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Aula 4 – A gravidez de gêmeos

O ginecologista e obstetra Carlos Eduardo Czeresnia, do Hospital Israelita Albert Einstein, fala sobre a sobrecarga que a mãe em dose dupla enfrenta ao longo da gestação.

Por Redação Bebê.com.br
Atualizado em 26 out 2016, 11h45 - Publicado em 26 jun 2015, 15h59

A presença de dois bebês no útero da mulher sempre representa uma sobrecarga importante — alimentar, circulatória, osteoarticular… É, de fato, um peso a mais. Portanto, há uma dose de desconforto a mais. Sem contar que a ansiedade, diante da perspectiva de cuidar de dois bebês ao mesmo tempo, tende a duplicar também.

A questão que precisa ficar clara é até que ponto a gestação de gêmeos pode ser classificada como uma gravidez de risco — enfim, o que seria risco nesse caso? É preciso, antes de mais nada, ressaltar que a evolução nas técnicas de reprodução assistida, observada nos últimos anos, faz com que hoje de 2 a 3% das gestações sejam de gêmeos. E, como se tornaram mais comuns, a medicina adquiriu um conhecimento muito maior sobre elas. Agora, os médicos conseguem acompanhá-las de maneira ainda mais adequada, com abordagens cada vez mais seguras, diminuindo bastante a probabilidade de complicações. Mas, claro, sempre restam alguns riscos. E isso por causa da tal sobrecarga.

A sobrecarga é uma espécie de empurrão para a mulher desenvolver problemas se por acaso já tinha propensão para tê-los. Assim, a grávida com tendência a diabete muito provavelmente apresentará essa doença se estiver esperando gêmeos. A mulher com tendência a hipertensão poderá ficar com a pressão nas alturas. Assim como aquela que já tinha dificuldades respiratórias ou problemas de coluna talvez sofra de crises intensas durante a gestação.

Por essas e por outras, claro, o pré-natal na gravidez gemelar precisa ser muito mais cuidadoso. As visitas ao médico, por exemplo, devem ser mais assíduas para acompanhar os bebês e ver, entre outras coisas, se um não está se desenvolvendo muito mais do que o outro. Aliás, muitas vezes o exame clínico não é suficiente. É comum o médico pedir mais ultrassonografias para ter certeza sobre como está o crescimento de um e de outro, o líquido de um e de outro, a placenta…

Além de fazer o pré-natal corretamente, a grávida deve prestar muita atenção na alimentação. Durante a gravidez, o trânsito intestinal já tende a se tornar mais lento. E, para complicar ainda mais as coisas, no caso da gestante que espera gêmeos, há uma necessidade maior de calorias e proteínas. Ela então precisa comer de uma forma mais correta do que nunca — em intervalos bem curtos e ingerindo pequenos volumes de alimentos de fácil digestão. Isso porque, à medida que crescem, os bebês ocupam o espaço do abdômen, diminuindo a capacidade do estômago e tornando o trânsito da comida pelo tubo digestivo ainda mais vagaroso. Se a grávida arriscar comer uma porção maior numa situação dessas, ela sentirá um enorme mal-estar — e, provavelmente, não estará nutrindo direito seus bebês.

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O repouso precisa ser respeitado rigorosamente. Ele diminui a tensão, reduz o tônus do períneo e as contrações uterinas — o que faz com que os bebês se desenvolvam mais, favorecendo o aumento do tempo de gestação.

A atividade física é igualmente fundamental. Como a sobrecarga — circulatória, óssea, articular e até respiratória — é muito grande, torna-se necessário que a mulher se prepare adequadamente. É claro que precisa ser um exercício orientado, adequado ao seu estado — ela não pode sair correndo, mas pode praticar hidroginástica, ioga, alongamento… Há uma série de opções fantásticas para a grávida.

Assista à aula completa:

 

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A duração da gravidez

Estatisticamente as mulheres que esperam gêmeos tendem a dar à luz umas duas semanas antes das 40 habituais de uma gestação porque a distensão do útero é muito grande. Agora, é importante que você saiba: não significa que toda gravidez de gêmeos tenha que terminar antes das 40 semanas! Muitas mulheres pensam que precisam antecipar o parto. Não é verdade. A gestação gemelar, em princípio, dura as mesmas 40 semanas, como a gestação única — o que não pode acontecer é ultrapassar esse tempo.

Não existe nenhuma restrição em relação ao parto normal. A única condição é que os dois estejam de cabecinha para baixo. E, diga-se, costuma ser um parto até bem tranquilo, porque gêmeos costumam ser bebês menores do que as crianças nascidas de gestações únicas.

Seja como for, o pós-parto costuma ser um pouco mais delicado. Ora, o útero se distendeu muito mais do que o da mulher que passou por uma gravidez simples — portanto, ele demora um pouco mais para voltar ao estado normal. O sangramento costuma ser, inclusive, mais intenso. E detalhe: essa mulher já chegou mais cansada e, provavelmente, ligeiramente anêmica à sala de parto. Tudo isso faz com que mereça mais cuidados na maternidade. Sem contar a ansiedade. Por exemplo: a dificuldade para amamentar dois bebês, no início, pesa bastante. Por isso, é relativamente comum encontrar a mãe de gêmeos, no pós-parto, ligeiramente abatida ou deprimida. Ela merece, sim, carinho e uma atenção especial.

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