Em novembro de 2013, o casal de americanos Keri e Roarke Morrison viveu a pior experiência que qualquer pai e mãe pode ter: a perda de um filho. Jake, que na época tinha 2 anos e meio, morreu afogado ao cair num lago acidentalmente durante a noite. Em memória ao pequeno, os pais criaram a fundação Live Like Jake (Viva como Jake, em português), que tem o propósito de conscientizar outros pais sobre o afogamento e prevenir esse tipo de fatalidade.
Uma das alunas da instituição é a nova filha de Keri e Roarke, Josie, de 1 aninho. Desde que completou 1 mês de vida, a pequena é treinada a aprender a boiar sozinha, simulando uma situação em que ela pudesse cair na água e se afogar. Funciona assim: alguém mostra um objeto para a menina, encorajando-a a entrar na água. Ela mergulha de frente e, logo depois, vira de barriga para cima. E aí se mantém na superfície por cerca de 1 minuto.
Recentemente, Keri compartilhou no Facebook um vídeo da filha durante o treinamento quando ela ainda tinha 6 meses de vida. Mas, ao invés de conscientizar, a gravação causou polêmica e indignação nas redes sociais. Muitos consideraram o método cruel e um risco à vida de Josie.
Palavra de especialista
Embora a mãe defenda que o treino não ameaça a sua filha, a técnica é contraindicada por muitos pediatras e especialistas em segurança. “A natação não serve para evitar acidentes”, alerta o pediatra Marcelo Porto, vice-presidente da Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) e autor do livro Opa! Cuidado aí!, sobre prevenção de acidentes na infância. “É importante, sim, que a criança pratique essa atividade, mas isso não dá, em hipótese alguma, a garantia de que ela vai se salvar em um eventual afogamento”, adverte.
Daí porque a Academia Americana de Pediatria (AAP) é bem rígida quanto ao início das aulas de natação: a entidade recomenda que meninos e meninas só comecem a frequentá-las após os 4 anos. Isso porque, nessa idade, eles já têm mais capacidade de aprender a se virar sozinhos na água. “Crianças muito pequenas ainda não têm maturidade para se salvar numa situação inesperada e de urgência”, afirma Porto. Elas até podem saber boiar, como a pequena Josie, mas isso não significa que os aprendizados da piscina serão aplicados na hora em que uma fatalidade acontecer.
Mas calma! Apesar das orientações estritas, a natação para bebês está liberada, desde que isso não sirva de desculpa para os pais tomarem menos cuidados em casa na proteção da piscina, da banheira ou mesmo de baldes. Nos primeiros meses de vida, a modalidade deve ser feita apenas com a finalidade de ser uma atividade lúdica, de estímulo aos vínculos entre pais e filhos e de incentivo à pratica esportiva. E lembre-se: até que o seu pequeno seja grandinho, ele deve estar SEMPRE acompanhado do pai ou da mãe e de um professor. “Afogamento é algo que acontece extremamente rápido, em menos de 1 minuto. Se a criança não morrer, ela certamente vai ter sequelas gravíssimas. Água não é brincadeira”, atesta o vice-presidente da SPRS.