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Hora de voltar ao trabalho após o nascimento do bebê

A licença-maternidade acabou e você precisa retomar sua carreira. Montamos esse guia, com orientações de especialistas, para você se sentir segura e sem culpa.

Por Manuela Macagnan (colaboradora)
Atualizado em 20 jul 2017, 20h53 - Publicado em 21 Maio 2015, 11h56

 

Com quem deixar o bebê?

1. Se os pais optaram por deixar a criança no berçário, no que é importante prestar atenção?
Ely Harasawa, psicóloga da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, de São Paulo, explica que há uma série de condições que devem ser verificadas. “Em relação às instalações, é importante checar se o espaço é seguro e se não existem armadilhas que podem machucar a criança, como escadas e desníveis. Além disso, o lugar precisa ser arejado e limpo.

Mesmo para os mais pequeninos, a estimulação é fundamental para o desenvolvimento. Para isso, escolha um estabelecimento que proporcione brincadeiras que mexam com os sentidos, utilizando brinquedos, música, decoração e contato humano. Também é muito importante saber se o berçário oferece uma quantidade de profissionais suficiente para atender às crianças. No caso de bebês, a proporção ideal é de um adulto para cada três bebês de até 6 meses de idade. Na medida em que eles vão crescendo, um adulto consegue tomar conta de um número maior de crianças.

Por fim, a mãe deve se sentir bem e confiante em relação ao estabelecimento. De nada adianta que ele atenda a todos os requisitos se o ambiente não inspira confiança porque esse desconforto da mãe acabará sendo transmitido ao bebê. Fernanda Albuquerque e Silva, assessora de imprensa e mãe da Giulia, 1 ano e meio, conta que optou por um berçário perto do trabalho, mesmo sendo longe de casa: “Preferi uma escola que estivesse perto do meu serviço. Caso aconteça alguma coisa, é mais rápido chegar lá. Escolhi um lugar que atende a poucos bebês, mas vai poder atendê-la até o Ensino Fundamental, com 5 ou 6 anos. Gosto que seja assim para não precisar mudar de escolinha a toda hora”, conta.
 
2. Como preparar a criança para a despedida?
Adapte a criança aos poucos, explique que vai sair, mas volta. Deixe claro que você precisa trabalhar e que retornará mais tarde. “É importante que a criança tenha na cabeça que a mãe vai e volta, que é normal. Assim ela ficará tranquila”, explica a psicoterapeuta Laila Pincelli, do Vida Psicologia, de São Paulo.
 
3. O que a mãe deve fazer se a criança ficar chorando quando ela sai?
“A criança tem reações assim quando está insegura com a saída da mãe. É normal, mas a mãe deve conversar com calma, explicar que está saindo e que irá voltar”, ensina Laila Pincelli, psicoterapeuta. É sempre muito difícil, especialmente para a mãe, se separar de seu filho depois do convívio intenso dos primeiros meses. “O choro da criança é a sua forma mais comum de expressar desconforto. Mas sabemos que também existem muitos outros significados que precisam ser compreendidos tanto pela mãe como pelo cuidador”, completa a psicóloga Ely Harasawa.
 
4. O bebê pode ter problemas para comer ou dormir nos primeiros dias longe da mãe?
“Todo mundo que passa por uma mudança em sua rotina precisa de um tempo para se adaptar à nova situação. Isso acontece com as pessoas em qualquer fase da vida e com os bebês não é diferente. O pequeno pode não ter a capacidade racional de compreensão do que está acontecendo, mas sente a mudança e pode expressar esse estranhamento nas atividades de sua rotina, inclusive apresentando problemas para dormir ou comer”, explica Ely Harasawa, psicóloga da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, de São Paulo. A psicoterapeuta Laila Pincelli salienta que isso não é o comum, mas acontece em alguns casos. “Esse tipo de reação se dá quando o vínculo ainda está forte demais. Se a mãe nunca deixou a criança com ninguém antes, lógico que ela vai sofrer, vai estranhar. É importante separar aos poucos para que ela entenda que a mãe sai e volta.” É preciso dar um tempo para que todos se adaptem à mudança. “Se os problemas persistirem e começarem a prejudicar a saúde do bebê, é hora de pedir ajuda a um especialista”, alerta Ely.
 
