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Quando começar a tratar de educação sexual com o seu filho?

Papo sobre sexualidade deve começar muito cedo e permanecer pautando conversas ao longo do crescimento

Por Valentina Bressan
11 nov 2024, 17h00
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Os temas e a abordagem sobre sexualidade devem ser adequados a cada fase do crescimento, mas a dica é mantê-la sempre presente, adicionando camadas de complexidade com o passar dos anos (Freepik/Reprodução)
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Se engana quem pensa que educação sexual envolve apenas explicar aos adolescentes como praticar sexo seguro, usar contraceptivos e afins. A educação sexual inclui conversas sobre corpo, limites e consentimento – que devem começar bem antes da adolescência.

Os temas e a abordagem devem ser adequados a cada fase do crescimento, mas a dica dos especialistas é que a educação sexual faça parte do cotidiano em casa mesmo antes de que o bebê possa falar.

De início, a educação sexual consiste em ensinar o que são as diferentes partes do corpo e mostrar à criança que é sempre necessário pedir permissão para tocar nela – e que outras pessoas não podem encostar nas partes íntimas dela. Com os anos, passa a contemplar noções de higiene íntima, sexo, menstruação, autoestima e gênero.

Ao contrário do que algumas pessoas defendem, falar sobre sexualidade não incentiva crianças e jovens a terem uma vida sexual ativa precocemente. Construir uma relação de confiança com os filhos transforma crianças em adolescentes mais seguros e tranquilos para lidar com as práticas sexuais na idade adequada.

Vale lembrar que um terço dos casos de violência sexual na faixa etária que vai até os 17 anos vimitiza crianças com menos de dez anos. O diálogo aberto e sem julgamentos sobre sexualidade é fundamental para garantir que a criança recorra aos pais quando vivenciar ou testemunhar situações de violência.

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A internet também desempenha um papel central nesse jogo: é natural que as crianças tenham curiosidades sobre vários aspectos do corpo humano e sobre sexo. Quando têm vergonha de perguntar ou quando os pais se recusam a responder essas questões, os pequenos recorrem à internet – e aí podem se deparar com noções incorretas e pouco saudáveis sobre o tema, além de entrar em contato com conteúdos adultos.

O que falar em cada idade

Como a relação entre pais e filhos é construída de formas diferentes em cada família, alguns tópicos de conversa podem surgir antes ou depois – a lista a seguir é uma sugestão a partir de recomendações de especialistas.

As dicas fundamentais são manter a abertura para o diálogo e fazer do papo sobre sexualidade uma constante em casa. A ideia não é abordar o tema apenas uma vez, mas ir criando camadas de complexidade sobre o assunto.

Antes dos cinco anos

Mesmo antes que a criança possa falar, pedir permissão para trocar a fralda e limpar os genitais dela é uma forma de estabelecer um diálogo – que será contínuo – sobre consentimento e limites do corpo.

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Com o aprendizado das palavras e frases, começam a surgir as curiosidades sobre diferenças sexuais: ao tomar banho, por exemplo, a criança pode perguntar por que a mãe não tem pênis.

Essa é uma boa oportunidade para dar os nomes certos às partes do corpo – a recomendação de educadores é usar as palavras “vagina” e “pênis” desde cedo, para evitar confusão – e explicar que essas são regiões privadas do corpo, que só podem ser tocadas pelos pais na hora de dar banho ou quando fazem uma visita ao médico.

Criar hábitos de higiene adequados e saudáveis é uma prática que começa já nessa idade. A criança deve aprender a lavar seus genitais adequadamente durante o banho, mesmo que ainda conte com a ajuda de um dos pais.

Nessa fase, também aparecem curiosidades sobre gravidez e bebês. O importante é evitar, a todo custo, a história da cegonha e outras metáforas mentirosas: a criança já consegue ter um entendimento básico de que os bebês surgem de uma relação física entre adultos.

