As melhores brincadeiras para cada fase do bebê

Brincar não é parte apenas da natureza dos bebês. É também o modo como eles aprendem a organizar e a entender o mundo.

Por Vanessa de Sá (colaboradora)
Atualizado em 10 nov 2016, 17h05 - Publicado em 21 mar 2015, 15h06
Thinkstock/Getty Images
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Mamães e papais de futuros artistas, empresários, profissionais liberais, tomem nota disto: a cantiga de ninar que você canta para o seu bebê para embalar o sono dele, as coceguinhas na barriga, as caretas, o móbile pendurado no berço e, depois, os brinquedos têm um papel crítico no desenvolvimento da criança e nas habilidades que ela aprenderá e usará mais tarde.

Brincar é uma espécie de combustível que vai alimentar toda atividade intelectual em que a criança se engajar. “O cérebro se desenvolve desde o nascimento até a vida adulta. Os genes fornecem o projeto básico para esse progresso, mas as experiências dos primeiros anos de vida afetam o modo como ele é colocado em ação. Se elas são positivas, felizes, a arquitetura do cérebro da criança constrói uma fundação forte para o aprendizado, o comportamento e a saúde. A brincadeira é uma dessas experiências basilares, e os bebês já são capazes de reconhecê-la poucos dias depois do nascimento”, explica o pediatra Jack P. Shonkof, diretor do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard (EUA).

Segundo Shonkof, as interações que os pequenos terão com os pais no início da vida podem ser comparadas a um jogo de tênis. A bola, no caso, é o estímulo oferecido pelos cuidadores para que a criança possa “rebatê-lo”. “Bebês pequenininhos, claro, respondem ao estímulo por meio de expressões faciais, pelo balbuciar ou por um sorriso. Tocar os pezinhos deles, apertar os dedos das mãos são formas simples de brincadeiras para as primeiras semanas e meses de vida.” Para Mauro Luís Vieira, criador do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Desenvolvimento Infantil (NEPeDI), da Universidade Federal de Santa Catarina, o “coração” desses estímulos é a afetividade dispensada à criança. “Não é o conteúdo da fala que tem relevância, mas os atos que partem dos pais e que dão importância ao bebê e reafirmam que ele faz parte do ambiente. Isso é essencial.” A especialista em desenvolvimento infantil Teresa Ruas, de São Paulo, diz que as brincadeiras não precisam envolver necessariamente um objeto ou um brinquedo. “Mas eles potencializam a interação.”

Já a doutora em antropologia Adriana Friedmann, autora do livro O Desenvolvimento da Criança através do Brincar (Moderna), explica que é imprescindível deixar o baixinho explorar o seu entorno de forma autônoma para que ele seja desafiado e para que o adulto descubra suas habilidades. “Claro, os espaços devem ser seguros e os objetos não podem oferecer perigo. Mas ensinar brincadeiras, assim como estimular o movimento, sempre respeitando o tempo de cada bebê, que é muito individual, sem pressionar ou forçar e sem precocidades, também é essencial.”

Tudo o que o nenê tem como equipamento básico quando nasce são os sentidos e é por meio deles que ele inicialmente vai interagir com o mundo. “Os olhos são as primeiras ‘mãos’ do bebê e eles acompanham tudo atentamente. Sons, cores, texturas atraem muito a sua atenção e estão entre as brincadeiras ideais dos primeiros meses de vida”, relata Teresa. À medida que ele vai crescendo e desenvolvendo novas habilidades, como seguir movimentos verticais com os olhos, pegar ou pinçar com os dedos um objeto e, mais tarde, engatinhar e andar, as brincadeiras se tornam aquela peça que faltava no quebra-cabeça: um modo de dar sentido à figura, ou seja, ao mundo. “Brincar é uma terapia para a criança e ela expressa alegria e satisfação ao descobrir e elaborar algo que antes não entendia”, afirma Mauro. Mas não é só. “Muitos especialistas dizem que brincar também dá a chance de a criança colocar para fora o ‘cientista’ que existe dentro dela, explorando e testando ideias sobre como o mundo funciona”, diz Kathy Hirsh-Pasek, professora de psicologia da Universidade Temple (EUA).

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Montar blocos, apertar um botão que faz sair um bicho ou um som, só para citar alguns passatempos, nada mais é do que formas de o pequeno aprender a decodificar e categorizar todas as novas informações que ele recebe. “É assim que o bebê estabelece relações com o mundo que o cerca, aprende a resolver problemas, a lidar com o medo do desconhecido e com os seus anseios. Uma das brincadeiras de que eles mais gostam é quando a mãe esconde o rosto atrás de uma fralda e reaparece. É a partir de coisas como essas, por exemplo, que eles lidam com a questão da ausência da mãe, aprendendo rapidamente que ela é temporária”, explica Maria Angela Barbato, coordenadora do Núcleo de Cultura e Pesquisas do Brincar, da PUC de São Paulo. Cubos, livros de pano e tudo o mais que é oferecido ao pequeno também têm papel fundamental, não apenas no desenvolvimento das habilidades motoras finas e grossas e da coordenação como na sua evolução cognitiva. “As brincadeiras no início da vida são essenciais para o desenvolvimento da criatividade, algo que depende de funções mentais mais complexas, como observar, perceber, analisar, sintetizar, classificar e selecionar. E os passatempos com que ele terá contato ao longo do seu desenvolvimento vão introduzindo aos poucos essas capacidades”, analisa Maria Angela.

Segundo a antropóloga Adriana, é brincando que o pequeno imita, espanta-se, é desafiado, frustra-se e conquista novas emoções. “Tudo isso vai ajudá-lo a adentrar no mundo à sua volta, nos costumes, regras, ritmos e obrigações que virão mais tarde.”

As melhores brincadeiras para cada fase

Segundo a pedagoga Ângela Cristina Munhoz Maluf, autora do livro Brincar: Prazer e Aprendizado (Vozes), qualquer brincadeira deve atender à faixa etária em que o bebê se encontra. “Ela deve ser atrativa e muitas vezes é necessário adequá-la à idade do menino ou da menina, estimular o desenvolvimento nos aspectos de descobrir, inventar, refletir, tocar etc. Também é muito importante o olhar afetuoso, demonstrar confiança e muitos sorrisos”, explica.

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