5. Existe uma maneira certa de se despedir da criança?
“A mãe não deve sair escondida, de fininho. Deve sempre deixar claro para a criança que vai trabalhar. Também é importante a mãe não estar chorosa porque isso transmite coisas ruins ao pequeno. Ela deve ter uma postura segura, clara e objetiva, dizer, por exemplo: “A mamãe vai sair e você vai ficar bem, quando eu voltar vamos brincar”. Isso gera a relação de confiança”, conta a psicoterapeuta Laila Pincelli, do Vida Psicologia, de São Paulo. Essa mensagem deve ser passada ao bebê com segurança e tranquilidade, pois assim ele ficará sossegado. “Uma coisa é certa: sair escondido só deixa a criança insegura e mais desconfiada. É melhor adotar sempre o mesmo comportamento para que o bebê se acostume e se sinta seguro”, completa a psicóloga Ely Harasawa.
 
6. É errado dar presentes para compensar a ausência?

“Dar presentes não é a melhor saída e não deve, de maneira nenhuma, virar um hábito. Caso contrário, a criança aprende que, toda a vez que algo não sair como espera, ela merece ser recompensada. Lógico que dar um presente uma vez não é uma coisa terrível, mas não deve ser uma compensação porque a mãe está se sentindo culpada”, explica a psicoterapeuta Laila Pincelli, de São Paulo. E lembre: “Uma sessão de risadas e cócegas mais prolongada pode ser muito mais gratificante para todos”, finaliza Ely Harasawa, psicóloga, de São Paulo.
 
7. Muitas mães sentem como se estivessem abandonando o filho. Como lidar com a culpa?
“A culpa é quase inevitável porque a mãe se sente responsável e sabe quando é necessária para o bebê. O que ela pode fazer, no entanto, é controlar e minimizar esse sentimento. O bebê pode ficar angustiado com a despedida, mas aos poucos ele entende que a mãe vai, mas volta. Saber que a criança consegue se adaptar sem ser prejudicado ajuda a mãe a ficar tranquila e menos culpada”, explica Eliana de Felice, doutora em psicologia e professora da Universidade Mackenzie, de São Paulo.

“Não consegui voltar a trabalhar exatamente por causa da culpa. Quero acompanhar meu filho ao máximo agora. Sei que um dia vou ter que retomar minha carreira, mas vou esperar um pouco. Sinto que não estou preparada”, conta Ligia Castro, relações-públicas e mãe de Davi, 9 meses. Fernanda Albuquerque e Silva, assessora de imprensa e mãe de Giulia, 1 ano e meio, explica que ainda não sabe se agiu certo. “Até hoje, me questiono se fiz a escolha certa. Como meu salário é pequeno e ainda tenho que bancar a escolinha dela, que é quase metade do que ganho, eu e meu marido vivemos pensando se compensa transferir a responsabilidade de educá-la para outras pessoas por tão pouco retorno financeiro. Acho que não posso pensar apenas no dinheiro, e sim como trabalhar me faz bem – me sinto útil, ocupada – e para ela também, se socializando, ficando independente”, acredita Fernanda.

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Apesar de a culpa ser um sentimento comum nesse período de adaptação, felizmente não atinge todas as mulheres. Para Letícia Pedercini Issa, empresária, blogueira e mãe do Marcelo e do Gabriel, voltar ao trabalho foi mais fácil: “Não me senti culpada. Foi um processo natural, normal, tranquilo. Sempre que tinha um tempo, corria em casa para ver os meus filhos”.

