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Planos de saúde são obrigados a cobrir exames que detectam zika

Os testes devem ser assegurados a gestantes, bebês filhos de mulheres diagnosticadas com a infecção na gravidez e recém-nascidos com malformações ligadas ao vírus.

Por Luiza Monteiro
Atualizado em 26 out 2016, 11h38 - Publicado em 6 jul 2016, 17h30

A partir desta quarta-feira (6), os planos de saúde serão obrigados a cobrir três exames de diagnóstico para o zika. São eles: o PCR (Polymerase Chain Reaction), indicado para detectar o vírus nos primeiros cinco dias após o surgimento dos sintomas; o teste sorológico IgM, que identifica anticorpos na corrente sanguínea; e o IgG, que verifica se a pessoa já teve contato com esse agente infeccioso alguma vez na vida.

A cobertura desses procedimentos deve ser assegurada às grávidas, aos bebês cujas mães foram diagnosticadas com o vírus na gestação e aos recém-nascidos com malformação congênita sugestiva de infecção pelo micro-organismo transmitido pelo Aedes aegypti. Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), esses são considerados os grupos prioritários para a identificação do zika devido à sua associação com o risco de microcefalia nas crianças.

“A incorporação de exames diagnósticos para zika foi amplamente discutida por técnicos e especialistas visando a melhoria do atendimento a gestantes e recém-nascidos no Brasil”, afirma Karla Santa Cruz Coelho, diretora de Normas e Habilitação de Produtos (Dipro) da ANS. A decisão de incluir esses testes no rol de cobertura dos planos de saúde foi publicada no Diário Oficial da União no dia 6 de junho de 2016, estabelecendo um prazo de 30 dias para as operadoras se adequarem às novas regras.

Outras novidades sobre microcefalia

Novo vírus na jogada

No último dia 20 de junho, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro e do Instituto de Pesquisa Professor Joaquim Amorim Neto, da Paraíba, informaram o Ministério da Saúde sobre as descobertas de um novo estudo. Eles encontraram partículas do vírus da diarreia viral bovina (VDVB) em amostras de tecido cerebral de fetos e recém-nascidos com microcefalia.

Sabe-se que esse micro-organismo de circulação mundial afeta principalmente os bovinos, causando não só diarreia, mas também males respiratórios, malformações, além de problemas reprodutivos e fetais nos animais. Em nota conjunta, o Ministério da Saúde e as instituições que realizaram o levantamento ponderam que a presença de partículas ou fragmentos do VDVB nas amostras coletadas não denota a existência de vírus ativo, nem que esse agente infeccioso seja responsável pelas malformações nas crianças. “Há necessidade de novas pesquisas para esclarecer o significado desses achados”, afirma o comunicado. 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já foi notificada sobre essa possível relação e também investiga o caso.

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Protocolo pode ser alterado

Um estudo liderado por cientistas da Universidade Federal de Pelotas, no Rio Grande do Sul, identificou que um em cada cinco bebês – ou seja, 20% – que nascem com danos relacionados ao zika apresentam circunferência da cabeça considerada normal.

Para chegar a essa conclusão, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, os pesquisadores avaliaram 1501 casos considerados suspeitos de microcefalia. Os recém-nascidos foram divididos em quatro categorias, de acordo com o grau de probabilidade de eles terem, de fato, a malformação cerebral. Foram analisados ainda fatores como sexo, idade gestacional, histórico das mães e exames de imagem – nos quais foi possível notar que mesmo crianças sem sinais de microcefalia demonstraram anormalidades neurológicas.

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Publicados no dia 29 de junho no periódico The Lancet, os resultados da pesquisa indicam que a triagem dos casos suspeitos deveria ir além do diagnóstico de microcefalia – o que é defendido pelos autores da investigação, para que todas as crianças nascidas com alterações cerebrais causadas pelo zika sejam identificadas. Atualmente, são investigados apenas meninas com crânios iguais ou menores que 31,5 centímetros e meninos com perímetro cefálico (PC) igual ou inferior a 31,9 centímetros, conforme os parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde e pela OMS.

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