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Ouviram do Ipiranga: conheça os próceres que nomeiam as ruas do bairro

Mesmo que a fama tenha começado após o processo independentista, no século 19, a história desse pedaço da zona sul paulistana é bem mais antiga

Por João Antonio Streb
7 set 2024, 07h00
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A memória da Independência do Brasil vive nos nomes das ruas do bairro, que homenageiam figuras como Maria Quitéria (Governo do Estado de São Paulo/Flickr/Divulgação)
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Os primeiros registros portugueses do bairro paulistano do Ipiranga datam de 1510, mas foi a partir do dia 7 de setembro de 1822 que o local ganhou destaque. Foi lá, às margens das “águas vermelhas” de barro do riacho do Ipiranga, que Dom Pedro I deu o famoso grito da Independência do Brasil, que era visto como colônia de Portugal até então.

Como era de esperar, a região tenta preservar o máximo de detalhes desse momento histórico. E não é só no Museu Paulista, também conhecido como Museu do Ipiranga: a memória da Independência também vive nos nomes das ruas do bairro, seja numa homenagem a alguma figura importante para o movimento ou através de uma data significativa para o país.

Separamos uma lista de ruas que homenageiam grandes figuras da independência do Brasil e um pouco da história de cada um.

Rua Cônego Januário

Apesar de ser a única figura da lista com algum título religioso oficial, Januário da Cunha Barbosa também foi historiador, jornalista, poeta, filósofo, biógrafo e político. Nascido em 1780, o carioca era uma figura meio rebelde, teve desavenças com José Bonifácio Andrada, um monarquista, e chegou a publicar anonimamente os ideais da revolução francesa através de um jornal.

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Vale lembrar que qualquer publicação era monitorada pela coroa portuguesa em meados de 1821, quando os decretos de censura prévia foram abolidos, o que levou ao surgimento da imprensa livre.

Rua Adriano Taunay

O nome verdadeiro do francês era Aimé-Adrien Taunay, mas que foi adaptado para o português com o passar do tempo. Nascido em 1803, emigrou junto da família para o Brasil aos 13 anos. Pelo talento com o desenho e pintura, começou a trabalhar com ilustrações aos 15. Adriano era muito querido por D. Pedro I, tanto que foi contratado para realizar exploratórias pelo Brasil. Infelizmente, acabou falecendo numa dessas viagens, quando tinha apenas 25 anos.

Rua Dona Leopoldina

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A mais culta e politicamente preparada da coroa portuguesa foi ofuscada pela inaptidão do marido. Maria Leopoldina da Áustria articulou muito pela independência do Brasil, já que acreditava no potencial do país, e também ficava como governante regente enquanto o marido, D. Pedro I, precisava viajar. A imperatriz Leopoldina também era cientista e participou do desenvolvimento da Flora Brasiliensis, uma grande enciclopédia das plantas do país,

Rua Paulo Barbosa

Figura influente na fundação da cidade de Petrópolis (RJ), Paulo Barbosa da Silva nasceu em 1790 em Sabará, no Estado de Minas Gerais. Formado em engenharia, poliglota e era uma das pessoas de confiança de Dom Pedro I, além de ter dedicado boa parte da vida a acompanhar e orientar Dom Pedro II. Inclusive, Barbosa foi um dos mobilizadores da alçada de Pedrinho ao poder ainda jovem.

Rua Costa Aguiar

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José Ricardo da Costa Aguiar nasceu no Brasil, em 1787 na cidade de Santos, mas estudou Direito na Universidade de Coimbra. Costa Aguiar fez uma carreira longa no legislativo brasileiro, chegando até a ser ministro do Supremo Tribunal de Justiça. A trajetória política dele foi bela até certo ponto, já que mesmo sem concordar com o tio monarquista, José Bonifácio, preferiu se exilar na Inglaterra e começar a estudar civilizações antigas.

Rua Silva Bueno

Outro santista da lista, Antonio Manuel da Silva Bueno nasceu em 1790, trabalhou ensinando francês e latim, mas foi na política que ganhou notoriedade. Da mesma forma que o colega deputado Costa Aguiar, ele discordava dos monarquistas e também fugiu para a Inglaterra, mas não deixou de se mobilizar. Após sofrerem ameaças, Silva Bueno e outros 4 deputados assinaram um manifesto contrário à constituição portuguesa, uma manobra política da coroa portuguesa, que acabou saindo pela culatra e desencadeou o movimento de emancipação do Brasil.

Rua Agostinho Gomes

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Mesmo tendo abandonado os estudos eclesiásticos, Francisco Agostinho Gomes permaneceu sendo chamado de Padre. O baiano nasceu em 1769 e herdou toda fortuna da família aos 24 anos, após o falecimento do pai, que era um comerciante português. Extremamente culto, Agostinho Gomes formou uma das bibliotecas mais completas do país, mas o que lhe rendeu a homenagem foi a participação, junto de Silva Bueno, do manifesto contra a coroa portuguesa.

Rua Cipriano Barata

Outro rebelde baiano, Cipriano José Barata de Almeida foi político, médico, filósofo e jornalista. Nasceu em 1762, começou a escrever o nome na história ainda em 1789, por ter participado ativamente da Conjuração Baiana. Também fez parte dos deputados fugidos que assinaram o manifesto.

Rua Lino Coutinho

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Mais uma presença da Bahia na lista dos homenageados, José Lino dos Santos Coutinho nasceu em 1784. Atuou em áreas bem diversas, da música até medicina, chegou até a ser diretor da Faculdade de Medicina da Bahia. Um excelente orador e educador, Lino Coutinho também fez parte dos deputados do manifesto.

Rua Maria Quitéria

A única mulher civil na lista de homenageados com as ruas, a baiana Maria Quitéria de Jesus nasceu em 1792. Maria Quitéria também foi a primeira mulher no exército brasileiro, após fugir da casa do pai e se juntar aos militares utilizando a identificação do cunhado, como Soldado Medeiros. O primeiro confronto que ela se envolveu foi durante o movimento de independência da Bahia, onde atuou junto dos militares brasileiros contra a coroa portuguesa. Dali em diante, Maria Quitéria recebeu diversas honrarias e segue sendo lembrada pela bravura até hoje.

Quem mais é homenageado no bairro?

O bairro do Ipiranga também conta com outras ruas que fazem alusão à cultura, fauna e história do Brasil. No reino animal e vegetal, aparecem as ruas Umburetama, Albatroz, Ariranha e Bamboré. Já com datas marcantes, foram batizadas as ruas 1822, 28 de setembro e 2 de julho.

Entre os elementos importantes para o Brasil, foram feitas a Rua do Fico, Rua Alviverde, Rua do Manifesto e Rua da Imprensa.

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