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Cuidados na segunda gravidez

Você pode achar que já sabe tudo, mas, para ter o segundo filho, são necessários alguns cuidados específicos.

Por Mari Sivelli (colaboradora)
Atualizado em 26 out 2016, 11h46 - Publicado em 9 Maio 2015, 21h48

Ter um segundo filho envolve muitas questões emocionais, financeiras e, principalmente, físicas. Portanto, mesmo que o casal ainda não tenha decidido se aumentará a família no futuro, a mulher deve começar a preparar o corpo para uma possível segunda gestação logo depois do parto.

Manter o peso ideal depois da primeira gestação e deixar controladas as doenças prévias, como diabetes ou hipertensão, é fundamental para engravidar novamente sem problemas. “Estar com a saúde estabilizada é a chave do sucesso para uma gravidez tranquila”, afirma Sérgio Floriano de Toledo, professor mestre de Obstetrícia da Faculdade de Santos e diretor da Sociedade de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de São Paulo.

Depois de ter gestado um bebê por nove meses, o organismo da mulher sofre algumas alterações que podem interferir na próxima gestação. Ela geralmente fica com as mamas e a musculatura abdominal mais flácidas (é por isso que a barriga da segunda gestação aparece mais rápido), tem maior acúmulo de gordura na região da bacia e pode sofrer com as varizes nas pernas.

Além disso, os tecidos do períneo (em caso de parto normal da primeira gestação) e a parede abdominal (no caso de cesárea) precisam de um tempo para se recuperar do parto, segundo o ginecologista e obstetra Carlos Dale, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. A mulher deve respeitar o puerpério, período de repouso após o parto, para que esses tecidos completem a cicatrização de maneira adequada. Isso deixará seu corpo mais preparado para a próxima gestação e poderá influenciar no tipo de parto que terá.

Sem surpresas

O intervalo entre uma gestação e outra deve ser levado em consideração, e ele deve ser de pelo menos um ano. “Quando esse tempo é curto demais, o organismo materno pode não estar pronto, do ponto de vista anatômico, hormonal e emocional, para gerar uma nova vida, podendo causar até aborto”, alerta o Sérgio Toledo.

Mesmo que, na segunda vez, a mulher não sofra tanto com as alterações emocionais e a ansiedade, é preciso preparar bem o corpo. Assim como foi feito na primeira gravidez, isso evitará surpresas e problemas ao longo dos nove meses. Fora os exames básicos de rotina, existem alguns cuidados que as mulheres precisam tomar exatamente por se tratar da segunda gestação. A seguir, mostramos o checklist completo de tudo o que deve ser feito cerca de três meses antes de engravidar:

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Exame ginecológico

O Papanicolau (coleta de células) e a colposcopia (que vê o colo do útero através de um aparelho) devem ser feitos para verificar se a mulher já está preparada para uma nova gestação e também para prevenir o câncer ginecológico. Esses exames devem ser feitos anualmente por todas as mulheres.

Ultrassom mamário e mamografia

Nas mulheres com menos de 35 anos, o ultrassom nas mamas identifica possíveis nódulos e alterações no tecido mamário. O exame é indicado para as jovens, pois o tecido dos seios é mais denso. Nas mais velhas, a mamografia cumpre essa função. O exame usa a radiação e a compressão moderada dos seios para analisar o tecido, que terá mais gordura com o passar dos anos.

Hemograma

Fazer um exame de sangue completo é essencial para a mulher que quer engravidar, principalmente para identificar a anemia. Os níveis de ferro no sangue da futura mãe devem estar normalizados, já que no início da gestação a produção de sangue da mulher aumenta de 20% a 40%.

Sorologia

O exame de sangue também deve analisar as sorologias de praxe, como toxoplasmose, hepatites, Aids, sífilis e rubéola. Caso a sorologia dê negativa (ou seja, a mulher não tem anticorpos contra essas doenças), deve-se procurar um posto de vacinação, atualizar as vacinas e realizar novamente o exame.

Tipagem sanguínea

Analisar a tipagem sanguínea da mãe depois da primeira gestação é muito importante para descobrir se a mulher produziu o fator Rh. É ele que causa a eritroblastose fetal, quando o corpo da mãe destrói as hemoglobinas do bebê e pode levar à morte. Se na primeira gestação a mulher gerou um feto com Rh diferente do dela, deverá tomar, logo após dar à luz, uma injeção de gamaglobulina, que acaba com os anticorpos produzidos contra o fator Rh do feto.

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Urocultura

A coleta da urina deve ser feita para eliminar a possibilidade de a mulher ter alguma infecção urinária antes da gestação. A urocultura analisa também qual o antibiótico indicado para o tratamento, se necessário.

Ácido fólico antes e durante

Mesmo com todas as indicações para o consumo do ácido fólico antes e durante a gestação, uma pesquisa realizada pelo professor de obstetrícia e especialista em medicina fetal Eduardo Borges da Fonseca mostrou que apenas 13,8% das mulheres tomaram a vitamina antes de engravidar. Deve-se ingerir ácido fólico de 30 dias antes da fecundação até o fim da 12ª semana de gestação. Essa medida simples previne a malformação do tubo neural do feto, evitando a anencefalia e a espinha bífida (quando os nervos da medula espinhal ficam expostos). Hoje, um a cada mil bebês nasce com um desses problemas no Brasil. O uso do ácido fólico diminui os riscos em até 75%.

Preparo mental

Ter o segundo filho exige muito do corpo da mulher, mas as mudanças emocionais serão mais suaves do que na primeira gravidez. O medo do parto é menor, você sabe que o enjoo vai passar e que ver o barrigão crescer é indescritível. Mas, assim como a primeira gravidez é cheia de novidades, a segunda também trará situações inéditas para você.

Amor de mãe

Aquela história de que sempre cabe mais um é verdade. Você não amará menos o seu segundo filho. A relação de vocês pode ser diferente da que você tem com o primeiro, mas isso não significa menos amor ou uma situação ruim.

Ciúme

O primeiro filho terá de se adaptar a um bebê, que exige cuidados e atenção. A família pode enfrentar um período difícil enquanto o primogênito descobre o irmão. Mas, com algumas técnicas simples, tudo entrará nos eixos: permita que o irmão mais velho participe da escolha do nome e deixe-o brincar com outros bebês.

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Tempo

Do mesmo jeito que você se organizou com a chegada do primeiro filho, conseguirá se adaptar ao segundo. Lembre que agora você já não é mais inexperiente, e saberá lidar melhor com as situações.

 

Sugestão de livro: A Segunda Gravidez, Wladimir Taborda, Mariano Tamura e Alice D. Deutsch (CMs)

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