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Conheça 6 mitos e verdades sobre o uso de chupetas em bebês

Amado ou odiado, o objeto é alvo de muitas polêmicas. Esclarecemos algumas delas e explicamos o que considerar antes de comprar (ou não) uma chupeta.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 28 out 2019, 10h47 - Publicado em 4 out 2019, 18h11

A chupeta é um objeto comum no enxoval do bebê, e muitos pais a consideram um recurso válido para acalmar os filhos no início da vida. O objeto, contudo, é associado em estudos a uma possível interferência no desenvolvimento oral e na amamentação, principalmente se utilizado com frequência. Ou seja, apesar de acalmar, pode trazer mais riscos do que benefícios.

Para os especialistas, usar ou não é uma escolha pessoal, a ser tomada pelos pais. “Não existe certo ou errado, mas eles devem conhecer os riscos e receber orientações para tomar uma decisão consciente”, aponta Luciano Borges Santiago, presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP).

Esclarecemos a seguir alguns tópicos polêmicos sobre o assunto para ajudar a nortear a sua decisão:

Chupeta pode atrapalhar a amamentação?

Parcialmente verdade. Em sua diretriz sobre o assunto, a Sociedade Brasileira de Pediatria confirma a relação, embora destaque que as evidências sobre o assunto são conflitantes. “Sabemos que ela pode atrapalhar e que, por outro lado, quanto mais estabelecida a amamentação, menos a criança precisará da chupeta”, comenta Santiago.

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Entretanto, a Cochrane, uma entidade autônoma que revisa as evidências médicas mais robustas sobre diversos temas, diz que o uso não afeta significativamente a prevalência e a duração do aleitamento exclusivo. De qualquer maneira, a Associação Americana de Pediatria recomenda que a chupeta seja oferecida ao bebê quando a amamentação já estiver estabelecida, por volta das 4 semanas de vida.

“Se ainda há dificuldades como pega incorreta, dor e lesões nos mamilos e o bebê não ganha peso, a chupeta pode piorar essa situação”, aponta Kelly Oliveira, pediatra pela Universidade de São Paulo (USP) e consultora em amamentação pelo Conselho Internacional de Avaliação de Consultores em Lactação (IBCLE).

Chupeta pode atrapalhar o desenvolvimento oral?

Verdade. Estudos internacionais mostram que o uso prolongado é que está mais associado a problemas dentais. “Se ele for interrompido antes dos dois anos, mesmo que a mordida já tenha aberto um pouco, haverá uma readequação óssea da mandíbula e do maxilar para o formato adequado”, aponta a odontopediatra Aline Morais, que tira dúvidas sobre saúde bucal infantil no Instagram Encantadora de Crianças.

A Sociedade Brasileira de Pediatria alerta em sua diretriz, contudo, que qualquer tipo de uso pode interferir na formação do sistema estomatognático, conjunto de músculos que comanda fala, deglutição e respiração, especialmente quando associado ao desmame, pois o aleitamento é uma etapa fundamental para o desenvolvimento da região.

Todo bico de chupeta é igual?

Mito. A Associação Brasileira de Odontopediatria não recomenda o uso de chupetas de nenhum material ou formato. No entanto, em posicionamento oficial, diz que, caso o bebê já tenha o hábito de utilizá-la, algumas características precisam ser levadas em conta. O escudo da chupeta, a parte externa, deve ser côncava e com orifícios de respiração para evitar irritações de pele e lábios. Já o bico deve ser muito macio e “ter o formato que permita que a criança, ao abocanhar a chupeta, possa fechar ao máximo a boca”.

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Cada faixa etária tem um tamanho recomendado, e o formato do bico também interfere. “A chupeta não é a grande vilã, basta não fazer a utilização prolongada e escolher um bico ortodôntico, que mantenha os lábios unidos, seja flexível e fino no centro, para reduzir o risco de desalinhar os dentes”, resume a odontopediatra Aline.

“Também é importante que o bico seja flexível, para que a língua suba em direção ao palato, em sua posição natural”, destaca Monika Skokan, líder da área de cooperação médico-científica da MAM, entrevistada em viagem à convite da marca para a Áustria. O material faz diferença: o látex é mais natural, mas menos resistente ao calor e a ranhuras que facilitam a contaminação por micro-organismos. Assim, o ideal é, se fizer uso do acessório, preferir os de silicone, mais duradouro e higiênico. 

Dedo é melhor que chupeta e vice-versa?

Relativo. A necessidade de sugar faz parte do desenvolvimento normal dos bebês e costuma ser suprida pelo aleitamento materno em livre demanda. A Sociedade Brasileira de Pediatria aponta que a sucção do dedo por volta dos dois meses é normal e que não há benefícios em oferecer a chupeta como alternativa. A entidade recomenda que os pais usem estratégias como oferecer mordedores e chocalhos no lugar do dedo.

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O problema é quando estes mecanismos são usados por muito tempo e depois que essa fase de transição já passou. Aí sim aumenta o risco de má-oclusão dentária e outros problemas orais e respiratórios. Independente do que os pais decidirem, a dependência de ambos pode ser um sinal de que algo está afetando o psicológico da criança. É preciso avaliar se o hábito não está substituindo o contato mais próximo com a a família e outras questões emocionais.

A chupeta acalma o bebê?

Verdade. A sucção não nutritiva é uma das estratégias dos pequenos para relaxar em momentos de tensão. E muitas mães acabam recorrendo a ela pois é impossível dar o peito 24 horas por dia para o filho. Neste caso, ela age mesmo como um conforto.

Mas, segundo os especialistas, considerando os prós e contras do seu uso, vale também entender melhor o contexto em que o bebê precisa ser acalmado, justamente para que a chupeta não vire solução para tudo. “Os pais devem ter em mente que é uma fase e que existem outras formas de consolar, especialmente nos três primeiros meses de vida, como o contato pele a pele, o uso de slings, ninar e balançar”, destaca Kelly.

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Todo bebê que usa chupetas tem problemas de saúde?

Mito, pois os estudos analisam a incidência de problemas em crianças que usam ou não chupeta – ou seja, trata-se de uma associação, não de uma causa direta. De qualquer maneira, é possível reduzir o perigo dessas complicações, oferecendo pelo menor tempo possível, em momentos estratégicos, de preferência quando outros recursos pacificadores já tiverem falhado ou na hora de dormir, e retirando assim que a criança se acalma ou adormece. E nunca como substituto de comida, descanso e atenção às necessidades básicas dos pequenos. 

Mais uma vez, repetimos: cabe aos pais, munidos de informações e ciente dos riscos, decidir sobre o uso ou não de chupeta. Vale sempre informar o pediatra sobre a sua escolha, ok?

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