Como manter o berço seguro

Encher o berço de bichinhos, checar periodicamente se está tudo bem com seu filho e deixá-lo dormir de lado, de bruços ou entre os pais são práticas bastante comuns. Saiba por que esses e outros comportamentos devem ser evitados.

Por Lila de Oliveira (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 03h13 - Publicado em 6 jun 2015, 22h06
Monkey Business Images/Stockbroker/Thinkstock/Getty Images
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Os cuidados com o sono do bebê devem começar no momento em que os pais decidem adquirir o berço. Embora haja uma infinidade de modelos disponíveis no mercado, especialistas afirmam que nem todos são 100% seguros.
 
Para Renata Waksman, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, é necessário observar uma série de detalhes antes de efetuar a compra. “Os pais devem passar a mão por toda a peça para se certificar de que ela não possui entalhes ou relevos com mais de 0,5 cm de profundidade, bordas cortantes ou pontas agudas”, orienta.
 
A pediatra explica que é muito importante conferir se o espaçamento entre as grades laterais do móvel varia entre 4,5 cm e 6,5 cm e se elas têm pelo menos 60 cm de altura – medida que deve ser ajustável, pois antes de completar 6 meses a criança já pode tentar ficar sentada, o que aumenta o risco de queda. Pelo mesmo motivo, aconselha-se que o estrado também tenha altura regulável.
 
Alessandra Françoia, coordenadora nacional da ONG Criança Segura, afirma que qualquer tipo de revestimento plástico deve ser evitado nos berços, assim como degraus entre a cabeceira, as laterais e os pés do móvel. “Os degraus são arriscados porque a criança pode ficar presa pela roupa”, esclarece.
 
Vale verificar, ainda, se não há rótulos ou decalques ao alcance dos pequenos e se a tinta aplicada na superfície é atóxica. “Em casos de berços com rodinhas, os usuários precisam acionar o mecanismo de travas logo após o deslocamento”, completa Alessandra. Quanto à localização do móvel, o mais adequado é mantê-lo longe de janelas, cortinas, fios elétricos, tomadas e paredes frias.

Caminha bem feita

Para garantir estabilidade, Valdenise Calil, neonatologista do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, indica o uso de um colchão firme e compatível com as dimensões do berço – o que também evita que o bebê prenda o dedo em pequenos vãos. O modelo escolhido deve ter até 12 cm de espessura, mas não pode ser muito leve, para que a criança não consiga dobrá-lo, já que isso poderia aproximá-la do limite da grade.
 
O kit de roupa de cama não precisa ter nada além de um cobertor, um lençol para encapar o colchão e outro para servir de coberta – todos firmemente presos de modo que, mesmo se o bebê se mexer muito durante o sono, os tecidos não cheguem até o seu rosto, o que aumenta o risco de sufocamento.

Esvazie o berço

Enquanto a neonatologista indica a utilização de travesseiros com até 3 cm de espessura, o pesquisador Gustavo Moreira, do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo, considera que o uso do acessório não é necessário. “Em geral, os bebês conseguem ficar com a postura adequada sem o travesseiro, então ele deve ser dispensado, pois traz o risco de sufocamento”, diz. Mas se seu filho costuma ter refluxo, recomenda-se levantar a cabeceira do berço com opção de regulagem do estrado, ou colocar uma pequena manta dobrada embaixo do colchão, elevando um pouco o espaço para a cabecinha.
 
O alerta do pediatra pode parecer exagero, mas dados da ONG Criança Segura comprovam que o sufocamento está entre as principais causas de morte em recém-nascidos. A coordenadora da entidade ressalta que qualquer objeto macio oferece esse perigo, incluindo brinquedos, bichos de pelúcia e almofadas. 
 
A mesma recomendação vale para os pequenos enfeites dos móbiles. Além de bem fixos aos fios, eles precisam estar a uma altura que não permita que a criança se machuque ou se pendure.

Postura correta

Pelo menos no primeiro semestre de vida, o bebê deve dormir de barriga para cima, de acordo com Alessandra Françoia. “Ao deitar de lado ou de bruços, ele respira um ar ‘viciado’, isto é, o ar que ele mesmo expira, o que pode promover asfixia. Uma criança maior ou um adulto acordaria ou trocaria de posição, mas, nesta fase inicial, a parte do cérebro que controla esse reflexo muitas vezes ainda não está desenvolvida”, explica.

Quando a fome bate

Valdenise Calil, do Hospital das Clínicas, observa que o recém-nascido geralmente acorda com fome de uma a duas vezes por noite. O procedimento mais adequado, segundo ela, é esperar que ele arrote depois de mamar no primeiro peito e só então permitir que ele mame no outro. Em seguida, mesmo que ele já tenha adormecido, é necessário deixá-lo em pé para fazê-lo arrotar novamente antes de voltar ao berço. “Isso garante que o ar e o leite deglutidos em excesso sejam eliminados”, diz.

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O enigma do choro

“Saber reconhecer o que as lágrimas dos pequenos representam é fundamental, mas isso não costuma ser muito fácil, especialmente para pais de primeira viagem”, afirma Gustavo Moreira. Segundo o pediatra, até os 6 meses os bebês sentem bastante fome, então é importante que a mãe atenda a qualquer chamado. “Mas, com o tempo, ela aprende a identificar que esse choro pode também indicar sono, cólica ou incômodo, causado pela sujeira da fralda”.

Independência

Embora algumas mães só consigam ficar tranquilas nas primeiras noites se colocarem o filho para dormir na cama do casal, os especialistas não aconselham essa prática, pois existe risco de sufocamento pela coberta ou pelos próprios pais. “O ideal é que, nos primeiros quatro meses, o bebê durma no quarto dos pais desde que haja espaço para seu berço”, opina Valdenise.
 
Passado este período, em que o sono é mais irregular, a criança já pode dormir sozinha, “até porque os pais costumam desenvolver o que chamamos de audição seletiva”, explica Moreira. “Eles podem não acordar com um caminhão superbarulhento, por exemplo, mas se o bebê fizer qualquer som diferente, despertarão na mesma hora”, diz o médico, que indica o uso da babá eletrônica somente em casos de muita ansiedade. Ele também não recomenda que os pais verifiquem toda hora se a criança está bem, pois qualquer intervenção no meio da noite pode habituá-la, podendo prejudicar seu sono no futuro.

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