Saúde

Tudo o que você precisa saber sobre varizes na gestação

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por Flávia Antunes Atualizado em 14 dez 2020, 16h28 - Publicado em
14 dez 2020
16h27

Aparecimento de estrias, inchaço nos pés, crescimento dos seios… Embora cada gestação seja única, algumas mudanças no corpo são mais frequentes e já esperadas pelas mulheres quando pensam em suas jornadas de nove meses com o bebê na barriga.

Outros sinais, porém, não são tão comentados assim e a gestante pode até estranhar ao reparar que seus vasinhos na perna – antes tão discretos – aumentaram em espessura, ficaram mais azulados e tomaram a forma de varizes.

A condição costuma ser associada a pessoas com idades mais elevadas, mas na verdade o seu aparecimento durante a gravidez é bastante comum. Para desmistificar o tema, preparamos um guia com tudo o que você precisa saber sobre as varizes que surgem enquanto a mulher espera seu filho: o que são, por que ocorrem, como prevenir e os tratamentos indicados para aliviar os sintomas.

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Afinal, o que são varizes?

“Trata-se de uma condição muito comum e se caracteriza pela presença de uma variada gama de alterações das veias, que vão desde as pequenas marcas conhecidas como vasinhos até veias tortuosas e dilatadas de maior calibre conhecidas como varizes propriamente ditas”, explica Dr. Matheus Bertanha, cirurgião vascular e professor da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP).

Segundo o doutor, o problema progride dependendo das condições da paciente. Isso significa que ele pode permanecer como um caso leve e de preocupação puramente estética ou evoluir para uma situação mais grave, em que a pessoa apresenta feridas na pele que não cicatrizam.

O mesmo vale para os sintomas. Em algumas mulheres as varizes são indolores, enquanto outras sentem uma dor incômoda nas pernas, que se parece com uma sensação de peso ou queimação e que pode chegar até a região próxima das coxas e virilha.

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Por que elas são mais frequentes nas gestantes?

Muitos fatores explicam a prevalência de varizes em gestantes e o primeiro deles é a hereditariedade. “As mulheres que nascem em famílias com histórico de varizes podem desenvolvê-las em função da predisposição hereditária. Além disso, durante a gravidez as alterações hormonais facilitam o inchaço de todos os órgãos e das paredes das veias, que se dilatam”, diz o Dr. Eduardo Toledo de Aguiar, membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular (SBACV).

Mas vamos por partes, porque cada etapa da gravidez vem acompanhada por um acontecimento que pode favorecer o aparecimento das marquinhas na pele. No início, por exemplo, a alteração que mais influencia é mesmo a hormonal, por conta do aumento de alguns hormônios femininos.

Já a partir do segundo trimestre, são as mudanças físicas que mais impactam. “O ganho de peso e o aumento do tamanho do útero levam a compressões fisiológicas que elevam a pressão sobre a veia. Assim, esse sangue fica mais aprisionado nos membros inferiores – diminuindo o retorno venoso – e mais água fica retida, deixando a região mais inchada e tornando propício o surgimento das varizes”, esclarece o Dr. Matheus.

Logo, se a futura grávida já sofre com varizes, poderá ter sua condição agravada por conta das alterações do período gestacional. No entanto, como o médico já relatou, a predisposição genética fala mais alto, então mesmo mulheres que se veem livres dos vasinhos podem tê-los de forma leve ou mais acentuada durante a gravidez.

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Como prevenir as varizes durante a gravidez

Já adiantamos: é possível que você cumpra todos os itens dessa listinha e mesmo assim observe alguns vasinhos ficarem mais saltados na gravidez, já que o desenvolvimento da condição tem influência genética. No entanto, alguns comportamentos podem, de fato, ajudar a prevenir o aparecimento ou evitar que o quadro se torne mais grave.

“O primeiro passo consiste em manter uma dieta equilibrada para evitar o ganho de peso excessivo durante a gestação”, recomenda Dra. Mariana Rosario, obstetra do hospital Albert Einstein. Ela também aconselha uma ingestão de água adequada para melhorar a drenagem de líquidos no corpo e a prática de exercícios físicos específicos para membros inferiores – quando liberados pelo obstetra -, já que podem ter efeito parecido e ajudar nos edemas e dores. 