Leite: continue amamentando

8. Como tirar e armazenar o leite?
De acordo com o Ministério da Saúde, mais de 34% das mães brasileiras que voltam ao trabalho deixam de amamentar. Você pode continuar amamentando mesmo trabalhando fora. “Tire o leite com a bombinha e guarde na geladeira por até 24 horas. Lembre-se de que a mamadeira deve estar bem limpa”, orienta Luiz Fernando Leite, obstetra do Hospital e Maternidade Santa Joana, de São Paulo.
 
9. Quantas vezes por dia a mulher deve tirar o leite?
O ginecologista e obstetra Luiz Fernando Leite explica que “a quantidade de leite varia de uma mulher para outra. O importante é não ter um intervalo maior do que quatro horas entre as ordenhas”.
 
11. O que fazer para proteger os seios e não vazar leite no trabalho?
Voltar à rotina quando ainda está amamentando exige alguns cuidados. As conchas de proteção para os seios são necessárias para evitar que vaze leite, manche a blusa e faça você passar por aquele aperto bem na hora da reunião. “Quando voltei a trabalhar, corria para casa para amamentar e tinha sempre à mão a bomba para tirar leite. Usava as conchas de proteção e várias vezes, quando atrasava para amamentar, até esse acessório acabava vazando. Passava o maior aperto, vivia fedendo a azedo”, conta, divertindo-se, Letícia Pedercini Issa, empresária, blogueira e mãe do Marcelo e do Gabriel. “Para não ficar vazando enquanto eu estava fora de casa, tirava o máximo de leite que conseguia com a bombinha e deixava para o bebê mamar durante o dia. Às vezes, ainda ficava vazando um pouco, mas eu usava absorvente nos seios para evitar constrangimentos na rua”, conta Fernanda Albuquerque e Silva, assessora de imprensa e mãe da Giulia, 1 ano e meio.

Mãe: você e seu corpo

12. Converse com outras mães que já passaram por isso
“Trocar experiências com outras mulheres que viveram isso é muito bom, principalmente porque acalma. Também é importante deixar o seu filho com alguém de confiança, seja a avó, a babá ou no berçário. Converse com as outras mães da escolinha, troque ideias e isso ajudará a fazer dessa nova etapa uma experiência confortável, segura e tranquila”, orienta a psicóloga Eliana de Felice.
 
13. Divida as tarefas
Eliana de Felice, doutora em psicologia e professora da Universidade Mackenzie, de São Paulo, explica que “compartilhar as tarefas com o companheiro é muito importante para que a mulher não fique sobrecarregada ou com o nível de estresse elevado. Também é bom para o marido porque ele se sente útil e incluído na família. Por fim, para o bebê também é ótimo dividir afetos. É importante que o pai – e não só a mãe – consiga deixar a criança tranquila”.
 
14. Leve uma foto do bebê para o trabalho
Seja na carteira ou no computador, ter fotos do seu filho ajuda a diminuir a saudade enquanto está no trabalho. “Essa estratégia é ótima quando tranquiliza a mãe. Também vale ligar para casa para conversar um pouquinho com o bebê, deixar que ele escute a voz da mãe”, sugere a psicóloga Eliana de Felice. Mas tudo tem um limite, pois você não pode passar o dia todo pendurada ao telefone para saber da criança. “Voltar ao trabalho é como um segundo corte de cordão umbilical. O primeiro foi físico e esse é um corte psicológico. Se a mãe está se sentindo excessivamente culpada, se ela fica o dia inteiro preocupada e não consegue se concentrar nas tarefas profissionais, é porque não está conseguindo fazer essa transição”, finaliza Eliana.
 
15. Dieta pós-parto

Qual mulher não quer se livrar dos quilos que adquiriu durante a gravidez? Pois saiba que amamentar ajuda a emagrecer. Além disso, para voltar ao trabalho com muito gás e de bem com o corpo, você pode seguir uma dieta.

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