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A ciência por trás da voz que fazemos para falar com bebês

Estudo mostra que o tatibitate é instintivo e universal. Entenda por que mudar o timbre é importante para conversar com os pequenos.

Por Chloé Pinheiro
Atualizado em 30 out 2019, 14h49 - Publicado em 31 out 2017, 09h00

Um estudo acaba de comprovar um fato que não é exatamente novidade para quem convive com bebês: mudamos a nossa voz para falar com eles. Pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, descobriram que o timbre, uma característica única e marcante da nossa voz, é alterado quando estamos falando na língua dos pequenos.

O achado complementa outros estudos que já mostraram que há alterações também no ritmo e na duração das frases quando estamos falando com aquela “vozinha” – definida como “tatibitate”. Para chegar à conclusão, os cientistas avaliaram 24 mulheres – 12 que falavam em inglês e 12 falantes de outras línguas.

A próxima etapa é descobrir como isso impacta no aprendizado da linguagem, mas não há dúvidas de que a influência exista. “Tanto que é intuitivo o fato de mudarmos a voz para falar com os bebês, fazemos automaticamente, e é esse conjunto de fatores que capta a atenção deles”, relaciona Jacy Perissinoto, coordenadora do Núcleo de Investigação Fonoaudiológica em Linguagem da Criança e do Adolescente do Departamento de Fonoaudiologia da Unifesp.

“É quase como se nós, adultos, estivéssemos ajustando a fala para recepcionar o humano recém-chegado”, explica Jacy. Na prática, isso ajuda na construção da linguagem muito antes do que costumamos imaginar.

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A importância da voz dos pais

As vozes familiares serão o primeiro contato que o bebê terá com o mundo das palavras e da comunicação. “O som, a melodia emitida pelos pais é fundamental nessa construção, por isso recomendamos que eles cantem e conversem com os filhos já nos primeiros meses de vida”, ensina Sheila Leal, fonoaudióloga e psicopedagoga especialista em dislexia, de Campinas.

Sem contar que no começo da vida, o som de outras pessoas falando, especialmente da mãe e do pai, é o som favorito do bebê. “E ele tende a responder de acordo com a intensidade da melodia da voz. Se ela for suave e prazerosa, é provável que ele reaja da mesma maneira”, aponta Jacy.

E tudo de um jeito acessível ao bebê, que tem seus primeiros contatos com a linguagem por volta dos oito meses de vida, mas reconhece a voz dos pais já no útero. “Estudos mostram que antes dele aprender as palavras em si já começa a associar a melodia da linguagem, então a mudança de voz que fazemos pode ajudar a apresentar as variações de melodia características de cada idioma”, comenta Aveliny Lima, fonoaudióloga e professora da Universidade de Brasília.

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Isso porque os filhos usarão o discurso dos pais para aprender a falar depois. E nesse sentido o som humano é melhor do que o de um desenho, por exemplo. “A falta de interação com outras crianças e até do modelo dos pais pode acarretar em atrasos no desenvolvimento da linguagem”, destaca Aveliny.

Por isso, os especialistas recomendam desde cedo muita conversa, sempre com palavras simples, entonação suave e timbre delicado. Provavelmente, bem do jeito que você já faz em casa. A ciência por trás da voz que fazemos para falar com bebês

 

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