Saiba quando elas são esperadas, quando indicam um problema mais sério e veja dicas para aliviar os incômodos.
Durante a gravidez não é raro que a mulher se sinta desconfortável. Afinal, o corpo se transforma para que o bebê se desenvolva. Mais hormônios, mais peso, novo centro de gravidade, o bebê crescendo…
“Não é regra, mas faz parte, o problema é quando a dor é aguda, incômoda e só piora”, diz Ricardo Luba, ginecologista da Maternidade Leonor Mendes de Barros.
Estresse, sedentarismo e sobrepeso aumentam as queixas, mas há algumas dores que podem mesmo acompanhar a gestação.
Parte das mulheres com enxaqueca crônica melhoram quando grávidas. “Mas algumas experimentam uma piora, assim como as alterações hormonais podem provocar crises em quem não as tinha”, diz Marcos Wengrover Rosa, ginecologista do Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.
A enxaqueca aparece em qualquer período da gravidez por conta de gatilhos conhecidos, como excesso (ou falta) de café e alimentação. Mas mesmo as mais experientes não devem tomar o remédio de sempre, pois alguns analgésicos são contraindicados para gestantes. Consulte o médico.
Há uma situação ainda em que a dor de cabeça é preocupante. Por volta da 28ª semana, quando a dor é na região da nuca ou aparece como uma forte pressão na testa, pode ser sintoma de pré-eclâmpsia, a hipertensão típica da gestação. O quadro é sério e exige atenção médica.
É normal sentir. “É a adaptação do útero ao desenvolvimento
da placenta. Ele se contrai enquanto aumenta de tamanho e, por ser um músculo potente, essa contração é sentida como cólica”, comenta Wengrover.
Esse estica-e-puxa dura pelos nove meses, por isso algumas mulheres têm o incômodo mesmo quando o bebê já está maior. Compressas quentes ajudam, mas os médicos podem também indicar antiespasmódicos, como os da cólica menstrual.
O problema é quando a cólica vem acompanhada de sangramento ou é muito severa. “Quando a mulher não fica confortável em nenhuma posição e a dor só piora pode significar uma ameaça de aborto, infecção urinária e outros problemas”, alerta Luba. Na dúvida, cheque com o médico.
No terceiro trimestre, a barriga aumenta de tamanho e peso, causando dores lombares nas gestantes. “Entre a 24ª a 25ª semana, o centro de gravidade do corpo muda e, se a mulher tenta ficar reta, não consegue pois o peso da barriga a faz tombar pra frente”, diz Wengrover..
Para compensar a carga extra, inconscientemente o corpo da mãe “puxa” com as costas o peso para trás, alterando a curvatura da coluna. “Isso causa estresse muscular e a sensação de dor. As sedentárias podem sofrer mais com o despreparo dos músculos”, completa o ginecologista.
Compressas quentes ajudam, mas a melhor maneira de aliviar a dor é equilibrando a postura. “Pilates e fisioterapia são ótimos, mas até mesmo caminhadas leves já ajudam”, ensina Ricardo Andrade Freire, obstetra da Maternidade São Luiz Anália Franco, assim como acupuntura e RPG.
Em alguns casos, a dor na lombar pode ser o reflexo de uma infecção urinária e até de cálculos renais. Especialmente se for muito aguda, de um lado só ou acompanhada de febre e outros sintomas.
A sobrecarga também pode se refletir nos membros. Primeiro, porque para acomodar melhor o peso, a gestante tende a caminhar com as pernas um pouco mais abertas, o que sobrecarrega a musculatura.
Fora que, quando o nervo ciático inflama - outra situação possível no final da gravidez - ataca não só a coluna, mas também as pernas. Já o inchaço temporário provocado pela retenção de líquidos provoca incômodo no local e dor nas articulações: cotovelos, joelhos, punhos...
Essa é outra chateação que dá as caras com muita frequência, conforme a mama começa a crescer e se preparar para produzir o leite. Pode surgir
já no primeiro trimestre e tende a piorar conforme cresce
o tamanho.
“A grande maioria das mulheres sente dor local durante a gestação, mas a intensidade depende de fatores como
o tamanho da mama”,
comenta Freire.
Para amenizar, há sutiãs especiais para gestantes, sem bojo e com sustentação reforçada.
Contudo, se a dor vier acompanhada de vermelhidão e calor na região afetada e febre, pode haver uma inflamação no local. Nesse caso – como em todos os outros – vale a regra: na dúvida, cheque com o seu médico.