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Coqueluche: mãe que perdeu filho de 1 mês alerta para a importância da vacinação

O pequeno Riley, filho da australiana Catherine Hughes, morreu com 32 dias de vida após contrair a doença respiratória.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 28 out 2016, 00h36 - Publicado em 19 jan 2016, 16h53

No dia 13 de fevereiro de 2015, o pequeno Riley Hughes veio ao mundo. Ele era o segundo filho de Catherine e Greg Hughes, que já eram pais da pequena Olivia e vivem na cidade de Perth, na Austrália. “Um menino lindo e saudável”, segundo a mãe do bebezinho. Com três semanas de vida, o recém-nascido começou a apresentar sintomas de um resfriado e logo passou a tossir levemente. Ele foi examinado em casa por um médico, que disse que estava tudo bem. Mas o instinto materno de Catherine falava mais alto: não estava tudo bem!

O pequeno foi levado ao hospital infantil de Perth e a principal suspeita era de que ele tinha bronquiolite, um tipo de infecção nos pulmões. Mas logo os especialistas viram que se tratava, na verdade, de coqueluche – doença respiratória causa pela bactéria Bordetella pertussis e que também é conhecia como tosse comprida. Nos adultos, a enfermidade se manifesta como um resfriado comum, mas nos bebês que acabaram de nascer – e que ainda não estão com a imunidade fortalecida – ela pode levar a quadros graves de pneumonia, hemorragia ou mesmo à morte. E, infelizmente, foi o que aconteceu com o pequeno Riley.

No quarto dia de internação, o menino foi levado para a UTI pediátrica com pneumonia. “Ele foi piorando, piorando e, apesar de todas as intervenções médicas, Riley faleceu nos nossos braços, no dia seguinte à internação na UTI, com 32 dias de vida”, relata a mãe do garotinho. 

A importância da vacina

Enquanto o bebê estava no hospital, Catherine e Greg descobriram que países como Estados Unidos, Reino Unido, Bélgica e Nova Zelândia recomendam que a vacina contra a coqueluche seja dada às gestantes no terceiro trimestre de gravidez. É que, nessa fase, a mãe passa para o bebê uma grande quantidade de anticorpos. Com isso, até que seja vacinado (o que só ocorre aos 2 meses de vida), ele estará protegido. “Desde que essa prática foi adotada, o número de mortes por coqueluche no Reino Unido caiu mais de 90%”, conta Catherine.

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O caso de Riley alertou as autoridades australianas, que instituíram um programa de oferta gratuita do imunizante a mulheres que estão no terceiro trimestre de gestação. Catherine e Greg também fizeram sua parte: por meio da página Light for Riley (“Luz para Riley”, em português), no Facebook, eles pretendem alertar pais e mães sobre a necessidade de vacinarem seus filhos e, no caso das grávidas, de elas se imunizarem. “Nossa missão é evitar que outras crianças e famílias sofram uma perda parecida para uma doença que pode ser prevenida”, afirma Catherine.

Transmissão e proteção

O contágio da coqueluche se dá por meio do contato com gotículas eliminadas quando a pessoa que tem a Bordetella tosse, espirra ou fala. No caso dos bebês contaminados, os principais responsáveis pela transmissão costumam ser as próprias mães e, segundo um estudo recente, os irmãos mais velhos – isso quando eles não tomam o reforço da vacina.

O imunizante específico para essa enfermidade respiratória é a tríplice bacteriana, que também protege contra tétano e difteria. No Brasil, a rede pública disponibiliza a versão tradicional (DTPw) e, no sistema privado, é possível encontrar a acelular infantil (DTPa), que possui a mesma eficácia, mas os efeitos adversos são mais sutis. As três primeiras doses são dadas, respectivamente, aos 2, 4 e 6 meses de vida. Depois, a criança recebe um reforço entre os 15 e 18 meses e aos 5 anos de idade. Uma última aplicação ocorre quando ela completa 10 anos. Depois disso, a orientação é que a pessoa seja imunizada novamente a cada dez anos.

No caso das gestantes, mesmo que o período de eficácia da vacina ainda esteja vigente, é recomendável tomar uma dose extra no terceiro trimestre da gravidez, a fim de proteger o bebê. Desde novembro de 2014, a tríplice bacteriana acelular do tipo adulto (dTpa) entrou para o Calendário Nacional de Vacinação e está disponível para as futuras mamães no Sistema Único de Saúde (SUS). O Ministério da Saúde orienta que o encontro com a seringa ocorra entre a 27a e a 36a semanas de gestação, período em que a eficácia do medicamento é de 91%. 

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