O que é dislexia? Saiba identificar e o que fazer
Transtorno de aprendizagem afeta mais de 700 milhões de pessoas no mundo todo. Conheça os principais sintomas e como tratar
O transtorno da dislexia é um problema que pode afetar intensamente a qualidade de vida dos seus portadores e de suas famílias, especialmente quando se tem pouca informação sobre esta questão. De acordo com o Instituto ABCD, uma organização social que se dedica ao estudo da dislexia, mais de 8 milhões de pessoas no Brasil sofrem com o transtorno, o que representa 4% da população nacional. Já a Associação Internacional de Dislexia (IDA, na sigla em inglês) estima que haja mais de 700 milhões de pessoas disléxicas no mundo, cerca de 10% da população mundial.
O conhecimento sobre o assunto pode contribuir para que familiares e escolas estejam mais preparados e saibam das possibilidades de sucesso para a vida escolar e profissional de quem tem este problema. Por isso, é importante ressaltar que a dislexia não é considerada uma doença e os disléxicos não são menos inteligentes do que as outras pessoas. Existem duas formas do problema: uma é a dislexia clínica, que ocorre quando uma pessoa possui doenças neurológicas ou sofre traumatismos na cabeça.
A outra forma, mais comum e inesperada, é a dislexia do desenvolvimento, um transtorno neurobiológico que já nasce com a pessoa, geralmente com origem genética e hereditária e se caracteriza por um funcionamento peculiar do cérebro para processar os signos relacionados à leitura, gerando dificuldades de aprendizagem e compreensão textual.
Os pacientes com dislexia encontram empecilhos para decodificar símbolos gráficos, para organizá-los mentalmente e associá-los com o som que representam. Isso faz com que seja difícil reconhecer imediatamente as palavras, identificar rimas e sons, bem como para o próprio disléxico se expressar oralmente.
Sintomas da dislexia
Na educação infantil, alguns sinais podem ser identificados como a fala tardia, dificuldades motoras e para seguir ordens e rotinas. Durante a idade escolar e de alfabetização é que a dislexia fica mais evidente, pois os pacientes ficam dispersos na escola, têm dificuldades com rimas, canções e jogos e falta de interesse por livros impressos.
Algumas crianças também costumam confundir letras e palavras semelhantes, têm dificuldades para copiar escritas da lousa e para executar tarefas que envolvem coordenação motora concentrada (desenhos, pinturas, coreografias, etc).
Conforme a idade avança, os sintomas ficam evidentes com a desorganização generalizada, como perda de pertences e entregas de trabalho, leitura vagarosa e com erros, além da dificuldade de escrita cursiva.
Como é o diagnóstico e o tratamento?
Um diagnóstico precoce possibilita estratégias de aprendizagem eficazes e adequações curriculares para os portadores da dislexia. As crianças têm direito fundamental à educação inclusiva e à assistência especializada. Por isso, ao perceber sinais da dislexia, é recomendado procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS) ou seu pediatra de confiança para que o médico faça os encaminhamentos necessários.
O diagnóstico é feito a partir de avaliações multidisciplinares: antes de diagnosticar prontamente o transtorno, deve-se descartar deficiências visuais e auditivas, problemas psicológicos, familiares ou de escolarização que possam ser o real motivo da interferência na aprendizagem. Assim, os profissionais da saúde realizam avaliações de fala, linguagem, leitura, audição e função cognitiva para investigar a estrutura do transtorno.
Embora não haja uma cura completa para a dislexia, as dificuldades causadas pelo distúrbio também podem ser atenuadas por meio de tratamentos multidisciplinares. Essas abordagens geralmente incluem sessões de fonoaudiologia e acompanhamento psicológico, especialidades que ajudam as crianças a enfrentar o problema no dia a dia.