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Sexo na gravidez do ponto de vista do homem

A preparação para a chegada de um filho mexe com o futuro pai quase tanto quanto com a futura mãe - e o sexo pode acabar ficando de lado. Mas não precisa ser assim.

Por Thiago Perin (colaborador)
Atualizado em 26 out 2016, 11h46 - Publicado em 14 Maio 2015, 21h47

O casal está grávido, mas, apesar da empolgação com o bebê que está por vir, o sexo esfriou. O que fazer? A comunicação é a ferramenta mais importante para manter a vida sexual saudável durante a gestação. Não ter medo de abrir o jogo e deixar o companheiro a par de como você está se sentindo, física e emocionalmente, evita mal-entendidos que podem causar um distanciamento – como aconteceu com o advogado Alexandre Lucena, de 32 anos. “Como nos primeiros meses ela ficou bastante indisposta, achei que não teria vontade de transar, e que seria incômodo para ela se eu tentasse alguma coisa. Então, me afastei”, conta ele. A esposa de Alexandre, sem entender, ficou se sentindo rejeitada. “Só lá pelos 5 meses da gestação ela me perguntou o que estava acontecendo, e ficou claro que nosso problema era falta de comunicação. Daí pra frente, nos entendemos e tivemos muito prazer”, lembra o advogado.
 
E se o problema não for apenas falta de conversa? Especialistas apontam que é perfeitamente normal passar por períodos em que a libido esteja mais baixa durante a gestação – e isso vale tanto para a mulher quanto para o homem. “É a mulher quem passa por todas as transformações físicas, mas o homem também passa por uma fase estranha, em que começa a pensar nas responsabilidades que estão chegando. Ele precisa ser um bom pai, ganhar dinheiro o bastante para sustentar a família, proteger a esposa e o filho…”, explica o terapeuta sexual Théo Lerner, de São Paulo. “Os medos são enormes, e é bastante comum que isso afete o desejo sexual”, completa a psicóloga e sexóloga Carla Cecarello, coordenadora do Projeto AmbSex, de São Paulo.
 
Período de adaptação
Outra questão que normalmente mexe com a cabeça do futuro pai é que, a partir do momento que a gravidez é confirmada, ele fica em terceiro lugar na relação. “A mulher só fala e pensa no bebê; se eles saem, ela não bebe; frequentemente, está indisposta… É difícil acompanhar o ritmo, e por isso acaba surgindo um distanciamento natural”, explica Carla. O ideal, então, é que o pai participe ativamente de todo o processo – que acompanhe a futura mamãe nas consultas médicas, na compra do enxoval, nas leituras e em toda a preparação para a chegada do bebê. “É essencial que o homem sinta-se incluído, senão, pode sofrer até crises de ciúmes, e isso causa problemas em todos os campos do relacionamento, especialmente no sexual”, aponta a sexóloga.
 
Ainda há muitos homens com receio de que, durante a penetração, o pênis possa machucar o bebê. “Isso é um grande mito. O bebê está devidamente protegido dentro do útero e, a não ser que o médico recomende, por motivos específios, não há problema nenhum em transar durante a gravidez”, explica Carla. Mas, mesmo sem esse receio, o sexo fica um pouquinho mais difícil. Nos primeiros meses, a mulher tende a ficar bastante indisposta. No segundo trimestre, ela já começa a voltar ao normal, mas a barriga já está crescendo, e cada vez menos posições são confortáveis na hora de transar, o que também pode prejudicar o prazer do homem. “Tem os que não gostam que a mulher fique por cima, por exemplo, que é uma das melhores posições para gestantes. Aí, broxam”, diz Carla.
 
Questão de olhar
Há também homens que, conforme a barriga da companheira cresce, passam a enxergá-la como mãe, e não mais como amante. “Mãe não é uma pessoa sexuada na nossa sociedade”, aponta Théo Lerner. Nessas situações, pode não ser a libido que diminui, e sim o desejo sexual pela própria esposa. E aí, como lidar com isso? “Minha dica é se esforçar para manter o romantismo na relação. Olhar, tocar, elogiar o outro, para fortalecer o vínculo”, indica o terapeuta sexual.Mas não é só o homem que precisa vigiar sua atitude em relação à gestação. “É importante, também, que a própria mulher se enxergue como um ser sexual”, continua Théo. Afinal, o corpo da gestante muda drasticamente, e é comum que ela sinta-se pouco atraente. No entanto, segundo Carla Cecarello, muitos homens se excitam com o novo corpo da companheira. E dar uma passadinha no sex-shop para apimentar a relação, se necessário, será que vale? “Qualquer incentivo é válido”, diz a sexologa. Isso inclui ir atrás de uma lingerie ou camisola mais bacana, ou mesmo de apetrechos como óleos de massagem e vibradores. “Se o período for de desconforto para a penetração, o casal pode se focar em outras práticas, como o sexo oral, por exemplo”, indica.
 
Após o nascimento
O segredo é não ter medo de conversar e nem de procurar alternativas ao que o casal está acostumado a fazer na cama. A chegada de um bebê traz muitas mudanças à dinâmica dos pais, e pode demorar até que as coisas voltem a ser como eram antes do pequeno. “Em alguns casos, a mulher leva até um ano e meio para se estabilizar e voltar a lidar com o sexo como antes, já que, além de cuidar do bebê, há a volta ao trabalho e toda uma reestruturação na vida da nova mãe”, diz Carla. E se o bebê nasceu e a vida sexual está demorando para voltar ao normal? “Pode ser interessante buscar acompanhamento profissional”, diz Théo Lerner. Talvez o casal esteja apenas precisando apenas um pouquinho a sintonia, e conversar com um terapeuta capacitado, além de manter o canal de diálogo fluído dentro de casa, pode ser uma maneira saudável de restabeler a ordem na cama. “É importante, acima de tudo, que um esteja completamente aberto ao outro”, finaliza Carla.