nascimento dos dentes é a irritação, o choro e a inflamação localizada. As outras relações ainda não foram comprovadas enquanto causa e efeito e as febres relatadas – cujo motivo ninguém consegue descobrir – costumam estar abaixo dos 38º”, explica o especialista. Portanto, se os pais observarem uma temperatura mais alta, não devem associá-la diretamente ao nascimento dos dentinhos e precisam, sim, consultar um pediatra para investigar se o bebê não está passando por algum outro problema de saúde.  

3. Como aliviar a coceira e a dor na gengiva do bebê?
Os pais podem recorrer a métodos mais naturais à base de camomila ou até mesmo às pastas anestésicas – mas nada disso deve ser feito sem a orientação de um profissional. Em 2014, a US Food and Drugs Administration (FDA), órgão responsável por controlar alimentos e medicamentos nos Estados Unidos, posicionou-se contra o uso dessas pastas com base em relatos de óbito. “Há pais que abusam desses medicamentos porque, de fato, eles funcionam no dentinho que está nascendo, mas poderão ser engolidos em algum momento e, dependendo da dose, deprimir o sistema nervoso central”, destaca Politano. Vale lembrar, porém, que esses cremes não foram proibidos em nenhum país e podem ser usados – desde que se tenha muita cautela e orientação. “Não é porque eles têm camomila na composição que o seu uso é simples, já que contêm anestésicos como a lidocaína ou a benzocaína”, alerta o odontopediatra.

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Deixando os medicamentos um pouco de lado, as dedeiras e os bons e velhos mordedores (disponíveis em inúmeros modelos, inclusive com gel que, depois de gelar, aliviam bastante a coceira na gengiva) podem ser usados para minimizar o incômodo dos pequenos. Já sobre o colar de âmbar – item que ficou famoso há alguns anos – o especialista é enfático: “Não existe nenhuma evidência científica sobre os benefícios desse produto, que pode ainda ser perigoso, correndo o risco de enforcar o bebê ou ter suas bolinhas engolidas pelas crianças. Portanto, não faz sentido algum usá-lo”.

bee32/Thinkstock/Getty Images
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4. Como deve ser feita a higiene bucal?
Atualmente há diversos modelos de escovas de dente produzidas para cada faixa etária – inclusive de zero a dois anos. Elas é que devem ser utilizadas para higienizar a boca do bebê ao menos duas vezes ao dia. “Se a gente tem o objetivo de escovar os dentes, é para remover as bactérias que estão ali e o que faz isso de forma eficiente são as cerdas”, explica Politano. Já sobre a escolha da pasta de dente, é interessante apontar que diversos órgãos como o Ministério da Saúde, a Sociedade Paulista de Pediatria Médica e a Sociedade Brasileira de Odontopediatria, por exemplo, indicam que a escovação desde o primeiro dentinho seja feita com um creme dental que tenha mais de 1000 ppm (partes por milhão) de flúor. “Isso gera bastante confusão nos pais, já que aqui no Brasil, diferente dos Estados Unidos, há pastas com menos flúor destinadas a crianças e que, segundo a literatura médica, não são eficientes”, acrescenta. Por isso, para seguir essa recomendação, os pais devem observar o rótulo dos produtos antes de comprá-los, seguindo sempre a orientação de seu dentista. 

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5. O que causa a cárie em bebês?
Se você pensa que a cárie é um problema que acomete apenas crianças e adolescentes, talvez se surpreenda ao saber que os bebês não estão a salvo deste mal, principalmente aqueles que não têm uma dieta regrada. Isso acontece porque aquelas famosas mamadeiras no meio da noite – quando não acontecem apenas de vez em quando – podem ser extremamente prejudiciais aos dentes da criança. “O casos mais comuns (que nós chamamos de cárie de acometimento precoce) costumam aparecer nos dentes superiores, por volta de um ano ou um ano e meio de idade, e estão ligados à alimentação que acontece durante a madrugada. Se a mamadeira for com leite puro, ela é menos prejudicial, mas o problema é que, geralmente, fórmulas e outros produtos como mel e açúcar aumentam o potencial cariogênico”, esclarece Politano. O especialista tranquiliza as mães que estão acostumadas a dar para o filhote aquele último leitinho antes de dormir – sem escovar os dentes do bebê depois: “Se ela faz isso, mas não oferece as mamadas ao longo da noite e garante uma dieta regrada, além de fazer a higiene da criança de manhã e antes de dormir, o erro não é tão grave e não irá ser responsável por causar cáries”. Porém, como é difícil perceber que algum dente está cariado, as visitas ao odonpediatra são essenciais. 

6. A chupeta afeta os dentes?
Não são poucas as discussões que o uso da chupeta provoca, mas a verdade é que, embora seja tão querida pelos pequenos, ela pode gerar problemas se ficar na boca da criança por mais tempo do que deveria, entortando o osso da arcada superior. “Como o bico fica apoiado no céu da boca e a língua fica embaixo da chupeta, toda deglutida que a criança dá, ou cada vez que ela fala enquanto usa a chupeta, o bico empurra o osso para cima e para frente, levando à mordida aberta ou à mordida cruzada”, explica o odontopediatra. Quando isso acontece, não dá para escapar do uso de aparelho, já que são problemas que não se corrigem sozinhos. Por isso que esse acessório deve ser usado apenas para dormir e no máximo até um ano idade; depois disso, além de os efeitos se prolongarem, fica cada vez mais difícil convencer os pequenos a largá-lo. Vale lembrar que há estudos que sugerem um possível benefício da chupeta (apenas durante o sono, nos 12 primeiros meses de vida) na prevenção da síndrome da morte súbita do lactente. 

7. De quanto em quanto tempo o bebê deve ir ao dentista?
Essa é uma questão que varia bastante de acordo com cada criança e cada família. A ida de um bebê ao odontopediatra acontece, principalmente, para que os pais sejam orientados a lidar com os seus dentinhos. Ensina-se a forma correta de fazer a escovação, fala-se sobre a quantidade de flúor, o uso consciente da chupeta, a necessidade de evitar as mamadeiras da madrugada… Mas não dá para estabelecer uma frequência ideal de visitas ao dentista. “Por exemplo, é muito mais útil quando os pais levam a criança ao consultório uma vez por ano, mas seguem as orientações em casa, do que aqueles que levam de dois em dois meses, mas mantêm uma dieta desregrada”, finaliza Politano.

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