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“20 meses após adotar um filho de usuários de crack: o que mudou”

Mãe solo, Annie Baracat conta como tem sido sua vida depois da maternidade.

Por Carla Leonardi
Atualizado em 23 mar 2018, 19h29 - Publicado em 23 mar 2018, 17h28
“20 meses após adotar um filho de usuários de crack: o que mudou”
 (Annie Baracat/@maefotografando/Instagram)
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No dia 5 de agosto de 2016, a fotógrafa Annie Baracat se tornou mãe. Aos 38 anos, Lilo chegou para mudar a sua vida. Fruto de uma adoção, o pequeno foi gerado por uma usuária de crack e conheceu sua nova família quando tinha seis meses de vida. No ano passado, Annie contou em um Confessionário como tinha sido a sua trajetória na fila da adoção e como ela se sentia sendo mãe pela primeira vez. Hoje, o pequeno está com dois anos e um mês e Annie volta para contar o que mudou nesse período.

“Lilo chegou à minha vida através da adoção no dia em que completei 38 anos e estamos juntos há exatos 20 meses. Foi maravilhoso me tornar mãe. Foi muito melhor do que eu imaginava. De lá para cá, minha vida mudou muito, minha prioridade é ele, meus horários giram em torno dele. Nossa relação é de muito afeto, amor e cumplicidade. Ouvi-lo me chamar de mãe, saber que procura meu colo e meu olhar para se sentir seguro, para se sentir amado, me traz um sentimento maravilhoso de empoderamento. É mágico me sentir tão amada.

Quando chegou, ele estava com 6 meses e, hoje, prestes a completar 26 meses, é um garotinho lindo. Tem crescido forte, amoroso e esperto. A escola nos ajuda muito no desenvolvimento e aprendizado de atividades importantes para a idade dele. Nasceu com Hepatite C e, quando completou 1 ano, fizemos um exame de sangue e descobrimos que era apenas o vírus circulante da genitora que estava no corpinho dele. No dia em que estávamos no consultório do pediatra e soubemos deste resultado fizemos festa! Além disso, observo o crescimento dele e, graças a Deus, mesmo tendo vindo de um forninho onde provavelmente não houve nutrição suficiente e tendo tido contato no ventre com drogas, ele cresce saudável.

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Logo que resolvi optar pela adoção solo recebi críticas de todo tipo. Das pessoas que palpitavam sobre a origem do meu filho, das que achavam absurdo adotar solteira, que eu não seria capaz de fazer tudo sozinha… Desde que meu filho chegou, o comportamento mudou muito. As pessoas em geral me acham uma pessoa iluminada, generosa por ter optado pela adoção. Raras entendem que a presenteada sou eu. É difícil, sim, ser mãe sozinha, mas isso nada em a ver com a adoção. Adoção é banhada em amor, é a escolha em ser mãe e pai, é aguardar ansiosamente essa chegada. Muitas vezes é uma espera angustiante. Mas é sem dúvidas um amor avassalador!

Desde a chegada do meu filho enfrentei duas demissões, e uma delas está sendo vivenciada neste momento. Por ter mudado minha forma de pensar, de consumir, estamos vivendo uma vida mais simples, mas sobrevivendo neste momento de desemprego.

Olhando o dia da chegada do meu amor até hoje, março de 2018, vejo que não sei mais como era minha vida antes dele. Minha rotina é bem cansativa, por muitos e muitos dias me sinto exausta, física e emocionalmente, mas quando ele me chama (sim, ele já fala e já está passando pelo desfralde) os problemas ficam menores. Lilo uniu a família, conquistou todos ao nosso redor e ainda me presenteou com duas irmãs amigas, que moram perto, são minhas amigas de infância, nos falamos diariamente e é maravilhoso ver meu filho crescer com as filhas delas.

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Por essas e tantas outras que eu digo que a presenteada fui eu. Ele me trouxe amor e união.”

Confira, a seguir, o texto “Carta para uma futura mãe do coração”, que Annie compartilhou em sua conta no Instagram:

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Carta para uma futura mãe do ❤️ Querida futura mãe do coração. Eu já estive em teu lugar. Vivi a ansiedade da incerteza da tua espera. O não saber se serão 03 dias, 03 meses ou 03 anos…. Sei que você receberá a notícia enquanto espera, de que outras famílias estão se formando através da adoção, e você se questionará, muitas vezes com certo amargor, porque ainda tua hora não chegou. Eu sei como é isso. Mas calma. Respira. Foque em algo que você goste e que te ajude a passar este tempo. Te garanto que ele vai passar e que um belo dia você receberá o telefonema mais importante da tua vida. Esteja preparada pata este trabalho de parto intenso. É uma mistura de dor, de euforia, mas certamente de uma emoção indescritível. Só quem já passou sabe, e logo, você também saberá. Prepare-se pois você não terá lindos 9 meses para preparar tudo. Dependendo, alguns dias. Tenha uma rede de conexão amiga e que possa te ajudar, pois você precisará se dividir em visitas e enxoval. Em visitas e arrumação. Em visitas e noites sem dormir de tão feliz que estará. A partir deste dia, uma criança não gerada em teu ventre, mas muito desejada habitará cada poro do teu ser. Você certamente nem lembrará de como era tua vida sem este amor. Te garanto que toda a espera vai valer a pena. Talvez em algum momento você sinta medo. Se questione. Calma, a grande maioria passou por isso. É normal. Por isso aproveite a tua espera e se prepare com leitura, cursos, informação de quem já esteve em teu lugar. Tente se blindar de pessoas com a boca amarga e com comentários maldosos. Não se entristeça. Só quem vive este amor é capaz de entender. Teu amor por esta criança mudará aos poucos o pensamento destas pessoas. A adoção foi a coisa mais importante que já me aconteceu. Te prepare para este amor. É avassalador! Bem vinda ao clube!!! Texto: Annie Baracat, mãe do Lilo. Jan/18 – @maefotografando #vidademae #maedemenino #gravidezinvisivel #gravidezdocoraçao #adotei #vamosfalardeadoção #bemvindaaoclube #babyboy #adoption #worldadoption #postdnatal #ideiadepost #dehojenoblog #olhaonatalgente #glamourdonatal #likejaneiro #curtejaneiro #solidarie #newyearlove #semfimdeamor

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