O professor da UNESP acrescenta algumas recomendações às mulheres que estão gestando, que podem ser aplicadas até mesmo durante o expediente de trabalho. “Digo que evitem ficar muito tempo em pé e tentem fazer intervalos de repouso, deixando a perna ligeiramente elevada por alguns minutinhos. Também não é bom ficar longos períodos com as pernas cruzadas, e uma alternativa interessante é o uso de meias elásticas ao longo do dia, que ajudam na circulação e diminuem a sensação de peso nas pernas”, afirma.

E também é possível dar uma ajudinha ao corpo na hora de dormir. Chegando perto de se deitar, a ideia é que as gestantes consigam relaxar e aliviar um pouco seus incômodos. Para isso, vale novamente levantar as pernas 10 centímetros acima da cama e, se a posição for confortável, passar a noite assim para diminuir as chances de inchaço nos membros inferiores, como explica o Dr. Eduardo. Se conseguir alguém que faça pequenas sessões de massagens nos pés, melhor ainda!

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Varizes apresentam riscos para o bebê?

Não diretamente. As varizes em si não possuem prejuízos para a saúde do bebê, porém complicações decorrentes dela merecem atenção. “Quanto pior o quadro de varizes, maior o risco de desenvolver trombose, porque como há uma dilatação dos vasos, se torna mais difícil de bombear o sangue, e ele parado coagula”, esclarece a obstetra.

A condição pode oferecer perigos para o pequeno, especialmente se o trombo bloquear o fluxo de sangue e nutrientes ou obstruir de vez a passagem para a placenta, podendo causar um descolamento. Saiba mais sobre o diagnóstico e o tratamento da trombofilia na gravidez.

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Dá para tratar?

Está notando a dilatação dos vasinhos ao longo dos meses da gravidez? Se as varizes forem indolores e o incômodo apenas estético, o melhor é esperar, porque durante a gestação os tratamentos medicamentosos devem ser evitados, como alerta o Dr. Matheus.

“Após o final da gestação, alguns sintomas tendem a se equilibrar e pode ser que os vasos voltem a um calibre menor. Mas se houver a persistência dos sinais, a mulher deve procurar a atenção especializada de um cirurgião vascular ou angiologista e poderão ser propostas cirurgias para as varizes ou tratamento com escleroterapia dos vasinhos, se a preocupação for com a aparência”, completa ele.

No período de aleitamento, de todo modo, o recomendado é se consultar com o pediatra para que ele diga quando o procedimento está liberado – ou seja, se tudo bem fazê-lo enquanto amamenta ou se apenas depois que a criança desmamar.

Já se o desconforto for grande durante a gestação e as dicas que citamos não surtirem efeitos, pode ser interessante marcar uma consulta com o obstetra ou com a dermatologista, para que os profissionais indiquem produtos não prejudiciais para a mãe e o bebê.

“Existe a diosmina, que é uma substância que pode ser usada durante a gestação quando há um quadro grave de varizes. Ela melhora a circulação, ajudando na questão dos sintomas”, aponta a Dra. Mariana. Vale ressaltar que é preciso de indicação médica para usar o fármaco, ok? Nada de se automedicar. 

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A dermatologista Dra. Regislaine Souza Miquelin adiciona mais algumas opções seguras para as grávidas nessa situação. “Para amenizar o desconforto e aparência das varizes já instaladas, pode ser feito o uso de hidratantes que melhoram a hidratação da pele, como os que possuem componentes como Pycnogenol, Centella Asiática, Castanha da Índia, Calêndula e Mentol, que ainda por cima são relaxantes”, diz. “O único cuidado que não podem ser usados os que apresentem na composição ureia acima de 3% e ácido salicílico acima de 2%”, acrescenta.

Mas se a mulher já apresenta um caso de varizes mais desenvolvido antes mesmo de receber a notícia de que terá um filho, os médicos concordam que o mais seguro é realizar o tratamento antes de engravidar. “Tanto para o próprio conforto da grávida durante o período gestacional quanto para evitar riscos de situações de urgência, como sangramento das varizes no decorrer da gestação”, conclui o Dr. Eduardo. 

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