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Documentário pretende falar sobre abandono paterno no Brasil

Batizado de "Todos Nós 5 Milhões", o filme depende de financiamento coletivo para ser realizado. E você pode contribuir para que ele saia do papel!

Por Júlia Warken
Atualizado em 28 nov 2016, 15h10 - Publicado em 25 nov 2016, 01h36

Segundo dados divulgados pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em 2013, o Brasil tem 5,5 milhões de crianças sem o nome do pai na certidão de nascimento. Para se ter uma ideia, essa quantidade é superior à soma da população de Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife e Maceió. E, para chegar a tal estatística, o CNJ usou como base apenas as crianças matriculadas em escolas, ou seja, o número na realidade é ainda maior.

O cenário é grave e se torna ainda mais triste quando a gente percebe que ninguém está falando sobre o assunto. Quantas campanhas você vê sendo realizadas? Quantas vezes isso é debatido em profundidade na televisão? O que está sendo feito para que esse quadro mude?

Pensando nisso, uma equipe de cineastas está querendo lançar um documentário batizado de Todos Nós 5 Milhões. O filme se propõe a ouvir filhos abandonados pelos pais, mães solo, juristas, pesquisadores e filósofos. A ideia surgiu no ano passado, quando o diretor e corroteirista Alexandre Mortagua tomou conhecimento do impressionante levantamento realizado pelo CNJ.

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O projeto toca Alexandre de uma maneira pessoal, pois ele sabe muito bem o que é o abandono paterno. Apesar de ter o nome do pai na certidão de nascimento, ele foi criado apenas pela mãe (a modelo Cristina Mortágua), que teve que brigar na justiça pelos direitos do filho. Seu pai, o apresentador e ex-jogador de futebol Edmundo, o reconheceu a contragosto e nunca se interessou em estar presente na vida de Alexandre. Em 21 anos, os dois se encontraram apenas oito vezes.

A única diferença gritante que eu sinto na minha situação de abandono paterno é que ela foi exposta na mídia. Minha mãe procurou um advogado para assessorá-la e teve condições financeiras para enfrentar anos de batalha judicial e uma campanha vexatória, que reduzia a mulher interessantíssima que minha mãe é a simplesmente uma interesseira armando o golpe do baú. Isso às custas da estabilidade emocional dela”, conta.

Assim como Alexandre, a corroteirista e assistente de direção, Sara Mariel, e a produtora do filme, Luana Alves, também sabem o que é sentir na pele a ausência paterna. “Para a criança, esse abandono nega a história, a identidade, nega aquela resposta que bate no fundo da cabeça quando a gente quer se entender um pouco mais: ‘De onde eu vim? Que fatores culminaram no meu nascimento?’ E não é nem uma questão de ‘Eu fui desejado?’, essa negação altera diretamente a percepção de identidade”, comenta Alexandre. 

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Garoto sozinho

Para que Somos Todos 5 Milhões possa sair do papel, a equipe do documentário lançou uma campanha de financiamento coletivo online. Ao todo, são necessários 88 mil reais e a arrecadação vai até o dia 11 de dezembro. Por enquanto, apenas 2% da meta foi alcançado.

Quer dar uma força? É possível contribuir através do site catarse.me, com doações mínimas de 15 reais.

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