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Dermatite atópica em bebês e crianças: os sinais e o tratamento

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, a doença que atinge os pequenos a partir dos dois meses de vida não é contagiosa. Saiba mais!

Por Luísa Massa
Atualizado em 23 set 2022, 09h54 - Publicado em 19 set 2017, 16h00

Você começou a perceber que seu filho está se coçando com frequência, que a pele dele está ressecada, avermelhada e até com casquinhas? Talvez ele tenha dermatite atópica, uma doença inflamatória crônica que acomete crianças a partir dos dois meses de vida e também adultos. “O que muda é a localização das lesões: nos bebês, elas ficam principalmente na região do rosto, das bochechas e do pescoço. À medida que eles crescem, as feridas se concentram nas dobras das pernas e dos braços”, explica a dermatologista Paula Sanchez.

Atualmente, estima-se que cerca de 10 a 15% da população enfrente o problema em algum momento da vida. As pessoas com asma e rinite estão mais sujeitas a apresentá-lo e, embora não seja hereditário, o componente genético é importante. “Se os pais tiverem, a chance que o filho tem de apresentar a dermatite atópica aumenta, por isso, é importante investigar se há algum antecedente, mas é claro que fatores ambientais também estão relacionados”, afirma a médica.

Há, ainda, alguns aspectos que agravam a patologia, como as estações do ano. No frio, a pele costuma ficar mais ressecada, já no calor a transpiração aumenta. Locais com poeira, ácaros, substâncias químicas (como produtos de limpeza) e roupas sintéticas ou de lã são outras coisas que pioram o quadro. “O principal tratamento é usar hidratantes sem cheiro e cor. Também indicamos pomadas de corticoides e imunomoduladores tópicos, e orientamos que a criança tome banhos mornos, use sabonetes neutros somente nos locais em que realmente precisa – região genital, mãos, pés, braços – e evite buchas”, orienta a dermatologista.

dermatite atópica

Como lidar com a dermatite atópica?

Apesar de a coceira ser um dos principais sintomas, o ideal é que as crianças resistam à tentação, já que esse hábito também desencadeia o processo inflamatório. Por esse motivo, é recomendado que elas estejam sempre com as unhas cortadas e que os bebês usem luvas. Diferente do que algumas pessoas acreditam, a dermatite não é contagiosa e é fundamental que os pais expliquem isso – principalmente no ambiente escolar, para evitar que o filho sofra algum tipo de bullying.

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“Normalmente, os pequenos que têm a enfermidade acabam ficando mais prostrados, quietinhos e até deprimidos. Eles ficam chateados porque, às vezes, são discriminados por causa das lesões de pele. É importante conversar com os amiguinhos e até contar com grupos de apoio”, informa Paula. A AADA (Associação de Apoio à Dermatite Atópica) apresenta em seu site rodas de conversa que são realizadas em vários estados brasileiros e contam com pacientes que enfrentam o problema – entre eles crianças -, familiares e especialistas da área de saúde.

Novos medicamentos para casos graves

Atualmente, para os casos moderados ou graves de dermatite atópica, o anticorpo monoclonal dupilumabe e os inibidores da família de enzimas Janus Kinase (chamados de “inibidores de JAK”) têm demonstrado maior eficácia no tratamento. Os nomes são complicados, mas o especialista alergista Nelson Guilherme Bastos Cordeiro explica.

“O anticorpo monoclonal dupilumabe é uma medicação imunobiológica cuja ação principal é o bloqueio específico de proteínas (interleucinas) responsáveis pelo mecanismo da dermatite atópica”, detalha o membro do Departamento Científico de Dermatite Atópica da ASBAI – Associação Brasileira de Alergia e Imunologia. Sua aplicação se dá por injeções quinzenais ou mensais e é indicada para crianças acima dos 6 anos de idade.

Já os inibidores de JAK são “pequenas moléculas que interferem no mecanismo imunológico de determinadas células, responsáveis pelo aparecimento dos sintomas da dermatite atópica”, aponta Nelson. O medicamento inibidor administrado por via oral é o upadacitinibe, indicado para casos mais graves em doses mensais, mas apenas a partir dos 12 anos de idade.

Como explica o especialista, esses inibidores melhoram significativamente a coceira e as lesões de eczema causadas pela doença, sendo uma alternativa importante para casos que não respondem ao tratamento convencional. Porém, Nelson alerta que “esse tratamento deverá ser iniciado somente após avaliação clínica da gravidade da doença e realização de exames laboratoriais para afastar gravidez [quando há essa possibilidade], tuberculose e hepatite viral”.

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Foto de bebê com problemas de pele

Quando a dermatite atópica melhora?

Embora não tenha cura, a doença tende a regredir com a chegada da puberdade. Há especialistas que relacionam o surgimento da enfermidade com a fase em que a criança para de tomar o leite materno e introduz as comidinhas em sua dieta, mas essa é uma questão controversa. “Tem estudo que mostra que sim e outros que não existe essa associação. Mas ainda há pesquisas que estão sendo feitas e, talvez, no futuro a gente descubra que tem realmente relação”, diz a dermatologista.

Não existem maneiras de evitar a dermatite atópica, mas ela pode ser controlada com medidas relativamente simples. Se a criança tem rinite (ou asma) ou mesmo se os pais apresentam o problema, é importante ficar de olho. “Alguns estudos recentes dizem que hidratar a pele dos bebês é uma maneira de prevenir o problema, principalmente nos que apresentam esse histórico”, afirma a especialista. Procurar um dermatologista assim que os sintomas forem percebidos e seguir as instruções dadas é o primeiro passo para garantir a saúde do seu filho.

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