“Eu tentei amamentar o meu filho adotivo!”

Conheça a incrível história de uma mãe que tentou amamentar o seu bebê, fruto de uma gestação do coração.

Por Luísa Massa
Atualizado em 20 jul 2017, 20h33 - Publicado em 5 ago 2015, 13h46
Paula Roselini
Paula Roselini (/)
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Luciane Cruz, 32 anos, é mãe do Noah, de 2 anos, administradora e idealizadora do blog Gravidez Invisível. Aqui, ela conta como foi vivenciar a experiência de amamentar o seu filho adotivo.

“Adotar uma criança sempre foi o plano principal da minha vida. Quando conheci o meu marido, compartilhei com ele esse sonho e juntos tomamos a decisão de formar a nossa família por meio da adoção. Escolhemos nos tornar pais dessa maneira porque não vemos diferença entre um filho biológico e um adotivo.

O fato é que algumas pessoas me perguntam se eu não posso ter filhos, então, respondo que sim: tanto posso, que já tenho. Entendo que, na verdade, elas querem saber se eu consigo engravidar. Sim, eu poderia passar por uma “gestação da barriga”, caso optasse pelo caminho da inseminação artificial. Entretanto, esse nunca foi o meu desejo e nem o do meu marido. Serei eternamente grata a Deus por ter me abençoado com um pequeno príncipe por meio da adoção e estou “grávida de coração” novamente, esperando o meu segundo filho. Me sinto muito realizada como essa escolha!

Quando Noah nasceu para nós, ou seja, no momento em que ele chegou em nossas vidas, ele tinha apenas três dias. Eu já havia escolhido uma pediatra que também se tornou mãe por meio da adoção para acompanhá-lo. No segundo dia, o levamos para uma consulta – ele foi examinado e a médica nos passou orientações gerais sobre os cuidados que um bebê exige. Nesse dia, ela também perguntou se eu gostaria de amamentar. Confesso que, apesar de ter estudado bastante sobre adoção, maternidade e filhos, eu ainda não tinha pensado sobre essa questão. Mesmo assim, na hora respondi: “se for para o bem do meu filho, sim, eu quero!”.

Então, a pediatra me receitou um medicamento cujo um dos efeitos colaterais é a produção de leite. Ela me explicou que além da depressão pós-parto, há a depressão pós-filho, pois a vida das mães adotivas também mudam do dia para a noite com a chegada de uma criança que depende exclusivamente dos pais. A médica disse o que eu deveria fazer para estimular a produção de leite e me mostrou as posições que eu deveria colocar o meu bebê para mamar. Estava bem nervosa porque esse era o único assunto que eu não tinha explorado na teoria, por isso, congelei no momento em que ela disse para eu me arrumar, pois ela mostraria como dar de mamar.

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Apesar da ansiedade e do nervosismo, posso dizer que essa foi uma experiência muito especial para mim. Sentei na cadeira, tirei a blusa e meu marido colocou o pequeno no meu colo. Em seguida, a médica se aproximou e explicou como eu deveria colocar o bebê para mamar. Quando ela encostou a cabecinha dele no meu peito, ele prontamente pegou o seio e ficou sugando. Instinto de filho. Eu havia gestado esse bebê em meu coração por tantos anos e nós nos conhecíamos pessoalmente há apenas um dia, mas certamente ele reconheceu o meu cheiro. Eu ainda não tinha leite, afinal, nem tinha tomado a medicação, mas já existia tanto amor transbordando no meu peito que aquela “mamada” valeu por todas as outras que eu poderia vir a dar. Nesse momento, a emoção tomou conta da sala. Eu chorava incontrolavelmente, meu marido e a médica também estavam sensibilizados com a situação. Fiquei anestesiada por alguns dias.

Meu filho estava tomando fórmula desde o hospital, por isso, fomos orientados a continuar alimentando-o dessa maneira até que eu conseguisse produzir leite para amamentá-lo. O remédio fez efeito em aproximadamente duas semanas, mas Noah já estava acostumado com a mamadeira e a fórmula. Toda vez que eu tentava dar o peito, ele chorava muito e eu ficava nervosa com a situação. Meu marido também ficava apreensivo porque não queria vê-lo passar fome, então, acabávamos oferecendo mamadeira. Nos momentos em que eu ficava sozinha com o meu bebê, eu tentava amamentá-lo, mas ele não aceitava. Diferentemente de uma pessoa que tem um parto no hospital, eu não tive nenhum acompanhamento nos primeiros momentos para, por exemplo, certificar de que ele tinha aprendido a mamar. Infelizmente, não consegui seguir com a amamentação, mas Graças a Deus, o Noah é muito forte e saudável. Algo que também me incomodava eram as pessoas que queriam dar mamadeira para ele. Eu cedia com mais tranquilidade para o meu marido, mas ficava enciumada, pois acreditava que aquele era um momento especial para a mãe e o bebê.

Somente após um ano e meio do nascimento do meu filho, é que tomei conhecimento do trabalho da doulas. Hoje, percebo que teria sido maravilhoso contar com o suporte de uma profissional para me ajudar no pós-parto do coração. Para encerrar, espero que a minha história incentive todas as mães a amamentar, pois o leite materno é o alimento mais completo para a criança na primeira fase da vida, além do vínculo afetivo que é criado entre a mãe e o bebê. Para as mamães que terão os seus filhos por meio da adoção – no caso, recém-nascidos – tenham a certeza de que, sim, é possível amamentar! Basta ter uma boa orientação, paciência e acompanhamento – o que mais faltou para mim. Agora, se você tentou e não conseguiu, não se culpe ou julgue por isso. Existem alternativas para a alimentação dos bebês e é possível compensar essa “falta” com uma nutrição de carinho, cuidado e amor. Eu não me sinto “menos” mãe porque não tive uma “gestação de barriga” ou porque não amamentei. Muito pelo contrário: eu me sinto 100% mãe, pois amo o meu pequeno incondicionalmente. Eu sei que ele nasceu para ser o meu filho: esse é o verdadeiro amor, sem barreiras ou medidas!”

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