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Papai Comédia

Por Coluna
Fernando Strombeck é humorista, pai de primeira viagem da pequena Luísa, de 1 aninho, e autor do livro "Papai Comédia – da descoberta ao parto humanizado"
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A paternidade e as lacunas da vida

Fernando Strombeck, do blog Papai Comédia, faz uma reflexão sobre o que representam as memórias afetivas construídas com os filhos. Confira e se emocione!

Por Da Redação
13 ago 2017, 15h26

Todo pai é um colecionador de histórias. Talvez a minha coleção ainda seja um pouco curta, por conta da minha filha ter apenas um ano de idade, mas acho que essas histórias são tão deliciosas de serem lembradas, que eu não me canso de repassá-las em minha memória.

Tem histórias de ação: quando colocamos a Luísa em uma caixa de papelão e saímos puxando ela pela casa. Ou quando entramos correndo no supermercado com ela no sling, em busca daqueles últimos pacotes de fraldas em promoção.

Tem histórias tristes: quando corremos para o hospital, enquanto ela ardia em febre e estava com os pulmões congestionados. Quando ela bateu o queixo no chão tentando engatinhar e chorou durante um bom tempo.

Tem histórias de comédia: quando a Luísa fez um cocô explosivo, vazou a fralda, sujou as costas dela inteira, passou o body, desintegrou o lençol, atravessou o colchão, trincou o piso, abriu uma cratera no quarto e abalou a fundação da casa. E os pais? Rimos bastante – fazer o quê?

Tem histórias de amor: quando recebemos um olhar sincero, um carinho, um “Papapapa” e “Mamamama” espontâneo na hora em que mais precisávamos.

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Os primeiros passinhos de um filho são emocionantes (Fábio Augusto/Divulgação)

Minha filha me permitiu viver a minha vida com mais emoção, trouxe novos sentimentos, novos olhares e sentidos para muitas coisas que estavam guardadas em mim sem respostas.

Lembro do dia que a minha filha viu o mar pela primeira vez. Eu não me lembro da primeira vez que eu vi o mar, mas eu sempre vou me lembrar da primeira vez que a minha filha viu. Eu não me lembro da primeira onda que peguei, da primeira vez que comi areia, da primeira vez que mamei um peito salgado, da primeira vez que brinquei com baldinho na areia, do primeiro pôr do sol na praia ou do primeiro engarrafamento que peguei na serra quando voltávamos para casa. Mas eu lembro perfeitamente de todas essas primeiras vezes da minha filha. Hoje me peguei pensando sobre isso. É como se na minha história existissem várias lacunas, que eu sei que já vivi, mas que a vida fez questão de deixá-las vazias por algum motivo.

A paternidade veio como uma oportunidade de preencher essas lacunas da minha história com os mesmos momentos vividos pela minha filha, para, só então, o roteiro da minha vida ficar completo. Sei que quando eu ficar mais velho, não vou me lembrar de coisas que aconteceram na minha adolescência, mas vou me lembrar da adolescência da minha filha. Não é louco isso?

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Quando você se torna pai, você percebe que a vida é como um álbum de figurinhas de bons momentos que, no final, só conseguiremos completá-lo com a ajuda das figurinhas dos nossos filhos, das histórias com o seu filho.

E essas figurinhas não podemos comprar ou trocar com os amigos, ganhar no bafo, nem irmos atrás da editora em busca das que faltam. Essas são figurinhas exclusivas. Essas são verdadeiros tesouros.

E aí? Como anda o seu álbum? Um feliz dia dos pais a todos os colecionadores de figurinhas e belas histórias.

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