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Exames de sangue da grávida

A análise desses parâmetros fornece informações preciosas para assegurar a saúde da mãe e do bebê. Entenda a função de cada um.

Por Deborah Trevizan (colaboradora)
Atualizado em 26 out 2023, 09h25 - Publicado em 8 jun 2015, 14h23

Tão logo você eleja um obstetra de confiança, ele irá solicitar uma série de série de exames de sangue, essenciais para avaliar suas condições de saúde, no início da gravidez. Outros deverão ser repetidos ao longo da gestação. A lista é grande e vamos descrever um por um.

A primeira providência é identificar o Grupo Sanguíneo e Fator Rh da mãe, o que permite diagnosticar eventuais casos de incompatibilidade entre o sangue da mãe e do feto. “Se a mãe for Rh negativo e o pai positivo, é necessária uma medida de intervenção”, explica a pediatra Ana Paula Caldas, de Campinas, no interior paulista.

“Nesse caso, por volta da 28ª semana de gestação, é preciso administrar, na mãe, uma substância chamada imunoglobina”, avisa. Isso impede que o organismo da gestante produza anticorpos para atacar o Rh do bebê, o que pode induzir aborto e outras complicações. “E, se for detectado que o recém-nascido é Rh positivo, o procedimento deve ser repetido nas primeiras 72 horas após o parto”, esclarece a médica. A medida visa prevenir problemas em uma segunda gestação, caso a mulher engravide, novamente, no futuro.

Mas, a saga dos testes laboratoriais não para por aí. A ginecologista e obstetra Viviane Monteiro, do Rio de Janeiro, relacionou as demais avaliações, tão imprescindíveis quanto a primeira:

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  • Hemograma completo: acusa se a gestante tem anemia, alguma infecção ou deficiência de plaquetas, importantes para a coagulação sanguínea.
  • Ferro sérico, Ferritina, Vitamina B12, Ácido Fólico: também auxilia no diagnóstico e tratamento de anemias. Vale lembrar que os níveis de ferro da grávida precisam estar em níveis adequados, já que o feto dispõe do mineral para se desenvolver.
  • Proteínas totais e frações: flagrtam alterações renais, distúrbios intestinais e hepáticos e aumento das imunoglobulinas, que é um indicativo de processos infecciosos ou inflamatórios crônicos.
  • Ácido úrico, Uréia, Creatinina: avaliam a função renal. Alterações acendem o sinal amarelo para pré-eclâmpsia, distúrbio caracterizado pelo aumento da pressão arterial e eliminação de proteína na urina, com inchaço nas pernas e em outras áreas do corpo. Esse quadro leva à contração dos vasos sanguíneos, o que reduz o suprimento de oxigênio e sangue ao feto, à placenta e a vários órgãos da mulher, trazendo consequências sérias para a mãe e para o bebê. Não há, porém, motivo para pânico, já que o problema pode ser controlado. Daí a importância de um diagnóstico precoce.
  • Glicemia de jejum, Hemoglobina glicosilada, Frutosamina: servem para dosar o açúcar no sangue, para diagnóstico e controle de diabete.
  • TSH, T3, T4 livre, anti-TPO: flagra eventuais disfunções da tireoide, principalmente hipotireoidismo, condição em que a glândula não trabalha a contento. Caso seja detectado, é possível, por meio de tratamento específico, evitar que o problema comprometa o desenvolvimento do feto.
  • Anticorpo anticardiolipidina, Anticorpo anticoagulante lúpico, Fator V de Leiden, Proteína C, Proteína S: identificam a tendência da mãe de apresentar eventos de trombose e de outras doenças, que podem levar ao aborto.
  • HIV 1 e 2: se a gestante for portadora do vírus, é possível, por meio de medicamentos, diminuir o risco da transmissão para o bebê.
  • Listeriose: se não for tratada, a enfermidade, que é causada por uma bactéria encontrada em alguns alimentos, pode levar ao aborto espontâneo ou outras complicações com o bebê, como dificuldade respiratória, hipotermia e meningite.
  • Rubéola: o ideal é que as mulheres tomem a vacina contra a doença antes de engravidar, porque não existe tratamento na gravidez e a doença pode causar malformações fetais.
  • Toxoplasmose: também é importante para diagnosticar e tratar a doença, prevenindo malformações fetais.
  • Citomegalovírus: quanto antes for feito o diagnóstico e iniciado o tratamento de recém-nascidos infectados pelo vírus da mãe, melhor poderá ser a evolução de seu estado de saúde, já que os bebês contaminados durante a gestação podem apresentar baixo peso, icterícia, pneumonia, alterações neurosensoriais, epilepsia, paralisia cerebral, atraso no desenvolvimento e retardo mental.
  • Chlamydia: o risco para o recém-nascido pode ser diminuído ou até abolido se a infecção for controlada durante a gestação. Os riscos são de parto prematuro, rotura prematura de membranas e endometrite pós-parto, além de conjuntivite, infecção nasofaríngea e pneumonia no bebê.
  • Herpes Simples: a infecção fetal pode provocar aborto e comprometimento do Sistema Nervoso Central, partos prematuros, entre outras complicações. Detectado o vírus, é possível tratar a doença, durante a gravidez.
  • Hepatites A, B, C: quando transmitidas ao feto, existe risco de malformações fetais. Os recém-nascidos de gestantes com hepatite B aguda ou crônica devem ser vacinados contra o HBV e imunoglobulina, nas primeiras 12 horas após o nascimento.
  • VDRL e FTA-Abs: detecta a sífilis. É possível tratar a gestante e evitar a contaminação fetal. A bactéria pode passar para o bebê através da placenta ou durante o parto. A sífilis eleva o risco de parto prematuro e de restrição do crescimento intra-uterino. Alguns bebês que nascem com sífilis podem apresentar erupções de pele e lesões na boca, nos órgãos genitais e no ânus, além de anemia, icterícia ou pneumonia grave, nos primeiros meses de vida.  Se a doença não for tratada, os bebês podem sofrer sequelas sérias, como deficiência visual e auditiva, problemas ósseos e neurológicos.

Todos esses exames devem ser realizados no início da gravidez. Alguns deverãos ser repetidos, como Hemograma completo, Ferro sérico, Ferritina; Vitamina B12, Ácido Fólico, Proteínas totais e frações; Ácido úrico, Uréia, Creatinina, Glicemia de jejum, Hemoglobina glicosilada, Frutosamina, TSH, T3, T4 livre; HIV 1 e 2, VDRL e FTA, Abs, Listeriose, Rubéola, Toxoplasmose, Citomegalovírus, Chlamydia, Herpes Simples, Hepatites A, B, C. O objetivo é verificar se houve alguma mudança e tirar a prova dos nove, em casos de resultados indeterminados em exames anteriores.

Falsos resultados
Durante toda a gravidez, as alterações hormonais são responsáveis por muitas mudanças no corpo e na mente feminina. De acordo com Viviane Monteiro, no estado gestacional, alguns resultados apresentam alterações prevista, como o lipidograma que, em circusntâncias normais, indicaria que a mulher está com colesterol mais alto do que o adequado. A progesterona e a proatina também aumentam. “Por isso, é preciso ter em mente que os valores só se modificam devido aos hormônios da gravidez e isso não tem nenhuma relação com patologias. Assim que o bebê nascer, os índices voltam ao normal”, explica a médica. Ela ainda ressalta a importância de a mulher sempre informar que está grávida, quando for realizar algum exame, para que o especialista responsável fique ciente de que o desequilíbrio pode acontecer.

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