62% dos abusadores sexuais online são conhecidos das crianças, diz estudo
A pesquisa americana destacou os principais tipos de abuso na internet e descobriu que a maioria dos crimes são causados por adultos que os jovens conhecem
“A imagem predominante que temos de um abusador sexual no ambiente online é a de que ele é um predador desconhecido, que persegue crianças através da tecnologia”. A afirmação do professor de sociologia David Finkelhor, da Universidade de New Hampshire, nos Estados Unidos, diz respeito a como a maioria dos adultos – e provavelmente você também – enxerga o abuso sexual infantil no espaço online.
No entanto, um estudo conduzido pelo Centro de Investigação de Crimes contra Crianças da instituição constatou que essa realidade é um pouco mais variada do que se imagina. “A violação pode vir de pessoas que estão presentes na vida real, adultos que as crianças conhecem e que, através das mídias sociais, tentam atraí-las para relacionamentos ilegais, além de jovens que ganham dinheiro vendendo imagens sexuais online”, completa David.
O estudo, publicado nesta sexta-feira (14) na revista científica JAMA, é a primeira pesquisa que busca analisar de várias formas como o abuso sexual infantil online se comporta. Após a investigação de mais de 2.639 jovens entre 18 e 28 anos dos Estados Unidos, os cientistas descobriram que 62% dos abusadores online eram conhecidos das vítimas, sendo um terço deles menores de 18 anos e a maioria atuais ou ex-parceiros íntimos.
Os perigos da internet
Os tipos de abuso que as crianças estão vulneráveis também foram classificados entre o ato de ser aliciado online por um adulto; ter imagens íntimas divulgadas ou a exigência de pagamento em dinheiro para o não compartilhamento de material particular; e a prática sexual de modo comercial online.
Além disso, identificou-se que as taxas de abuso sexual infantil desses tipos eram mais altas para meninas e crianças transgênero ou de gênero fluido. Já entre os garotos, um em cada treze meninos relataram exposição a abuso. O estudo apontou ainda que a faixa etária de maior vulnerabilidade é entre os 13 e 17 anos.
Para os pesquisadores, as crianças precisam muito mais do que apenas avisos sobre como interagir com estranhos ou não fornecer informações pessoais no ambiente online para evitar esse tipo de crime. “Elas necessitam de conselhos sobre como julgar a confiabilidade de amigos e conhecidos também, e como reconhecer e recusar pedidos inapropriados”, orienta David.