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Entre 6 e 7 anos

Nessa idade, perguntas sobre as diferenças entre meninos e meninas começam a se intensificar. Vale explicar o que é puberdade à medida que as crianças entendem como o corpo se transforma com o crescimento.

Tanto meninas quanto meninos devem aprender o que é menstruação, por exemplo, e ter noções básicas sobre reprodução, gravidez e parto.

É nesta faixa etária que a exploração corporal fica ainda mais frequente. O importante é que a criança entenda que tocar as partes íntimas é uma prática normal e saudável, desde que feita num ambiente de privacidade.

Com a presença digital de crianças cada vez maior, o papo sobre sexualidade deve incluir aspectos de educação digital. As crianças precisam aprender sobre os limites das relações na internet. Além de limitar e monitorar o tempo que a criança passa online, a pornografia pode ser assunto: você pode explicar que se, por acaso, a criança avistar fotos de pessoas nuas na internet, ela deve avisar os pais – e ter noção de que não é culpada por aquela situação.

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Aqui, os pequenos também já entendem, de forma básica, o que é orientação sexual, e podem fazer perguntas sobre casais hétero ou homossexuais. É uma boa oportunidade para introduzir assuntos que vão voltar na pré-adolescência.

Os alertas sobre abuso sexual devem se intensificar: lembre sempre que a criança pode recusar que alguém toque nela, e que deve pedir ajudar caso alguém encoste nas partes íntimas dela ou tente envolvê-la em alguma brincadeira ou “segredo” de cunho sexual.

Entre 8 e 9 anos

Nessa fase, é normal que comecem a surgir perguntas na linha de “como os bebês são feitos?” e “o que é sexo?”.

Uma boa dica para falar sobre sexo e gravidez é devolver a pergunta à criança, dizendo: “o que você sabe sobre isso?” ou “o que te fez pensar nisso?”. Outra recomendação, que vale para todas as idades, é usar o contexto de filmes, desenhos ou livros para falar sobre sexualidade.

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Algumas crianças já podem vivenciar a primeira menstruação ou a primeira ejaculação espontânea durante a noite nessa idade. Elas devem estar munidas de informação para saber o que está acontecendo com seus corpos – e você pode sempre relembrar o tema de forma a driblar a vergonha e o sentimento de culpa.

Essa abertura deve permear toda a relação com a criança. Ela pode se sentir culpada por menstruar ou ejacular se sujar um lençol, por exemplo – é importante que ela saiba que todos esses acontecimentos são partes normais da vida humana, e que ela pode encontrar acolhimento dos pais.

A partir dos 10 anos

Aqui, oficialmente começa a pré-adolescência. O marco dos 12 anos é a idade mais comum para a menarca e as primeiras ejaculações espontâneas.

O tema do sexo seguro e do uso de preservativos deve entrar na pauta da família. Identidade de gênero, desejo e relações sexuais são outros tópicos que podem surgir.

Desde então, o pré-adolescente deve estar ciente de que não deve iniciar a vida sexual por pressão dos amigos ou vergonha. Cada um tem uma jornada única e uma construção própria em torno das relações sexuais e românticas – e cabe a você, pai ou mãe, mostrar que apoia o jovem nesse caminho.

Para os adolescentes

A maior estratégia para pais de adolescentes é manter um canal de comunicação aberto e acolhedor com os filhos. Nessa fase, os jovens costumam ter suas primeiras experiências românticas e sexuais – e o álcool também começa a ser uma questão nessa idade.

Além de dar as orientações padrão sobre sexo seguro e os perigos das infecções sexualmente transmissíveis, é importante que os pais estejam disponíveis para acolher os adolescentes, em seus erros e acertos.

A violência sexual e os relacionamentos abusivos deve seguir sendo assunto dentro de casa, sem tabus. Embora adolescentes preferiram compartilhar as mudanças dessa fase com amigos em vez dos pais, iniciar um diálogo sobre educação sexual na infância dá mais chances de que o jovem se sinta confortável para seguir conversando abertamente com os pais nessa nova faixa etária.

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