Conheça o que funciona de verdade (e o que é conversa furada) para reforçar as defesas naturais dos filhos contra vírus e bactérias.
Você sabe como reforçar a imunidade do seu filho? Com a pandemia de Covid-19, as fake news sobre o assunto ganharam força. Entre elas, soluções mágicas que prometem melhorar o sistema imune com uma cápsula, terapia ou alimento. A seguir, especialistas explicam o que é verdade.
Mito. A pediatra Karina Moreira Silva de Abreu diz que as vitaminas são importantes para o sistema imune, mas o ideal é obtê-las na alimentação e só suplementar quando há deficiência nutricional comprovada e recomendação médica.
“Muitas vezes, o que vemos é que o suplemento entra como um substituto dos alimentos saudáveis, mas aí a criança acaba não aprendendo a comer”, destaca a médica. Fora que o excesso de vitaminas pode ser prejudicial.
“Em alguns tabletes de vitamina C é possível encontrar uma dose 300 vezes superior à recomendada ao adulto, imagine para as crianças”, explica Márcia Yamamura, médica pediatra da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Verdade. Claro, não estamos falando para ninguém deixar o filho na sujeira pura, mas é fato que ele precisa ter contato com agentes patógenos presentes no ambiente para desenvolver seu sistema imune.
“Hoje a rotina mudou e crianças não tem contato com a natureza, de sentar no chão, estar em áreas externas. E o que vemos é um índice maior de alergias”, aponta Karina. Mas deixe para começar esse “treino” após os seis meses. Recém-nascidos ainda tem o sistema imune imaturo.
Depende. É normal crianças contraírem infecções virais com frequência pelo contato próximo. “O que deve chamar atenção são as infecções bacterianas de repetição, que exigem antibióticos várias vezes ao ano”, diz Karina.
Verdade. A exposição constante ao estresse desencadeia a liberação de cortisol, um hormônio que desequilibra o sistema imunológico. “Pais muito estressados podem acabar passando para a criança, que absorve a tensão”, explica Karina.
Verdade. Os nutrientes influenciam na manutenção das defesas do corpo. “Boa alimentação, sono adequado e estilo de vida ativo contribuem para que a imunidade se mantenha desde a infância”, conta Fabianne Carlesse, infectologista do GRAACC.
“Entre os nutrientes, podemos citar vitaminas C, D e A, zinco, ferro, ácidos graxos e as fibras”, indica Adriana Garofolo, também do GRAAC. Aposte em frutas cítricas como laranja, vegetais verde-escuros, leite e derivados, ovos, carnes, feijão, oleaginosas, aveia e probióticos.
Mito. Esses alimentos são benéficos, mas não obrigatórios. “Não existe recomendação de aumentar o consumo de alimentos específicos para prevenção de doenças. O que conta mais é uma dieta balanceada”, explica Adriana.
O mesmo vale para fitoterápicos como chás e o propólis. Pode dar, mas não espere milagres. “Não existe uma receita mágica para subir a imunidade, é um conjunto de fatores”, esclarece Fabianne.
Verdade. Na descida pelo canal vaginal, o bebê é coberto de bactérias e fungos presentes ali, o que é ótimo porque eles habitarão sua microbiota intestinal - o conjunto de bactérias e microorganismos que atua no sistema imune.
Já a amamentação exclusiva nos seis meses fornece ao pequeno todos os anticorpos (células do sistema de defesa que atuam contra um agente específico) já produzidos pela mãe durante a vida.
Assim, o recém-nascido, ganha uma espécie de imunidade “por tabela” enquanto a sua própria se desenvolve. Fora a composição do leite, cheia de proteínas, vitaminas e carboidratos e outros nutrientes.
Mito. Este é um dos argumentos do movimento anti-vacina. As vacinas são seguras e isso já foi comprovado por estudos científicos. Estima-se que a criança seria capaz de responder a 10 mil vacinas oferecidas simultaneamente.
Se 11 vacinas fossem aplicadas ao mesmo tempo, isso acionaria 0,1% do sistema imune, como mostrou um estudo clássico de 2002 publicado no periódico Pediatrics da Associação Americana de Pediatria.
Elas são, na verdade, essenciais para desenvolver a imunidade adquirida das crianças. “Cada vez que ela recebe uma dose, desenvolve seus próprios anticorpos, que carrega ao longo da vida”, explica Fabiane.