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Palmatória volta como método de disciplina escolar em distrito dos EUA

Com autorização dos pais, alunos poderão sofrer castigos físicos caso professores e diretores julguem a medida necessária

Por Carla Leonardi
29 ago 2022, 16h13

Imagine como seria ser chamado à escola do seu filho e saber que castigos físicos poderão ser aplicados a alunos considerados indisciplinados. Foi isso que aconteceu em Cassville, distrito escolar que fica no sudoeste do estado de Missouri, nos Estados Unidos. O aviso aconteceu em junho deste ano, e os pais receberam um formulário por escrito para que autorizassem a medida.

Segundo o superintendente Merlyn Johnson em entrevista ao Springfiel News-Leader, muitos pais se mostravam frustrados com o fato de as escolas não poderem aplicar punições físicas aos alunos. “Eles diziam ‘por que vocês não podem usar a palmatória na minha criança?’ e nós respondíamos ‘nós não podemos, porque nossa política não apoia isso’. Conversamos e esse foi um pedido dos pais“, disse.

sala de aula
(Godong/Getty Images)

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Punição é polêmica, mas constitucional

Em 1977, a Suprema Corte Americana determinou que cada estado seria livre para decidir sobre o uso ou não de castigos corporais nas escolas públicas. Para se ter uma ideia, de acordo com o Washington Post, 19 estados permitem a palmatória, sendo que alguns liberam o uso até em escolas particulares. A decisão, portanto, é constitucional, por mais que provoque – de forma muito compreensível – reações negativas de pessoas e entidades que enxergam qualquer violência não como método de disciplina, mas como estímulo a comportamentos agressivos.

Diversos estudos ao redor do mundo já apontaram o quanto os castigos físicos são ineficazes como forma de educação e têm potencial de repercutir negativamente até a vida adulta. Nos Estados Unidos, instituições como a Academia Americana de Pediatria e a Associação Americana de Psicologia chamam a atenção para essas questões; as Nações Unidas, inclusive, consideram a prática uma violação dos direitos humanos.

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Em Cassville, o superintendente Johnson afirmou que o desejo dos pais será considerado e apenas os alunos cujos responsáveis concordaram com a medida poderão ser alvos da palmatória. “Nós respeitamos a decisão dos pais, qualquer que seja ela”, disse.

De acordo com a política adotada, o castigo físico só será aplicado caso todas as outras alternativas falhem e quando houver recomendação do diretor da escola. As regras estabelecidas afirmam que “bater na cabeça ou no rosto do estudante não é permitido. A única punição corporal autorizada é bater nas nádegas com uma pá [paddle, em inglês, que se aproxima mais do que, em português, conhecemos como a palmatória]“.

Vale lembrar que o Missouri é um dos principais estados conservadores e tradicionalistas do país.

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