Basta colocar um celular ou um tablet na frente de uma criança agitada para que ela sossegue na hora. O problema é quando a distração vira vício e o pequeno não consegue tirar os olhos – ou as mãos – da tela. Aí, o que muitos pais fazem é impor limites. E, quando o tempo de uso do equipamento (e a paciência) está estourando, vem o aviso: “Você tem dois minutos para sair desse tablet/celular/videogame!”.
No entanto, segundo um estudo recente da Universidade de Washington, nos Estados Unidos, o hábito de alertar que o tempo de tela está acabando só piora o processo, não contribuindo para que a meninada se desvencilhe da tecnologia. Os pesquisadores notaram que crianças de 1 a 5 anos de idade que ouviam o aviso ficavam mais irritadas quando se separavam dos eletrônicos do que aquelas que não recebiam a intimação do pais.
Participaram do levantamento 28 famílias que, ao longo de duas semanas, documentaram informações como o tempo que passavam em frente às telas, o que os pequenos assistiam, em quais aparelhos, o que os pais faziam nesses períodos, o que motivava a atividade a acabar e o quão bravas ou amigáveis ficavam as crianças quando isso acontecia. Os resultados demonstraram que, na maior parte das vezes, a garotada reagia bem ao fim das brincadeiras com eletrônicos. O problema é quando ouviam a ordem de que, em poucos minutos, deveriam parar o que estavam fazendo. “Ficamos realmente chocados – ao ponto de pensarmos ‘bem, talvez os pais só deem o alerta pouco antes de algo ruim acontecer ou quando sabem que o filho vai ser resistente'”, diz Alexis Hiniker, autora do estudo. “No entanto, fizemos diversas análises e, de todos os jeitos, o aviso de que o tempo estava acabando sempre levava a reações piores”, relata a pesquisadora.
Atitudes positivas
Os especialistas notaram que os baixinhos lidavam melhor com a interrupção dessas atividades quando elas estavam inseridas em uma rotina ou quando a brincadeira acabava naturalmente, seja por falta de interesse, seja porque outra coisa ou pessoa chamou a atenção da criança. Os estudiosos notaram ainda que limitações da própria tecnologia (como falta de conexão WiFi ou término de bateria) também ajudam meninos e meninas a lidarem melhor com a necessidade de largar o celular ou tablet.
De acordo com os pesquisadores, os fabricantes poderiam pensar em desenvolver aparelhos que avisassem sozinhos que o tempo de uso está acabando. A família determinaria quantos minutos o filhote teria para brincar e, quando o período estivesse terminando, o próprio dispositivo alertaria. Aí, o pequeno teria que ficar brigando com a tela – o que, convenhamos, não faz muito sentido.