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Pesquisa investiga por que nem todos acham recém-nascidos “fofos”

Se você também já pensou sobre o assunto, saiba que não está sozinho! E as razões por trás disso são mais profundas do que parecem.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 28 mar 2018, 15h19 - Publicado em 24 mar 2018, 11h00

Recém-nascido tem cara de joelho? Está aí um tópico que rende muita discussão. E um novo estudo acaba de indicar que nós tendemos mesmo a achar os bebês mais velhos um pouco mais bonitos. O trabalho, da Universidade Brock, no Canadá, comparou como 142 adultos reagiam a fotos de 18 pequenos em três momentos: logo depois do nascimento, com três e seis meses de vida.

Depois, perguntaram aos participantes o quanto eles estariam dispostos a adotar cada bebê, baseados na percepção do quanto eles pareciam felizes, fofos, saudáveis ou com características físicas semelhantes às deles. “Nós descobrimos que os recém-nascidos eram os menos atraentes fisicamente, enquanto os de seis meses eram os preferidos nesse sentido”, explicou Tony Volk, psicólogo da instituição e autor principal do trabalho.

A descoberta pode explicar porque algumas vezes é difícil criar vínculos com o bebê no começo da vida. Até por isso, o texto também sugere práticas para estimular essa conexão, como massagens e passar bastante tempo com filhote, além de fazer bastante contato pele a pele. Para a comunidade, a missão de apoiar novos pais o máximo possível.

Raízes antigas

Recentemente publicados no periódico Evolution and Human Behaviour, os achados complementam outras pesquisas anteriores sobre nossa percepção em relação às crianças. Nos anos 1940, já se teorizava que as características mais adoráveis dos bebês, como bochechas, olhos grandes e barulhinhos fofos, eram na verdade estratégias da evolução para estimular nos adultos o desejo de cuidar das criaturinhas.

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Agora, com a nova publicação, se mostrou que há ainda um outro viés nesta história: a capacidade de sobrevivência do bebê.  O comportamento dos pais seria um resquício de quando as famílias eram nômades, com poucos recursos e tinham muitas vezes que escolher o filho com mais chances de vida para alimentar.

“São decisões difíceis que tiveram que ser tomadas por milhares de anos, e um atraso na criação do vínculo faz com que os pais lidem melhor com essa perda”, explicou Volk na divulgação do trabalho. A teoria também explica porque haveria um pico de “percepção de fofura” aos seis meses de vida. “Ao pesquisar na literatura médica, vimos que era quase universal o fato de que bebês dessa idade sobreviviam a doenças melhor do que os menores”, complementa o autor.

A demora na criação dos vínculos vale, aliás, para os dois lados. O autor cita na divulgação do trabalho o fato de que os bebês demoram cerca de um mês para sorrir voluntariamente a uma pessoa e até sete meses para escolherem seu cuidador favorito e sentirem-se ansiosos quando eles não estão por perto.

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